|
Texto Anterior | Índice
FUTEBOL
Os oito primeiros
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Valdyr Espinosa assumiu o
comando do Atlético-PR e
escalou uma linha de quatro defensores -em vez de três. O time
recuperou a qualidade do ano
passado. Enquanto isso, Geninho,
campeão brasileiro pelo time paranaense, implantou no Atlético-MG o esquema com três zagueiros. O Galo está em segundo lugar. Isso mostra que o desenho tático é um detalhe secundário.
O São Caetano perdeu Jair Picerni, mudou de cara com Mário
Sérgio e continua com a mesma
eficiência -é o segundo na média de aproveitamento.
Já o Guarani, dirigido pelo ex-treinador do São Caetano, mesmo com uma equipe bem modesta, está em sétimo lugar. Será que
o time de Campinas vai ter o mesmo sucesso do São Caetano?
Sempre que se inicia o Brasileiro, o São Paulo faz belíssimos jogos e é eleito o melhor do torneio.
Depois, cai, alterna bons e maus
momentos e se classifica. O time
não é o melhor, mas está entre os
melhores. Com Ricardinho, pode
crescer, porém a equipe não tem
mais um atacante com a qualidade do França. Os quatro defensores também são medianos.
Juventude, São Caetano e Santos estão aproveitando bem o fator campo. O Coritiba tem jogado
bem dentro e fora de casa. Ninguém acredita no Juventude e no
Coritiba. Se há pouca diferença
técnica entre os times, por que um
dos dois não pode ser campeão? O
Santos, dirigido pelo Leão, é um
time jovem, aguerrido, habilidoso
e organizado. Mas terá que melhorar o desempenho fora de casa.
Os destaques individuais e coletivos mudam a cada rodada. Isso
demonstra equilíbrio técnico e é
uma óbvia constatação de que há
inúmeros fatores envolvidos no
sucesso e no fracasso dos times.
Três atacantes
Dos clubes do Rio, o Fluminense
é o que tem mais chance de se
classificar. Motivo: Magno Alves e
Romário são muito superiores
aos atacantes dos outros times cariocas. Os sistemas defensivos dos
quatro são iguais e ruins.
O Fluminense poderia ficar ainda mais forte se o Renato escalasse o Roni de um lado, Magno Alves do outro e Romário pelo meio.
Os velozes Roni e Magno Alves
têm condições de voltar até a linha de meio-campo para marcar
e aparecer rapidamente na frente.
Várias equipes em todo o mundo
jogam desta maneira.
Nos últimos anos, a equipe do
Fluminense que mais me agradou foi a dirigida pelo Valdyr Espinosa. Jogava com Roni e Magno
Alves e mais um centroavante. O
torcedor do Flu vai lembrar que
atuava também o talentoso Roger, vindo de trás. É verdade, mas
não havia também o Romário.
Estilo feio e ineficiente
No final da semana, assisti aos
jogos da Itália e da França contra
as fraquíssimas seleções de Azerbaijão e Chipre, pelas eliminatórias da Eurocopa-2004.
Pensei que veria novos jogadores e inovações táticas. Quase nada mudou. A França continua
dependente do Zidane, praticamente com o mesmo time de 1998
e 2002. Pelo menos não atuaram
o Dugarry e Djorkaeff. Aí seria
demais. Desligaria a TV.
A Itália trocou a linha de três
para quatro defensores e colocou
três atacantes. Porém a filosofia
continua a mesma. Os dois laterais raramente apóiam, e os três
volantes jogam completamente
distanciados dos três atacantes.
Não vi durante a partida nenhuma troca de passe e de posições.
A seleção e as principais equipes
italianas, mesmo com alguns dos
melhores jogadores do mundo,
fracassaram nas últimas competições internacionais. Será que os
técnicos italianos não percebem
que o estilo de suas equipes, além
de feio, está cada dia mais ineficiente? Será que não aparecem
armadores criativos e habilidosos
no futebol italiano? Ou eles não
têm chances?
Essa deficiência explica o fato
de Emerson, apenas um bom jogador, ser o melhor volante do futebol italiano. A entrada do talentoso Gilberto Silva no lugar do
jogador da Roma foi ótima para
a seleção brasileira.
Durante muito tempo, o futebol
brasileiro adotou o modelo italiano de excessivos cuidados defensivos e de valorizar jogadores medíocres, cumpridores do esquema
tático. Houve uma divisão no
meio-campo entre os volantes
apenas marcadores e os meias
ofensivos. Sumiram os típicos jogadores de meio-campo, habilidosos e criativos e que também
sabiam marcar.
Felizmente, isso está mudando,
não só na seleção pentacampeã
do mundo, com Gilberto Silva e
Kleberson, como também nos times brasileiros.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Automobilismo: Arrows recebe perdão de 28 dias Índice
|