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Pan 2003
Luis Francisco Camilo, Flávio Canto e Vânia Ishii, com dois ouro e uma prata, retomam tradição da modalidade
Após susto, judô desencanta com os clãs
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
Três famílias de judocas mostraram ontem o valor da tradição
e conseguiram uma jornada histórica para o Brasil no Pan.
Luis Francisco Camilo Júnior e
Flávio Canto angariaram os dois
primeiros ouros para a modalidade em Santo Domingo -número
superior ao obtido nos dois últimos Pans. A outra medalha, prateada, veio com Vânia Ishii.
O garimpo começou com Chicão, apelido de Luis Francisco. Ele
é irmão de Tiago Camilo, segundo colocado na Olimpíada de
Sydney-2000 entre os leves.
O irmão famoso, porém, não estava nas arquibancadas. Após os
Jogos, Tiago passou por uma sequência de contusões. Voltou a
competir apenas no início do ano,
entre os meio-médios. Mas sofreu
novas lesões, no ombro e no pulso, e ficou fora do Pan.
Mesmo assim, Chicão manteve
o legado da família. Após ficar toda a luta contra o cubano Rubert
Martinez em desvantagem, ele
aplicou um golpe certeiro faltando três segundos para o final. Vibrou como se não acreditasse na
façanha que acabara de lograr e,
claro, lembrou do irmão caçula.
"O Tiago tem uma importância
fundamental na minha carreira.
Nós treinamos e estudamos juntos. Só não dormimos juntos. Sem
ele, o Chicão não seria nada", contou o judoca de 23 anos.
Para explicar a audácia de decidir o combate nos momentos derradeiros, Chicão fez uma analogia. "No futebol, o goleiro não vai
para a área e tenta fazer o gol no
último segundo? Foi o que tentei."
Já Flávio Canto, 33, não precisou de tanta espera. Antes do término do combate, seu rival, Gabriel Arteaga, levou punições por
falta de combatividade e perdeu a
luta. Irmão do ex-judoca Pedro
Canto, Flávio quase não veio ao
Pan. Seis semanas antes do torneio, sofreu uma lesão no ligamento do joelho e ficou mais de
20 dias sem entrar no tatame.
"Nesse período, eu ficava mentalizando as lutas, aprimorando a
parte tática", contou o judoca.
Com o título, ele se igualou a
Luiz Juniti Shinohara como
maior vencedor da história dos
Pans - ambos têm três medalhas, uma de cada cor.
Detalhe: Shinohara é técnico da
delegação brasileira e acompanhou a luta no córner de Flávio.
"Tomara que ele ganhe outras
mais e roube esse recorde", disse
o treinador após o combate.
Dona do único ouro brasileiro
obtido em Winnipeg, Vânia Ishii
chegou à República Dominicana
como favorita. Filha de Chiaki Ishii, primeiro judoca a conquistar
a medalha olímpica (Munique-1972), ela sucumbiu diante de
Driulis Gonzales (CUB). Chorando muito, Vânia lamentou a
oportunidade perdida. Queria
dar a medalha de presente ao pai.
"Eu estava indo bem, mas ela
me surpreendeu. O duro é saber
que perdi para mim mesma."
De quebra, para fechar a rodada, Tânia Ferreira ganhou a medalha de bronze ao bater a canadense Michele Buckingham.
No total, o judô obteve seis medalhas em Santo Domingo. Nas
disputas de hoje, tem a chance de
chegar a mais quatro pódios, com
Edinanci Silva, Carlos Honorato,
Cristina Sebastião e Mário Sabino. De Mar del Plata-95, a modalidade trouxe um ouro, três pratas e
nove bronzes. No último Pan, foram obtidos um ouro, três pratas
e seis bronzes.
(EO, GR E JCA)
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