São Paulo, Quarta-feira, 11 de Agosto de 1999
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BOXE
Baiano campeão também se beneficia de direitos de TV, patrocínio e destaque na mídia internacional
Dois minutos triplicam valor de "Popó"

Lalo de Almeida/Folha Imagem
O baiano Acelino "Popó" Freitas, campeão dos superpenas pela OMB, sorri durante entrevista coletiva


EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

A conquista do cinturão dos superpenas (até 59,02 kg) da Organização Mundial de Boxe por Acelino ""Popó" Freitas, que desembarcou ontem no Brasil vindo da França, significa a valorização de suas bolsas em até 200%.
Pela vitória em pouco menos de dois minutos sobre o campeão Anatoly Alexandrov no fim-de-semana, o desafiante Popó recebeu US$ 48,5 mil. Estima-se que o russo tenha ganho o triplo.
Além da bolsa, ""Popó" e sua equipe receberam ontem um bônus de R$ 30 mil da companhia aérea TAM, sua patrocinadora, pela conquista. O dinheiro, assim como suas bolsas, seria encaminhado a seus empresários.
Ele também deve receber porcentagem sobre os direitos da TV, negociados pelos irmãos Acaries, co-promotores do combate.
Segundo a Folha apurou junto à organização da luta, os franceses teriam direito a US$ 33 mil -de um total de US$ 100 mil- pelos direitos de transmissão.
O restante, US$ 66 mil, teria sido dividido entre os brasileiros e o norte-americano Arthur Pelullo, que briga na Justiça para se manter como promotor das futuras apresentações de Popó.
Outros fatores podem fazer o valor do produto Popó aumentar ainda mais. O brasileiro deve passar a constar em dezembro no ranking da ""The Ring", a mais tradicional publicação do gênero, tornando-o mais popular no cenário internacional.
Embora não tenha o poder de sancionar lutas como as organizações que controlam o boxe, a ""The Ring" serve como referência para especialistas e torcedores.
""Soubemos da conquista do título, mas precisamos analisar um teipe da luta para avaliar como ranqueá-lo. Apesar de nossa publicação não reconhecer a OMB, é certo que será incluído em nossa listagem, pois Alexandrov é um bom lutador", disse ontem, por telefone, Joseph Santoliquito, um dos editores da ""The Ring".
Além disso, segundo a assessoria de imprensa da empresa que patrocina o pugilista, seu contrato com o lutador não contém cláusula que prevê exclusividade.
Assim, o baiano estaria livre para negociar outros patrocínios. Com a vitória de sábado, Popó tornou-se o terceiro brasileiro a conquistar título por alguma das mais importantes entidades controladoras do esporte.
Antes dele, só Eder Jofre (1960 e 1973), que ontem presenteou Popó com luva de boxe com dedicatória, e Miguel de Oliveira (1975) haviam conquistado títulos de relevância no boxe internacional.

Trio elétrico
Ao desembarcar ontem à tarde em Salvador (BA), sua cidade natal, o pugilista foi recebido no aeroporto em clima de Carnaval. Duas horas antes da sua chegada, pelo menos 1.500 pessoas, segundo a Polícia Militar, já cantavam e dançavam à espera do campeão.
Parentes e amigos do pugilista contrataram um trio elétrico para animar a festa. Popó desembarcou em Salvador com a mesma roupa utilizada na luta contra Anatoly Alexandrov.
"Eu sou campeão mundial, a Bahia é campeã mundial, a Cidade Baixa (bairro onde nasceu e cresceu o pugilista) é campeã mundial, o Brasil é campeão mundial", disse ele.
Do aeroporto, em carro aberto, Popó seguiu pela orla de Salvador, antes de chegar ao bairro onde nasceu. Depois de ser cumprimentado por parentes, Popó disse que vai descansar por duas semanas. "Depois, volto aos treinos."


Colaborou Luiz Francisco, da Agência Folha, em Salvador

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