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Pólio escala 25% do time brasileiro no Parapan do Rio
Seqüelas da doença, erradicada no país em 1989, são maior causa de deficiência de time no evento, que começa amanhã
Segundo levantamento
do comitê paraolímpico, 18% dos brasileiros que
vão competir já nasceram com alguma deficiência
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Erradicada desde 1989, a poliomielite -conhecida como
paralisia infantil- provocou a
deficiência de 24,4% dos brasileiros que disputam o Parapan
do Rio a partir de amanhã.
O levantamento do Comitê
Paraolímpico Brasileiro e compilado pela Folha indica ainda
que 18% dos atletas nasceram
com a deficiência e 12,2% a adquiriram após acidentes de
trânsito. Vítimas de arma de
fogo são 3,8% da delegação.
As diferentes causas para as
deficiências criam especificidades no treino. "Fazemos um
trabalho para otimizar a capacidade funcional respeitando
os limites clínicos de cada um",
diz o fisiologista Antônio Carlos da Silva, membro da Comissão de Avaliação do CPB desde
a Paraolimpíada de Atlanta-96.
Divididos por classe funcional -que determina a capacidade física dos atletas para
competir de igual para igual
com os rivais-, pessoas com
seqüela de poliomielite podem
estar, por exemplo, no mesmo
grupo dos com lesão medular.
Apesar de não haver desvantagens, a preparação não é
mesma. "Uma pessoa com lesão medular [geralmente vítima de acidente de trânsito ou
arma de fogo] não pode competir de bexiga cheia. Isso pode
gerar descarga de adrenalina
que pode ou beneficiá-lo ou até
fazê-lo correr risco. Já foi até
considerado doping", disse.
Segundo o Ministério da
Saúde, o último caso de poliomielite ocorreu em Sousa (PB),
em 1989. De 1975 até hoje, foram registrados 5.515 casos.
A poliomielite é causada por
um vírus que ataca as terminações nervosas dos músculos,
impedindo o movimento.
Para o coordenador do Departamento de Psicologia do
CPB, Diedmar Samulski, não
há diferença psicológica entre
atletas devido à forma como a
deficiência foi adquirida.
"As pessoas que nascem com
a deficiência se adaptam mais
facilmente e praticam mais esportes. Os cegos pedem atenção maior, pois, às vezes, são
mais dependentes de outros."
Muitas das vítimas de poliomielite iniciaram a prática de
esporte para exercitar o músculo prejudicado pela doença.
É o caso de André Brasil, 24, o
mais novo com seqüela da
doença na delegação.
"Comecei a praticar exercícios aos nove anos. Tive muita
dificuldade de me assumir como deficiente. Disputava com
atletas não deficientes até
2004, quando vi a Paraolimpíada de Atenas." Ele tem uma hipotrofia no músculo da perna
esquerda como seqüela.
Segundo Silva, a sobrecarga
de exercícios pode provocar a
Síndrome Pós-Pólio. Após cerca de 30 anos, os sintomas surgidos quando da infecção se repetem. "Isso ainda está em estudo. A causa não é conhecida.
Mas é importante uma pesquisa com os atletas mais antigos
para analisarmos se a sobrecarga pode causar isso", afirmou.
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