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Quênia copia plano etíope para Olimpíada
"Pátria dos corredores" impõe longa concentração, como faz nação vizinha
Fundistas enfrentam dilema entre se preparar no país por dois meses ou participar de competições lucrativas na Europa e nos Estados Unidos
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL A NAIRÓBI E ELDORET
O Quênia resolveu adotar estratégia da Etiópia para garantir uma boa colheita de medalhas no atletismo na Olimpíada
de Pequim, daqui a dois meses.
"Todos os atletas terão que se
preparar nos nossos campos de
treinamento [em Nairóbi e Eldoret]. Quem não for selecionado pode voltar ao seu agente", afirmou à Folha Isaiah Kiplagat, presidente da Federação Queniana de Atletismo.
O dirigente é reticente antes
de admitir o óbvio: o planejamento foi copiado do que é seguido -com sucesso nos últimos anos- no país vizinho.
"É, lá eles fazem assim. Mas
na Etiópia isso é mais fácil. Eles
não têm o número de atletas
que temos", responde Kiplagat.
De fato, a grandiosidade queniana se dá, além da qualidade,
na quantidade. Ao todo, foram
pré-convocados 121 atletas,
que brigarão por cerca de 40
vagas nos Jogos. As seletivas
serão em 4 e 5 de julho.
O país traçou como meta resultado histórico na Olimpíada.
"Esperamos ganhar sete medalhas de ouro, e um mês [de
concentração] antes da seletiva
e um mês depois é o suficiente
para fazer um time vencedor."
Se confirmada, seria a melhor campanha do Quênia na
história olímpica. Anteriormente, o melhor resultado do
atletismo local foram quatro
ouros, nos Jogos de Seul-88.
O maior empecilho para isso,
na visão de Kiplagat, são os
agentes, interessados em encaixar seus atletas nas provas
mais lucrativas do calendário.
Alheio a isso, o dirigente deu
um ultimato. "Quem não se
apresentar para treinar até
quarta [hoje] estará fora dos
nossos planos", sentenciou.
Há quem ache o período de
dois meses muito curto. "Países como Etiópia, Marrocos e
Argélia fazem campos de treinamento por seis meses", diz
Ezekiel Kemboi, campeão dos
3.000 m com obstáculos na
Olimpíada de Atenas-04.
Outros vêem a medida como
desnecessária. "Agora é a época
de começar a preparação individual. Os atletas estão acostumados com seus treinadores",
reivindica Isaac Songok, vice-campeão africano dos 5.000 m.
Kiplagat exige que os atletas
sejam preparados pela comissão técnica da federação, composta por seis treinadores.
O problema é a tentação com
as premiações milionárias oferecidos no exterior. Pamela Jelimo, campeã dos 800 m nas
etapas de Berlim e Oslo da Liga
de Ouro, enfrenta esse dilema.
A queniana concorre a um
prêmio de US$ 1 milhão se vencer as próximas quatro etapas
do circuito. Só mais quatro
atletas ainda lutam por ele.
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