São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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BASQUETE

Européias

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

A Iugoslávia bateu a Turquia e conquistou o troféu do Europeu masculino. Disparado o mais importante, interessante e competitivo do ano, o torneio consagrou o basquete de ritmo alucinante, forte, de muito equilíbrio entre defesa e ataque.

Alemanha, Espanha e Rússia fecharam o grupo que o continente vai enviar ao Mundial de 2002, em Indianápolis (EUA).
Não foi mero acaso. Os cinco classificados atuaram em função de jogadores que têm ou tiveram contrato com a NBA -eles levaram 12 atletas com esse status.
A decisão, por exemplo, marcou o duelo de companheiros do Sacramento, os alas Predrag Stojakovic e Hidayet Turkoglu.
Outro ala, Dirk Nowitzki, do Dallas, conduziu os alemães a sua melhor campanha e foi o cestinha do Europeu, com 26,3 pontos por partida. O pivô espanhol Pau Gasol, novato do Memphis, foi o principal reboteiro, com 9,7.

Stojakovic, Turkoglu, Nowitzki... Quem diria, a NBA, que um dia só se interessou por pivôs estrangeiros, cada vez mais abre suas portas para jogadores versáteis de outros países.
Olho vivo no iugoslavo Vladimir Radmanovic, 20, que não pôde disputar o Europeu. Com 2,08 m, ele atua em todas as posições de perímetro e fará este ano, pelo Seattle, a sua estréia na liga profissional norte-americana.

Os EUA não descartam mais nem os tampinhas. Raúl Lopez, 1,83 m, que comandou os espanhóis no Europeu, e Tony Parker, 1,88 m, que afundou (com) os franceses, estão entre os 11 calouros estrangeiros que devem participar da pré-temporada da NBA -o primeiro, pelo Utah; o segundo, pelo San Antonio.

A NBA ostenta atualmente 48 atletas estrangeiros. Dos 29 times que disputam o campeonato, 23 possuem ao menos um "alien".
Outrora rotulados como molengas, os europeus estão valorizadíssimos. O fim da obrigatoriedade da marcação homem-a-homem vai exigir dos atletas da NBA mais qualidade de passe e arremesso. São fundamentos treinados à exaustão na Europa e até agora desprezados pela cultura mano-a-mano americana, baseada em dribles e infiltrações.
Por conta disso, acompanharam o Europeu, in loco na Turquia, 19 dirigentes de equipes da NBA, ávidos por novos talentos.
O Sul-Americano, no mês passado, atraiu somente um olheiro da liga norte-americana -e, ainda assim, do pobre Memphis, desde já candidato à lanterna no campeonato 2001/2002.

O Europeu alijou do próximo Mundial os dois times que escoltaram a arrogante seleção dos EUA no último pódio olímpico.
A França, prata em Sydney, acabou em sexto. E a Lituânia, bronze, que ficou a uma cesta de despedaçar o "Dream Team" em 2000, amargou a nona posição -talvez um castigo por ter passeado nas quadras da América do Sul na reta final dos treinos. Quem também acabou em nono foi a Itália, que defendia o título.
É duro ver que times desse quilate não vão a Indianápolis. E que Venezuela, Porto Rico etc. vão.

Brasil 1
Os Goodwill Games foram desprezados até pelo país-sede. Mas foi nesse evento que o time destroçado de Hélio Rubens esteve perto de uma proeza histórica. Diante dos EUA, caiu apenas na prorrogação, quase impondo a primeira derrota a uma seleção de profissionais da NBA. Os norte-americanos levaram à Austrália um grupo inexperiente, com médias inferiores a 23 anos de idade e dois anos na liga, mas de boa qualidade.

Brasil 2
Os detratados armadores Demétrius e Helinho dominaram a partida, com 24 pontos cada e muitas infiltrações. Acontece.

Brasil 3
O Brasil foi o bronze nos Goodwill Games, completando cinco pódios em cinco competições no ano. Mas não é caso de celebrar. A seleção segue longe da elite. O ataque é fraco; a defesa, horrível. E-mail : melk@uol.com.br

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