|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais destacado investidor do futebol após a Lei Pelé já planeja retirada
Desiludido, HMTF quer deixar o futebol
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
O principal símbolo de investidor pós-Lei Pelé quer deixar o futebol brasileiro.
O fundo norte-americano
Hicks, Muse, Tate & Furst, que
assinou parceria com Corinthians
e Cruzeiro, está insatisfeito com o
retorno financeiro do futebol no
país, já diminuiu consideravelmente seus investimentos nos
clubes e está de malas prontas.
A Folha apurou que os executivos do HMTF já oferecem no
mercado a gestão do futebol corintiano a outras empresas.
O fundo cederia sua parte na
Corinthians Licenciamento
(85%) desde que a empresa interessada arcasse com os investimentos já feitos no clube -só no
primeiro ano, gastou US$ 60 milhões, sendo US$ 28 milhões em
contratação de jogadores e US$ 32
milhões para quitar dívidas e cobrir folha de pagamento.
Caso não consiga encontrar um
interessado que se disponha a
"zerar as contas", continuará tocando, com investimento diminuto, o futebol do Corinthians.
Desde o início da parceria, o
HMTF vem acumulando prejuízo
de cerca de R$ 1 milhão mensal
apenas no Corinthians. Nem a
conquista do Mundial de Clubes
da Fifa em 2000, menos de um
ano após a assinatura da parceria,
melhorou a situação.
Os norte-americanos esperavam recuperar o investimento
também explorando o licenciamento de produtos, mas não esperavam a concorrência desleal
da "pirataria".
Outro projeto do HMTF afundou no ano passado. O fundo
queria criar e administrar uma liga própria, mas foi brecado (leia
texto nesta página).
Há uma divisão dentro da empresa em relação ao projeto do estádio corintiano, que, segundo o
contrato de dez anos firmado
com o time paulista em abril de
1999, deve abrigar 45 mil pessoas
e custará US$ 100 milhões.
Como o HMTF comprou o terreno para o estádio, no quilômetro 16 da rodovia Raposo Tavares,
e já teria alguns dos parceiros necessários para erguer a arena multiuso, parte dos executivos da empresa defende que o fundo continue nesse projeto.
Com bilheteria, locação para
shows, venda de camarotes, aluguel de placas e exploração de lojas e estacionamento, alguns
membros do fundo acreditam
que podem ter o retorno do dinheiro investido com a construção. Já com o futebol, após o fim
do passe, não há possibilidade de
retorno, avaliam.
Oficialmente, o fundo nega que
queira abandonar o futebol e diz
que cumprirá o contrato com Corinthians e Cruzeiro até o final.
Mas até o presidente do time
mineiro, o deputado Zezé Perrella
(PFL-MG), já trabalha com a possibilidade de tocar o futebol sozinho na próxima temporada.
"Sabemos que eles não estão satisfeitos com o retorno econômico da parceria no Brasil, mas até
agora estão cumprindo o contrato. Eles acreditavam que dava para fazer futebol sem a receita obtida com a venda de jogadores, mas
viram que a realidade é outra. Se
eles saírem, o Cruzeiro tem autonomia para continuar em dia com
seus compromissos", afirmou,
por telefone, Perrella.
A situação do Cruzeiro é mais
delicada. O fundo já estuda rescindir o contrato com os mineiros, que foi assinado no ano passado e tem vigência até 2010.
Nos dois acordos firmados, não
há multa rescisória estipulada,
mas a parte que romper o contrato pode lutar na Justiça para pleitear indenização.
"O Corinthians não descumpriu até aqui nenhuma cláusula
do contrato. Eles têm um contrato
a cumprir conosco, mas, se por
um acaso decidirem sair, ficarão
queimados no mercado", avaliou
o vice-presidente do Corinthians,
Antonio Roque Citadini.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Frases Índice
|