São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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JUCA KFOURI

Viva o torcedor brasileiro!


O torcedor não compareceu ao Engenhão, e os poucos que foram, vaiaram. Porque o torcedor vê mais que a crítica

PENSE NUMA coisa feia. Pensou?
Agora pense numa coisa horrorosa. Tudo bem?
Pois saiba que a atuação brasileira ontem diante dos bolivianos foi ainda pior quando o time nacional não chutou nenhuma bola no gol boliviano no primeiro tempo, não exigiu nenhuma defesa do goleiro.
E os bolivianos, ao contrário, por mais que se defendessem, tiveram ao menos duas chances de gol.
O trio formado por Diego Cai Cai, Ronaldinho Tanajura e Robinho Triatleta (corre, pedala e nada) foi abaixo da crítica, a mesma que gostou da exibição em Santiago.
Gostou do desempenho de um time que teve uma dificuldade sinistra em ficar com a bola, que fez gol com chutão de Lúcio para a frente e, pior, que deveria ter ficado sem Kléber e sem Diego ainda no primeiro tempo, quando estava 0 a 0, pelas entradas destrambelhadas que deram nos adversários.
Sim, a crítica achou bom o desempenho de um time que foi beneficiado por um gol perdido imperdível de Suazo e pela não-marcação de um pênalti cometido por Josué.
Contra a Bolívia a arbitragem também deu uma mão, ao não botar Luisão para fora aos 33min de jogo, por uma cotovelada no rival.
Rival que, fora da altitude de La Paz, tomou cinco gols de Uruguai e Venezuela e três de Argentina e Equador. Rival que nestes tempos em que se diz que não há mais bobos no futebol até justifica ser chamado de Bobolívia.
Mas que resistiu na baixitude do Rio, diante de um torcedor que vaiava e pedia Obina, porque o carioca é um gozador por natureza.
Provavelmente, aliás, o crédulo que foi ao Engenhão, talvez influenciado pela crítica benevolente, ficou com medo de ser gozado pelos realistas que não foram e deixaram o estádio vazio.
Estádio que não será palco da Copa de 2014, segundo, ao menos, o mal-humorado Rico Terra que informou "que cada cidade terá apenas um estádio", o que deve ter causado preocupação no Palmeiras -ou no São Paulo. E que disse considerar "bom" o desempenho de Dunga, que ouviu coro de adeus.
O fato é que a lua-de-mel dos dias posteriores à vitória em Santiago, com elogios gerais até de Lula, redundou num primeiro tempo tão deplorável, mas tão deplorável, que Vanderlei Luxemburgo deve ter esfregado as mãos de ansiedade, ele que já devia ter arquivado seus planos, para a alegria do Palmeiras.
Luxemburgo que, reitere-se, esta coluna apóia para a $ele$ão, não para a seleção.
Seleção que podendo ter Marcelo teve Kléber no Chile. Que podendo ter Hernanes teve Josué no Rio, que podendo ter um técnico tem Dunga no comando.
Que viu o árbitro expulsar um boliviano injustamente antes do décimo minuto do segundo tempo e nem assim botou alguém para fazer companhia ao isolado Luis Fabiano, mas tirou Lucas para escalar Júlio Baptista, de quem gosto, como, esclareço, prefiro Dunga a Luxa, apesar de tudo e por tudo.
Aliás, prefiro qualquer um a ele.
Aos 30min, Josué perdeu gol, e Dunga pôs, enfim, Nilmar, além de Elano, para ser chamado de burro.
E o 0 a 0 foi a nota do jogo.
Como da crítica, que baba ovo.

blogdojuca@uol.com.br


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