|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Espanha luta para conter seus nervos
Natureza volúvel faz Fúria oscilar entre otimismo e medo do fracasso
DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
Predominava só o barulho
do vento nas arquibancadas
do Soccer City no último treino da Espanha antes da final.
Os jogadores cruzavam os
braços enquanto ouviam, em
silêncio, o técnico. Ou treinavam sob as palmas do preparador físico. Bem diferente
dos gritos, reclamações e
brincadeiras em voz alta da
movimentação holandesa,
cerca de uma hora antes.
Esse contraste mostra a
concentração e a tensão espanhola para a decisão.
"Estou tranquilo. Já passou a euforia da classificação
à final. A partir daí, estamos
conscientes. É mais fácil para
o treinador trabalhar a mentalidade do jogador. Tem
muita influência de fora",
afirmou o técnico espanhol,
Vicente del Bosque.
Há uma atenção na Espanha em relação a fatores
emocionais porque esses têm
peso considerável nos resultados do time, como admitem jogadores e treinador.
Ao chegar à África, o time
ibérico sentia-se confiante
pela vitória na Eurocopa-2008. A autoestima espanhola, porém, abala-se facilmente. Foi unânime na equipe a
análise de que a derrota para
a Suíça, na estreia, afetou toda a forma de atuar na Copa.
"Era impensável a derrota
diante da Suíça. Vieram dúvidas diante de Honduras e
Chile. Com sofrimento, conseguimos superar Portugal e
Paraguai", disse o goleiro Casillas durante a semana. Ontem, ele admitiu certo nervosismo na véspera da final.
De fato, apesar de dominar
a maioria dos jogos, os espanhóis não transformaram isso em muitos gols. Seus jogadores finalizaram 103 vezes
na Copa -os que mais concluíram-, mas foram só sete
gols em seis apresentações.
Para a final, a vantagem
espanhola é que o triunfo sobre a Alemanha gerou uma
grande onda de otimismo.
A partir daí, passaram a
ser considerados favoritos
para a decisão, embora minimizem essa condição. Até o
fato de o polvo Paul ter escolhido a Espanha como campeã foi visto como positivo.
Mas há, óbvio, um outro
fator negativo sob o ponto de
vista emocional: a falta de títulos da Espanha em Copas.
Questionado por torcedores em um bate-papo na internet a respeito do porquê
de o time nunca ter vencido a
competição, Del Bosque não
soube explicar. "Não acho
que seja algo racional. É um
mistério", afirmou ele.
(FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)
Texto Anterior: Paulo Vinicius Coelho: Risco espanhol Próximo Texto: Em jornal, Fàbregas pede para jogar Índice
|