São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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Nova geração vence GP e atinge feitos

Equipe reformulada após Atenas-04 faz campanha invicta e conquista o sexto título da competição, o terceiro seguido

Vitória por 3 a 1 sobre a Rússia mantém sina com Zé Roberto, que não perde torneios há 2 anos, e deixa time favorito ao Mundial

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após o fracasso na Olimpíada de Atenas-2004, o técnico José Roberto Guimarães decidiu reformular a seleção feminina.
Retirou jogadoras da geração anterior, mesclou a experiência e o talento de nomes como Fofão, 36, que só se apresentou em 2006, e Walewska, 26, com novatas que ainda despontavam, como Sheilla, 23.
Disse que seria necessária paciência. O time renovado demoraria a dar resultado, e ele e as jogadoras deveriam estar prontos para agüentar pressão.
Para quem assistiu a Brasil x Rússia, ontem, e a todo o Grand Prix de vôlei deste ano, a sentença pessimista soa estranha.
Com a lista de feitos desta geração, chega-se à conclusão de que Zé Roberto foi "atropelado" por sua própria criação.
Ontem, a equipe conseguiu se recuperar após uma pequena pane, impôs à Rússia 3 sets a 1 (25/20, 25/20, 23/25 e 25/17) e conquistou o hexacampeonato.
Já seria um grande feito. Mas o time ainda fez história ao chegar à decisão invicto e, pela primeira vez, somar três troféus seguidos, a maior hegemonia já obtida por um país no torneio.
O Brasil não perde uma competição há 2 anos -10 torneios.
As jogadoras receberam US$ 200 mil (R$ 440 mil), 20% do cheque embolsado pela seleção seis vezes campeã da Liga Mundial, a versão masculina do GP.
"Nós nos dedicamos muito e provamos que merecíamos estar na final", disse Jaqueline.
Sheilla, a esguia jogadora que não esteve nos Jogos de Atenas, anotou 22 pontos na decisão, seis deles em saques que infernizaram a recepção russa. Pelas atuações perfeitas, foi eleita a melhor jogadora do torneio.
"Se eu ganhei esse prêmio foi por causa das minhas companheiras. O nosso objetivo maior neste ano é o Mundial [em outubro], vamos buscar esse título inédito. Tenho certeza de que nós vamos chegar melhor ainda no Japão", disse Sheilla.
Muito desse troféu a oposto deve mesmo a Fofão. A levantadora que amargou durante sete anos a reserva de Fernanda Venturini e chegou a anunciar a aposentadoria da seleção em 2004 foi um dos maiores destaques da campanha invicta. Com cinco taças, é recordista de títulos do Grand Prix.
"Fico feliz em fazer parte dessa história. Tiro forças da minha paixão por jogar. Quando estou na quadra, me transformo. É tanta motivação que até pareço mais jovem", disse, brincando com seus 36 anos.
Capitã de poucas palavras, ela conseguiu criar uma liderança sólida dentro e fora de quadra. Com boa variação de jogadas, fez da versatilidade uma das mais fortes características do ataque brasileiro.
A meio Fabiana, por exemplo, foi eleita a melhor atacante do GP, prêmio geralmente dado a pontas ou opostos, principais alvos das levantadoras.
Contra Rússia, a seleção sofreu principalmente nos momentos em que Fofão não recebeu passes precisos.
"O nosso passe oscilou bastante, começamos tensas. Nos precipitamos um pouco também e falhamos algumas vezes nos contra-ataques. Precisamos corrigir as falhas a tempo", afirmou Jaqueline.
Em outubro, a seleção estréia no Mundial. Desta vez, em busca de um título que o Brasil ainda não conquistou.


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