São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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Longe do cockpit, Schumacher segue na F-1 e na Ferrari

Apesar do discurso dos últimos anos, alemão se rende à categoria e deve substituir Jean Todt como diretor esportivo

Emocionado, ferrarista diz que futuro pertence à sua família, agradece apoio em seu começo e até arrisca algumas frases em italiano

DO ENVIADO A MONZA

Os próximos anos de Michael Schumacher serão como os últimos 11. Vermelhos. Traindo seu discurso dos últimos anos, de que se afastaria da categoria por "uns bons tempos" quando deixasse as pistas, o alemão aceitou um cargo na Ferrari já para 2007. A F-1 foi mais forte.
Tão mais forte que o anúncio de sua permanência na "famiglia Ferrari" estava no mesmo comunicado da aposentadoria. "No fim do ano, como é tradição, anunciaremos a nova organização do time, com a nova função de Schumacher", revela o último parágrafo do texto.
Por ora, o alemão não deverá exercer nenhum posto diretivo. Deve atuar como uma espécie de embaixador da marca pelo mundo, a exemplo do que o tricampeão Jackie Stewart fez com a Ford quando parou. Para o futuro, porém, o time vê o alemão como sucessor natural de Jean Todt na direção esportiva, vaga que o francês deve deixar para se dedicar mais ao comando da sede de Maranello.
"Eu sempre disse que quando eu parasse não faria nada por algum tempo... Vamos ver como vai ser, como vai ficar meu ânimo, como será meu trabalho. Vai ser estranho, claro, mas vou ter que descobrir. Meu futuro pertence à minha família", disse o alemão, casado com Corinna e pai de um casal, Gina Maria, 9, e Mick, 7.
Emocionado como na mesma Monza de dois anos atrás, quando igualou as 41 vitórias de Ayrton Senna, Schumacher agradeceu ainda a seus pais e a "todos que me ajudaram, principalmente quando era criança, começando nisso aqui".
Além de permanecer na Ferrari, Schumacher também quer mergulhar num ramo que considera lucrativo: o mercado imobiliário. Ele já fez algumas incursões no setor com o empresário, Willi Weber, e agora deve intensificar as investidas.
O que quer que esteja em seu futuro, porém, será bem diferente de tudo o que já fez. Piloto de kart desde a infância, profissionalizou-se aos 20 anos, correndo na F-3 e no Mundial de Turismo. Desde então, esteve sempre "envolvido por quatro rodas e com um volante na frente", como gosta de dizer.
Responsável por contratar o alemão que era Benetton, no final de 1995, Todt não largou de seu pupilo após a corrida de ontem. Por onde fosse Schumacher no paddock, Todt ia junto.
"Estou emocionado. Emocionado. Mais do que tudo, Michael é meu amigo. Mas é também um personagem, um homem que aceita seus erros, mas que não se abala. Que venceu hoje [ontem] pela 90ª vez. Michael é Michael", afirmou Todt, em italiano, cercado por repórteres, abraçado ao piloto.
Talvez já em preparação para o novo emprego, até Schumacher arriscou respostas no idioma, o que disse ter vergonha de fazer por não dominá-lo como gostaria. "Per me è una grande emozione..." (FÁBIO SEIXAS)


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