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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Amor e ódio

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Emerson, Alex, Marcos, Zé Roberto, Kaká, Diego, Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo: todos podem ser motivo de discussões entre torcedores. Sempre vai haver quem acredite que Ronaldo é um produto de marketing; quem diga que Cafu e Roberto Carlos têm deficiências na marcação e nos cruzamentos, que Diego não está pronto para a seleção principal, que Kaká é invenção da imprensa paulista, etc. Muitos vão dizer que Alex "dorme" mesmo que ele seja o melhor em campo; quase todos preferem Renato a Emerson, mas alguns ficam mais tranquilos com a presença do ex-capitão. Normal -se o futebol não gerasse polêmica, não teria a mesma popularidade. Faz parte.
Mas a seleção tem sempre um ponto que causa discussões furiosas e opiniões rigorosamente divididas entre dois extremos. Antes da Copa, era o caso Romário. Nesta campanha, o maior alvo das paixões deve ser Rivaldo.
Os fãs do meia (ou atacante?) ficam indignados com a ingratidão dos demais. "Como podem ignorar o papel dele na campanha vitoriosa de 2002? Como pode ser inútil o artilheiro do Brasil em eliminatórias? Deve ser implicância porque ele não é expansivo, marqueteiro, carismático. Ou preconceito por que não é do "Rio-São Paulo". Rivaldo tem muita técnica e visão de jogo; é capaz de mudar a história em um lance genial. É um dos melhores do mundo e impõe respeito; só o técnico do Milan não percebe. Teve uma queda de rendimento por problemas em casa, mas quem foi rei não perde a majestade."
Os detratores não entendem o que os fãs vêem no atacante (ou meia). Só enxergam "um jogador teimoso, que abaixa a cabeça e não solta a bola, sempre forçando a barra para passar no meio dos marcadores. Se é reserva no clube, como pode ser titular numa seleção que tem Alex, Kaká e Luis Fabiano no banco? Se Rivaldo tem problemas, que procure auxílio psicológico. Seleção não é lugar para se recuperar".
Na estréia do Brasil contra a Colômbia, os dois lados viram exatamente o que precisam para provar sua tese. Porque Rivaldo consegue ser maravilhoso e contraproducente em um mesmo jogo. Após uma jogada genial, faz uma barbeiragem incompreensível. No começo do primeiro e do segundo tempo, o meia-atacante deu um chutão a esmo, nem finalização nem lançamento, perdendo a bola pela linha de fundo. Como um jogador tão talentoso e experiente pode ter panes assim?
Quem o detesta fica com essa imagem forte na memória. Quem é fã releva esses lances e presta muito mais atenção na tabela, no drible, no passe inteligente e na movimentação astuta sem bola.
Eu lamento que o futebol, em parte devido às regras para substituições, tenha seus intocáveis. Em outro esporte, Rivaldo poderia sair e voltar, ou começar no banco e ser uma peça valiosa em certos momentos. Ser reserva no futebol é um pouco desabonador, mas não deveria. Mesmo gostando dele, eu não hesitaria em tirar Rivaldo de um jogo apenas por medo de desonrar seu passado.

Baita banco
Alex e Kaká não são piores que Rivaldo ou os demais, só não se encaixam tão bem no esquema montado por Parreira para a seleção. Mas podem ser muito úteis em um jogo mais difícil, truncado, em que a clarividência do Alex e a explosão do Kaká dinamitem as forças inimigas. Espero que o técnico não tenha medo de recorrer a eles durante a longa campanha. Eventuais momentos ruins devem ser analisados com muita sensatez.

Baixaria
Na Colômbia, jogadores brasileiros tiveram de ir embora sem banho porque acabou a água do vestiário. No Brasil, os jogadores equatorianos subiram 11 andares de escada por falta de eletricidade no hotel.

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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