São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Caixa preta

Silêncio de atletas, médicos e CBF sobre o real estado físico dos jogadores do Brasil alimenta boatos sobre a condição do time

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

O silêncio de médicos e preparadores físicos da seleção brasileira tem gerado especulações sobre a real condição física dos jogadores.
Desde a apresentação do time nacional, em Curitiba, no dia 21 de maio, o médico José Luís Runco e o preparador físico Paulo Paixão não vêm a público para falar sobre o elenco brasileiro. Os dois só falaram no primeiro dia. Depois disso, não foi mais possível nem encontrar informações no site oficial da CBF, que tem uma seção "departamento médico" na qual nada é publicado.
A caixa-preta que virou a concentração brasileira em Johannesburgo tem gerado suspeitas e teorias conspiratórias sobre o time nacional.
A última delas ocorreu ontem. Após o treino fechado à imprensa pelo técnico Dunga, a TV Globo obteve imagem do goleiro Júlio César levando a mão às costas. O fato gerou boatos de que o camisa 1 da seleção ainda não estaria recuperado da lesão que o afastou de treinos e do amistoso contra a Tanzânia. Nesse período, apesar de insistentes pedidos, em nenhum momento os médicos da equipe brasileira explicaram a contusão do goleiro.
Ontem, a CBF só informou que Júlio César havia treinado normalmente de manhã.
E, à tarde, na prática aberta à imprensa, o goleiro mostrou estar totalmente recuperado durante treino técnico.
A falta de informação também foi vista no período da recuperação física de Kaká.
Houve quem colocasse em dúvida a participação da principal estrela brasileira na Copa. Entre as concentrações em Curitiba e na África do Sul, surgiram relatos de que Kaká se queixava de dores e desconforto nos treinos.
Nesse episódio não se ouviu palavra da comissão técnica sobre a verdadeira condição do camisa 10 do time.
Kaká, no amistoso contra a Tanzânia, mostrou que se recupera fisicamente, mas está longe da condição ideal. O estafe do atleta crê que ele atingirá o melhor nível a partir das oitavas de final.
Há um pavor dos integrantes da comissão técnica em desagradar a Dunga, que vive em conflito com a imprensa. O treinador, que disse ter 300 jornalistas torcendo contra a seleção, quer que a comissão fique longe da mídia.
Qualquer manifestação contrária poderia ser considerada traição pelo técnico.
Nos últimos dias, para saber de Júlio César, os jornalistas recorreram aos jogadores.
Anteontem, o goleiro Gomes disse que o colega jogaria na estreia, contra a Coreia do Norte. Ontem, foi a vez de Daniel Alves e Elano passarem "relatório" positivo sobre o camisa 1.


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