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No topo, Schumacher anuncia adeus
Maior vencedor da história da F-1, alemão reconhece que não terá forças para estender sua era de recordes e polêmicas
Heptacampeão vence GP da Itália, casa da Ferrari, e faz sua derradeira corrida no Brasil, em 22 de outubro, encerramento do Mundial
Giampiero Sposito/Reuters
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O alemão no pódio em Monza |
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONZA
Monza começava a escutar
"Fratelli d'Italia", e um funcionário da Ferrari deixou o motorhome da equipe com um pilha de folhas de papel sob o braço esquerdo. O hino italiano
ainda tocava quando a F-1 recebeu aquelas folhas, anunciando
a aposentadoria do homem que
ainda estava lá em cima, no alto
do pódio, assimilando a vitória
mais importante de 2006.
Aos 37 anos e 250 dias, Michael Schumacher revelou ontem que deixará as pistas ao fim
da temporada. Sua última exibição será em São Paulo. O GP
Brasil, em Interlagos, em 22 de
outubro, fecha o campeonato.
"Palavras não são o suficiente e qualquer coisa que eu diga
nunca vai expressar o quanto
eu amo este mundo fascinante
do automobilismo e o que ele
fez por mim", disse o ferrarista
na nota. Depois, falou que tomou a decisão em julho, após o
GP dos EUA, e que resolveu parar pois percebeu que não poderia sustentar, pelos próximos
anos, "todo o esforço, a energia
e a motivação necessários para
ser competitivo" na categoria.
Mito vivo do esporte, maior
piloto entre os 798 que tentaram a F-1 em 57 Mundiais,
Schumacher sairá de cena levando consigo todos os recordes de desempenho da categoria. Em pouco mais de 15 temporadas -estreou no 11º dos 16
GPs de 91-, tornou-se recordista de títulos (7), vitórias (a
de ontem foi a 90ª), poles positions (68), pódios (153), pontos
(1.354) e melhores voltas (75).
Marcas que superam em
muito as anteriores. E que pode
e tentará ampliar nos três GPs
que restam no ano. Principalmente a mais célebre delas, a
primeira. Porque, como que para coroar um dos dias mais significativos de sua vida, viu ontem o resultado com que sonhava desde o início do campeonato: vitória, com abandono do rival Fernando Alonso.
Assim, encostou na liderança
do Mundial. Tem dois pontos a
menos que o espanhol, desvantagem que já foi de 25.
Octa ou heptacampeão,
Schumacher fechará uma era
da F-1 no momento em que deixar o cockpit pela última vez.
O alemão é o derradeiro elo
entre a nova geração e a anterior, de pilotos como Alain
Prost, Nelson Piquet, Ayrton
Senna e Nigel Mansell.
Sua saída encerrará ainda a
onda de salários estratosféricos
na categoria, que beneficiou
gente como Jacques Villeneuve, Damon Hill e Juan Pablo
Montoya. Em 2005, recebeu
US$ 38 milhões da Ferrari e
mais US$ 20 milhões em licenciamentos e contratos de publicidade. No ano que vem, Kimi
Raikkonen, que o substituirá
na equipe ao lado de Felipe
Massa -ambos foram confirmados ontem-, deve receber
em torno de US$ 20 milhões.
Por fim, fechará um dos capítulos mais polêmicos da história do automobilismo. Piloto de
excepcional técnica, Schumacher perpetrou também atos
condenáveis, como jogar o carro sobre Hill em Adelaide-94,
em seu primeiro título, e sobre
Villeneuve em Jerez-97, que
lhe valeu a pecha de esportista
desleal. Em maio deste ano, parou o carro na Rivazza, a última
curva de Mônaco, para impedir
Alonso de lhe tomar a pole.
Facetas que fizeram de Schumacher, filho primogênito de
um zelador na cidadezinha de
Kerpen, alguém especial. A
ponto de ter sua aposentadoria
anunciada no exato momento
em que fazia o que mais ama.
Via o mundo de cima.
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