São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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VÔLEI

Seleção masculina bate Iugoslávia e aguarda rival para decidir torneio em que foi vice, na mesma Argentina, em 1982

Brasil joga final de Mundial após 20 anos

Mariana Bazo/Reuters
Brasileiros comemoram vitória sobre a Iugoslávia,que valeu vaga na decisão do Mundial da Argentina, ontem, em Córdoba


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte anos depois da conquista da medalha de prata, novamente na Argentina, o Brasil volta a disputar uma decisão de Mundial.
Em 1982, a equipe perdeu a final para a então URSS, mas o resultado serviu para colocar a seleção definitivamente na elite do vôlei masculino com aquela que se consagraria como a "geração de prata" após o segundo lugar nos Jogos de Los Angeles-84.
Agora, os brasileiros buscam o único título que falta ao esporte do país para consagrar um time que está junto há menos de dois anos, mas já se firmou com uma das principais forças mundiais.
Ontem, em Córdoba, o técnico Bernardinho viu em quadra o resultado daquilo que sempre enalteceu como característica do time que começou a treinar no fim de 2000: a capacidade de trocar peças sem perder qualidade.
A seleção selou sua classificação sem o intocável levantador Maurício, recordista de jogos com a camisa verde-amarela e que disputa seu quarto Mundial, e sem André Nascimento, melhor atacante do torneio e maior revelação da equipe brasileira.
Com os reservas Ricardinho (levantador) e Anderson (oposto) em quadra, a seleção derrotou a atual campeã olímpica Iugoslávia por 3 sets a 1 (26/24, 22/25, 27/25 e 25/23) e agora espera o vencedor da partida entre França e Rússia, que será em Buenos Aires.
O Brasil, que começou o Mundial com atletas ainda se recuperando de contusão e só começou a jogar bem na segunda fase, conhece seu adversário na final de domingo hoje, a partir das 18h40.
"Esse foi o jogo que me consagrou. Era a chance que eu estava esperando desde 97", comemorou o levantador Ricardinho.
"Foi uma chance muito maior do que eu e o Anderson costumamos ter. Normalmente, ajudamos em 10% do jogo, hoje foram os outros 90%. A vitória foi uma realização pessoal", completou.
O jogo de ontem começou equilibrado, com os times aproveitando os ataques e errando pouco.
Mas, quando o placar estava empatado em nove pontos, os brasileiros pararam de pontuar. Os iugoslavos aproveitavam seus ataques e, quando não o faziam, paravam o Brasil no bloqueio.
Bernardinho, então, fez a alteração que mudaria o jogo -colocou Ricardinho e Anderson no lugar de Maurício e André Nascimento. E a seleção iniciou uma reação impressionante.
Contando com excelentes saques, o time abalou o rival, virou o jogo e fechou em 26 a 24.
A seleção iniciou o segundo set com os reservas em quadra, mas não manteve o mesmo padrão.
Diferentemente do que apresentou durante sua recuperação no Mundial, o time não variava as jogadas e abusava das bolas de segurança com Giba. O ponta fez oito pontos, mas não resolveu o set sozinho: 25 a 22 para a Iugoslávia.
Bernardinho insistiu na formação com os reservas no terceiro set. E o time melhorou. Ricardinho passou a variar mais as jogadas, mas os brasileiros ainda dependiam de Giba e, agora, Anderson. E foi em dois bloqueios seguidos sobre o oposto do Brasil que os iugoslavos empataram um momento crucial do set: 23 a 23.
Aí foi a vez de Henrique, que ficou devendo nos sets anteriores, aparecer. O meio-de-rede acertou dois ataques e fechou em 27 a 25.
Depois de começar arrasadora no quarto set -abriu 5 pontos-, a seleção voltou a mostrar a instabilidade que a perseguiu em momentos decisivos neste Mundial.
O domínio total do Brasil se transformou em falta de concentração, e a Iugoslávia iniciou sua reação, empatando o set.
Mas, quando o jogo parecia praticamente perdido, os brasileiros voltaram a se concentrar.
Após dois bons saques de Giba, o time virou e, em um ataque de Nalbert, o último dos titulares a se recuperar da série de contusões que abalou a seleção na reta final da preparação para o Mundial, assegurou a vaga na decisão.
A classificação pôs fim à "maldição" que perseguia o Brasil em Mundiais. Em 86, 90 e 98, o time caiu nas semifinais e foi quarto colocado. Em 94, ficou em quinto.


 ATUAÇÕES - Maurício (0 ponto), André Nascimento (1), Giba (16), Nalbert (12), Henrique (13), Gustavo (8), escadinha (líbero); Ricardinho (3), Anderson (19), Giovane (1)



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