São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

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Pólio escala 25% do time brasileiro no Parapan do Rio

Seqüelas da doença, erradicada no país em 1989, são maior causa de deficiência de time no evento, que começa amanhã

Segundo levantamento do comitê paraolímpico, 18% dos brasileiros que vão competir já nasceram com alguma deficiência


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Erradicada desde 1989, a poliomielite -conhecida como paralisia infantil- provocou a deficiência de 24,4% dos brasileiros que disputam o Parapan do Rio a partir de amanhã.
O levantamento do Comitê Paraolímpico Brasileiro e compilado pela Folha indica ainda que 18% dos atletas nasceram com a deficiência e 12,2% a adquiriram após acidentes de trânsito. Vítimas de arma de fogo são 3,8% da delegação.
As diferentes causas para as deficiências criam especificidades no treino. "Fazemos um trabalho para otimizar a capacidade funcional respeitando os limites clínicos de cada um", diz o fisiologista Antônio Carlos da Silva, membro da Comissão de Avaliação do CPB desde a Paraolimpíada de Atlanta-96.
Divididos por classe funcional -que determina a capacidade física dos atletas para competir de igual para igual com os rivais-, pessoas com seqüela de poliomielite podem estar, por exemplo, no mesmo grupo dos com lesão medular.
Apesar de não haver desvantagens, a preparação não é mesma. "Uma pessoa com lesão medular [geralmente vítima de acidente de trânsito ou arma de fogo] não pode competir de bexiga cheia. Isso pode gerar descarga de adrenalina que pode ou beneficiá-lo ou até fazê-lo correr risco. Já foi até considerado doping", disse.
Segundo o Ministério da Saúde, o último caso de poliomielite ocorreu em Sousa (PB), em 1989. De 1975 até hoje, foram registrados 5.515 casos.
A poliomielite é causada por um vírus que ataca as terminações nervosas dos músculos, impedindo o movimento.
Para o coordenador do Departamento de Psicologia do CPB, Diedmar Samulski, não há diferença psicológica entre atletas devido à forma como a deficiência foi adquirida.
"As pessoas que nascem com a deficiência se adaptam mais facilmente e praticam mais esportes. Os cegos pedem atenção maior, pois, às vezes, são mais dependentes de outros."
Muitas das vítimas de poliomielite iniciaram a prática de esporte para exercitar o músculo prejudicado pela doença. É o caso de André Brasil, 24, o mais novo com seqüela da doença na delegação.
"Comecei a praticar exercícios aos nove anos. Tive muita dificuldade de me assumir como deficiente. Disputava com atletas não deficientes até 2004, quando vi a Paraolimpíada de Atenas." Ele tem uma hipotrofia no músculo da perna esquerda como seqüela.
Segundo Silva, a sobrecarga de exercícios pode provocar a Síndrome Pós-Pólio. Após cerca de 30 anos, os sintomas surgidos quando da infecção se repetem. "Isso ainda está em estudo. A causa não é conhecida. Mas é importante uma pesquisa com os atletas mais antigos para analisarmos se a sobrecarga pode causar isso", afirmou.


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