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Longe do cockpit, Schumacher segue na F-1 e na Ferrari
Apesar do discurso dos últimos anos, alemão se rende à categoria e deve substituir Jean Todt como diretor esportivo
Emocionado, ferrarista diz que futuro pertence à sua família, agradece apoio em seu começo e até arrisca algumas frases em italiano
DO ENVIADO A MONZA
Os próximos anos de Michael
Schumacher serão como os últimos 11. Vermelhos. Traindo
seu discurso dos últimos anos,
de que se afastaria da categoria
por "uns bons tempos" quando
deixasse as pistas, o alemão
aceitou um cargo na Ferrari já
para 2007. A F-1 foi mais forte.
Tão mais forte que o anúncio
de sua permanência na "famiglia Ferrari" estava no mesmo
comunicado da aposentadoria.
"No fim do ano, como é tradição, anunciaremos a nova organização do time, com a nova
função de Schumacher", revela
o último parágrafo do texto.
Por ora, o alemão não deverá
exercer nenhum posto diretivo.
Deve atuar como uma espécie
de embaixador da marca pelo
mundo, a exemplo do que o tricampeão Jackie Stewart fez
com a Ford quando parou. Para
o futuro, porém, o time vê o alemão como sucessor natural de
Jean Todt na direção esportiva,
vaga que o francês deve deixar
para se dedicar mais ao comando da sede de Maranello.
"Eu sempre disse que quando eu parasse não faria nada
por algum tempo... Vamos ver
como vai ser, como vai ficar
meu ânimo, como será meu trabalho. Vai ser estranho, claro,
mas vou ter que descobrir. Meu
futuro pertence à minha família", disse o alemão, casado com
Corinna e pai de um casal, Gina
Maria, 9, e Mick, 7.
Emocionado como na mesma Monza de dois anos atrás,
quando igualou as 41 vitórias de
Ayrton Senna, Schumacher
agradeceu ainda a seus pais e a
"todos que me ajudaram, principalmente quando era criança,
começando nisso aqui".
Além de permanecer na Ferrari, Schumacher também quer
mergulhar num ramo que considera lucrativo: o mercado
imobiliário. Ele já fez algumas
incursões no setor com o empresário, Willi Weber, e agora
deve intensificar as investidas.
O que quer que esteja em seu
futuro, porém, será bem diferente de tudo o que já fez. Piloto de kart desde a infância, profissionalizou-se aos 20 anos,
correndo na F-3 e no Mundial
de Turismo. Desde então, esteve sempre "envolvido por quatro rodas e com um volante na
frente", como gosta de dizer.
Responsável por contratar o
alemão que era Benetton, no final de 1995, Todt não largou de
seu pupilo após a corrida de ontem. Por onde fosse Schumacher no paddock, Todt ia junto.
"Estou emocionado. Emocionado. Mais do que tudo, Michael é meu amigo. Mas é também um personagem, um homem que aceita seus erros, mas
que não se abala. Que venceu
hoje [ontem] pela 90ª vez. Michael é Michael", afirmou Todt,
em italiano, cercado por repórteres, abraçado ao piloto.
Talvez já em preparação para
o novo emprego, até Schumacher arriscou respostas no idioma, o que disse ter vergonha de
fazer por não dominá-lo como
gostaria. "Per me è una grande
emozione..."
(FÁBIO SEIXAS)
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