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FUTEBOL
Amor e ódio
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Emerson, Alex, Marcos, Zé
Roberto, Kaká, Diego, Cafu,
Roberto Carlos, Ronaldo: todos
podem ser motivo de discussões
entre torcedores. Sempre vai haver quem acredite que Ronaldo é
um produto de marketing; quem
diga que Cafu e Roberto Carlos
têm deficiências na marcação e
nos cruzamentos, que Diego não
está pronto para a seleção principal, que Kaká é invenção da imprensa paulista, etc. Muitos vão
dizer que Alex "dorme" mesmo
que ele seja o melhor em campo;
quase todos preferem Renato a
Emerson, mas alguns ficam mais
tranquilos com a presença do ex-capitão. Normal -se o futebol
não gerasse polêmica, não teria a
mesma popularidade. Faz parte.
Mas a seleção tem sempre um
ponto que causa discussões furiosas e opiniões rigorosamente divididas entre dois extremos. Antes
da Copa, era o caso Romário.
Nesta campanha, o maior alvo
das paixões deve ser Rivaldo.
Os fãs do meia (ou atacante?) ficam indignados com a ingratidão
dos demais. "Como podem ignorar o papel dele na campanha vitoriosa de 2002? Como pode ser
inútil o artilheiro do Brasil em eliminatórias? Deve ser implicância
porque ele não é expansivo, marqueteiro, carismático. Ou preconceito por que não é do "Rio-São
Paulo". Rivaldo tem muita técnica e visão de jogo; é capaz de mudar a história em um lance genial. É um dos melhores do mundo e impõe respeito; só o técnico
do Milan não percebe. Teve uma
queda de rendimento por problemas em casa, mas quem foi rei
não perde a majestade."
Os detratores não entendem o
que os fãs vêem no atacante (ou
meia). Só enxergam "um jogador
teimoso, que abaixa a cabeça e
não solta a bola, sempre forçando
a barra para passar no meio dos
marcadores. Se é reserva no clube,
como pode ser titular numa seleção que tem Alex, Kaká e Luis Fabiano no banco? Se Rivaldo tem
problemas, que procure auxílio
psicológico. Seleção não é lugar
para se recuperar".
Na estréia do Brasil contra a
Colômbia, os dois lados viram
exatamente o que precisam para
provar sua tese. Porque Rivaldo
consegue ser maravilhoso e contraproducente em um mesmo jogo. Após uma jogada genial, faz
uma barbeiragem incompreensível. No começo do primeiro e do
segundo tempo, o meia-atacante
deu um chutão a esmo, nem finalização nem lançamento, perdendo a bola pela linha de fundo. Como um jogador tão talentoso e experiente pode ter panes assim?
Quem o detesta fica com essa
imagem forte na memória. Quem
é fã releva esses lances e presta
muito mais atenção na tabela, no
drible, no passe inteligente e na
movimentação astuta sem bola.
Eu lamento que o futebol, em
parte devido às regras para substituições, tenha seus intocáveis.
Em outro esporte, Rivaldo poderia sair e voltar, ou começar no
banco e ser uma peça valiosa em
certos momentos. Ser reserva no
futebol é um pouco desabonador,
mas não deveria. Mesmo gostando dele, eu não hesitaria em tirar
Rivaldo de um jogo apenas por
medo de desonrar seu passado.
Baita banco
Alex e Kaká não são piores que
Rivaldo ou os demais, só não se
encaixam tão bem no esquema
montado por Parreira para a
seleção. Mas podem ser muito
úteis em um jogo mais difícil,
truncado, em que a clarividência do Alex e a explosão do Kaká dinamitem as forças inimigas. Espero que o técnico não
tenha medo de recorrer a eles
durante a longa campanha.
Eventuais momentos ruins devem ser analisados com muita
sensatez.
Baixaria
Na Colômbia, jogadores brasileiros tiveram de ir embora sem
banho porque acabou a água
do vestiário. No Brasil, os jogadores equatorianos subiram 11
andares de escada por falta de
eletricidade no hotel.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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