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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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Pan 2003

Luis Francisco Camilo, Flávio Canto e Vânia Ishii, com dois ouro e uma prata, retomam tradição da modalidade

Após susto, judô desencanta com os clãs

DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

Três famílias de judocas mostraram ontem o valor da tradição e conseguiram uma jornada histórica para o Brasil no Pan.
Luis Francisco Camilo Júnior e Flávio Canto angariaram os dois primeiros ouros para a modalidade em Santo Domingo -número superior ao obtido nos dois últimos Pans. A outra medalha, prateada, veio com Vânia Ishii.
O garimpo começou com Chicão, apelido de Luis Francisco. Ele é irmão de Tiago Camilo, segundo colocado na Olimpíada de Sydney-2000 entre os leves.
O irmão famoso, porém, não estava nas arquibancadas. Após os Jogos, Tiago passou por uma sequência de contusões. Voltou a competir apenas no início do ano, entre os meio-médios. Mas sofreu novas lesões, no ombro e no pulso, e ficou fora do Pan.
Mesmo assim, Chicão manteve o legado da família. Após ficar toda a luta contra o cubano Rubert Martinez em desvantagem, ele aplicou um golpe certeiro faltando três segundos para o final. Vibrou como se não acreditasse na façanha que acabara de lograr e, claro, lembrou do irmão caçula.
"O Tiago tem uma importância fundamental na minha carreira. Nós treinamos e estudamos juntos. Só não dormimos juntos. Sem ele, o Chicão não seria nada", contou o judoca de 23 anos.
Para explicar a audácia de decidir o combate nos momentos derradeiros, Chicão fez uma analogia. "No futebol, o goleiro não vai para a área e tenta fazer o gol no último segundo? Foi o que tentei."
Já Flávio Canto, 33, não precisou de tanta espera. Antes do término do combate, seu rival, Gabriel Arteaga, levou punições por falta de combatividade e perdeu a luta. Irmão do ex-judoca Pedro Canto, Flávio quase não veio ao Pan. Seis semanas antes do torneio, sofreu uma lesão no ligamento do joelho e ficou mais de 20 dias sem entrar no tatame.
"Nesse período, eu ficava mentalizando as lutas, aprimorando a parte tática", contou o judoca.
Com o título, ele se igualou a Luiz Juniti Shinohara como maior vencedor da história dos Pans - ambos têm três medalhas, uma de cada cor.
Detalhe: Shinohara é técnico da delegação brasileira e acompanhou a luta no córner de Flávio.
"Tomara que ele ganhe outras mais e roube esse recorde", disse o treinador após o combate.
Dona do único ouro brasileiro obtido em Winnipeg, Vânia Ishii chegou à República Dominicana como favorita. Filha de Chiaki Ishii, primeiro judoca a conquistar a medalha olímpica (Munique-1972), ela sucumbiu diante de Driulis Gonzales (CUB). Chorando muito, Vânia lamentou a oportunidade perdida. Queria dar a medalha de presente ao pai.
"Eu estava indo bem, mas ela me surpreendeu. O duro é saber que perdi para mim mesma."
De quebra, para fechar a rodada, Tânia Ferreira ganhou a medalha de bronze ao bater a canadense Michele Buckingham.
No total, o judô obteve seis medalhas em Santo Domingo. Nas disputas de hoje, tem a chance de chegar a mais quatro pódios, com Edinanci Silva, Carlos Honorato, Cristina Sebastião e Mário Sabino. De Mar del Plata-95, a modalidade trouxe um ouro, três pratas e nove bronzes. No último Pan, foram obtidos um ouro, três pratas e seis bronzes. (EO, GR E JCA)


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