São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 2002

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Os oito primeiros

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Valdyr Espinosa assumiu o comando do Atlético-PR e escalou uma linha de quatro defensores -em vez de três. O time recuperou a qualidade do ano passado. Enquanto isso, Geninho, campeão brasileiro pelo time paranaense, implantou no Atlético-MG o esquema com três zagueiros. O Galo está em segundo lugar. Isso mostra que o desenho tático é um detalhe secundário.
O São Caetano perdeu Jair Picerni, mudou de cara com Mário Sérgio e continua com a mesma eficiência -é o segundo na média de aproveitamento.
Já o Guarani, dirigido pelo ex-treinador do São Caetano, mesmo com uma equipe bem modesta, está em sétimo lugar. Será que o time de Campinas vai ter o mesmo sucesso do São Caetano?
Sempre que se inicia o Brasileiro, o São Paulo faz belíssimos jogos e é eleito o melhor do torneio. Depois, cai, alterna bons e maus momentos e se classifica. O time não é o melhor, mas está entre os melhores. Com Ricardinho, pode crescer, porém a equipe não tem mais um atacante com a qualidade do França. Os quatro defensores também são medianos.
Juventude, São Caetano e Santos estão aproveitando bem o fator campo. O Coritiba tem jogado bem dentro e fora de casa. Ninguém acredita no Juventude e no Coritiba. Se há pouca diferença técnica entre os times, por que um dos dois não pode ser campeão? O Santos, dirigido pelo Leão, é um time jovem, aguerrido, habilidoso e organizado. Mas terá que melhorar o desempenho fora de casa.
Os destaques individuais e coletivos mudam a cada rodada. Isso demonstra equilíbrio técnico e é uma óbvia constatação de que há inúmeros fatores envolvidos no sucesso e no fracasso dos times.

Três atacantes
Dos clubes do Rio, o Fluminense é o que tem mais chance de se classificar. Motivo: Magno Alves e Romário são muito superiores aos atacantes dos outros times cariocas. Os sistemas defensivos dos quatro são iguais e ruins.
O Fluminense poderia ficar ainda mais forte se o Renato escalasse o Roni de um lado, Magno Alves do outro e Romário pelo meio. Os velozes Roni e Magno Alves têm condições de voltar até a linha de meio-campo para marcar e aparecer rapidamente na frente. Várias equipes em todo o mundo jogam desta maneira.
Nos últimos anos, a equipe do Fluminense que mais me agradou foi a dirigida pelo Valdyr Espinosa. Jogava com Roni e Magno Alves e mais um centroavante. O torcedor do Flu vai lembrar que atuava também o talentoso Roger, vindo de trás. É verdade, mas não havia também o Romário.

Estilo feio e ineficiente
No final da semana, assisti aos jogos da Itália e da França contra as fraquíssimas seleções de Azerbaijão e Chipre, pelas eliminatórias da Eurocopa-2004.
Pensei que veria novos jogadores e inovações táticas. Quase nada mudou. A França continua dependente do Zidane, praticamente com o mesmo time de 1998 e 2002. Pelo menos não atuaram o Dugarry e Djorkaeff. Aí seria demais. Desligaria a TV.
A Itália trocou a linha de três para quatro defensores e colocou três atacantes. Porém a filosofia continua a mesma. Os dois laterais raramente apóiam, e os três volantes jogam completamente distanciados dos três atacantes. Não vi durante a partida nenhuma troca de passe e de posições.
A seleção e as principais equipes italianas, mesmo com alguns dos melhores jogadores do mundo, fracassaram nas últimas competições internacionais. Será que os técnicos italianos não percebem que o estilo de suas equipes, além de feio, está cada dia mais ineficiente? Será que não aparecem armadores criativos e habilidosos no futebol italiano? Ou eles não têm chances?
Essa deficiência explica o fato de Emerson, apenas um bom jogador, ser o melhor volante do futebol italiano. A entrada do talentoso Gilberto Silva no lugar do jogador da Roma foi ótima para a seleção brasileira.
Durante muito tempo, o futebol brasileiro adotou o modelo italiano de excessivos cuidados defensivos e de valorizar jogadores medíocres, cumpridores do esquema tático. Houve uma divisão no meio-campo entre os volantes apenas marcadores e os meias ofensivos. Sumiram os típicos jogadores de meio-campo, habilidosos e criativos e que também sabiam marcar.
Felizmente, isso está mudando, não só na seleção pentacampeã do mundo, com Gilberto Silva e Kleberson, como também nos times brasileiros.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br



Texto Anterior: Automobilismo: Arrows recebe perdão de 28 dias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.