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F-1
Um dia depois de ser festejado em Monza, piloto decide não comentar mais sua relação com Schumacher
Pressão da Ferrari cala Barrichello
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Monza
Rubens Barrichello criou ontem
uma defesa para, pelo menos provisoriamente, se livrar do estigma
de segundo piloto ferrarista.
Falante e solícito com a imprensa quando chegou ao circuito de
Monza, anteontem, ele agora decidiu não comentar mais sua relação com Michael Schumacher.
Hoje, a partir das 8h (de Brasília), com TV, o autódromo recebe
o treino oficial para o GP da Itália,
13ª etapa do Mundial de F-1.
"É o seguinte: eu acho que eu falei tudo o que eu tinha para falar
(sobre o trabalho com Schumacher). Para quem está me perguntando sobre isso, eu já digo que
não tenho mais nada a declarar",
afirmou o brasileiro, ontem.
"É uma coisa tão distante, que
vai depender tanto da minha habilidade, daquilo que eu posso fazer no carro, que não há porque
ter interesse agora", completou.
Há exatamente uma semana,
ele foi anunciado como piloto da
Ferrari para as duas próximas
temporadas da F-1. Será companheiro de Schumacher, número 1
absoluto na atual estrutura de
funcionamento da escuderia.
Tradição de décadas na equipe,
a relação entre seus pilotos é sempre foco de interesse e de enorme
cobrança da imprensa e do público italiano. Algo que Barrichello
já começa a sentir de perto.
Na temporada do ano que vem,
o brasileiro será o sétimo piloto a
ocupar o posto de segundo homem da Ferrari desde 1979,
quando a equipe conquistou pela
última vez o Mundial de Pilotos.
De lá para cá, a escuderia vive
seu período histórico de maior
pressão em busca de resultados.
Antes dele, Jody Scheckter, Didier Pironi, Michele Alboreto,
Ivan Capelli e Jean Alesi fizeram o
papel. Eddie Irvine, o atual ocupante da vaga, sairá ao fim do ano
para a chegada de Barrichello.
Cada um, à sua época, submeteu-se a outro piloto de mais
prestígio e de mais intimidade
com os chefes ferraristas.
Do mesmo modo, o "estágio"
de cada um deles em Maranello
teve desfechos diferentes.
O índice soa como uma "maldição" e é uma mostra de como será dura a missão do brasileiro:
apenas dois de seus antecessores
obtiveram sucesso: Alesi e Irvine.
Três -metade do grupo- não
suportaram a pressão. Sucumbiram a seus primeiros pilotos, fizeram péssimas temporadas e se
aposentaram em seguida.
Scheckter e Pironi nunca mais
pilotaram carros de F-1.
Capelli tentou continuar sua
carreira em 1993, temporada seguinte ao seu fracasso ferrarista.
Na estreante Jordan, foi superado justamente por Barrichello,
então também um estreante, bateu no primeiro GP do ano e nunca mais retornou a um cockpit.
Alboreto continuou na F-1 por
mais seis anos, mas sempre correndo por equipes nanicas.
Em poucas ocasiões, a Ferrari
concedeu igualdade de condições
a seus dois pilotos. Essa política
foi criticada, ontem, por Ron
Dennis, chefe da McLaren.
De 1993 a 1995, Alesi e Gerhard
Berger trabalharam em regime de
parceria. Em 1990, Alain Prost e
Nigel Mansell dividiram o poder.
E, no ano anterior, Mansell formou dupla com Berger.
Entre 1983 e 1985, o time apostou em duplas de pouco impacto,
em que tanto fazia quem recebia
tratamento prioritário.
Primeiro, com os franceses Patrick Tambay e René Arnoux. Depois, com Arnoux e Alboreto.
A fragilidade da equipe nesse
momento tem uma explicação:
eram os primeiros anos do jejum,
quando ainda não havia tanta cobrança na Itália por um resultado.
Ontem, Barrichello disse não
acreditar que a pressão na Ferrari
será maior do que a que sofreu
após a morte de Ayrton Senna.
"Acho que tenho que manter a
cabeça fria. Passei a maior pressão da minha vida em 1995 e não
acredito que a pressão vai chegar
a ser maior do que aquela", disse.
"É a hora do xeque-mate, de poder saber o quanto eu sou bom."
NA TV - Treino oficial para o
GP da Itália, ao vivo, às 8h, na
Globo
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