São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 2008

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Quênia copia plano etíope para Olimpíada

"Pátria dos corredores" impõe longa concentração, como faz nação vizinha

Fundistas enfrentam dilema entre se preparar no país por dois meses ou participar de competições lucrativas na Europa e nos Estados Unidos

ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A NAIRÓBI E ELDORET

O Quênia resolveu adotar estratégia da Etiópia para garantir uma boa colheita de medalhas no atletismo na Olimpíada de Pequim, daqui a dois meses.
"Todos os atletas terão que se preparar nos nossos campos de treinamento [em Nairóbi e Eldoret]. Quem não for selecionado pode voltar ao seu agente", afirmou à Folha Isaiah Kiplagat, presidente da Federação Queniana de Atletismo.
O dirigente é reticente antes de admitir o óbvio: o planejamento foi copiado do que é seguido -com sucesso nos últimos anos- no país vizinho.
"É, lá eles fazem assim. Mas na Etiópia isso é mais fácil. Eles não têm o número de atletas que temos", responde Kiplagat.
De fato, a grandiosidade queniana se dá, além da qualidade, na quantidade. Ao todo, foram pré-convocados 121 atletas, que brigarão por cerca de 40 vagas nos Jogos. As seletivas serão em 4 e 5 de julho.
O país traçou como meta resultado histórico na Olimpíada.
"Esperamos ganhar sete medalhas de ouro, e um mês [de concentração] antes da seletiva e um mês depois é o suficiente para fazer um time vencedor."
Se confirmada, seria a melhor campanha do Quênia na história olímpica. Anteriormente, o melhor resultado do atletismo local foram quatro ouros, nos Jogos de Seul-88.
O maior empecilho para isso, na visão de Kiplagat, são os agentes, interessados em encaixar seus atletas nas provas mais lucrativas do calendário.
Alheio a isso, o dirigente deu um ultimato. "Quem não se apresentar para treinar até quarta [hoje] estará fora dos nossos planos", sentenciou.
Há quem ache o período de dois meses muito curto. "Países como Etiópia, Marrocos e Argélia fazem campos de treinamento por seis meses", diz Ezekiel Kemboi, campeão dos 3.000 m com obstáculos na Olimpíada de Atenas-04.
Outros vêem a medida como desnecessária. "Agora é a época de começar a preparação individual. Os atletas estão acostumados com seus treinadores", reivindica Isaac Songok, vice-campeão africano dos 5.000 m.
Kiplagat exige que os atletas sejam preparados pela comissão técnica da federação, composta por seis treinadores.
O problema é a tentação com as premiações milionárias oferecidos no exterior. Pamela Jelimo, campeã dos 800 m nas etapas de Berlim e Oslo da Liga de Ouro, enfrenta esse dilema.
A queniana concorre a um prêmio de US$ 1 milhão se vencer as próximas quatro etapas do circuito. Só mais quatro atletas ainda lutam por ele.


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