São Paulo, domingo, 11 de outubro de 2009

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JUCA KFOURI

Culpa da subserviência


Como no Brasil o campeonato não para quando a seleção nacional joga, quem cede jogador é que se dá mal

O PALMEIRAS de Diego Souza, sem ele, seu melhor jogador, só empatou, em casa, com o Avaí. E mereceu perder.
O São Paulo, sem Miranda, só empatou, em casa, com o Coritiba. O Galo, sem Diego Tardelli, seu melhor jogador, levou três do desesperado Botafogo, no Rio. O Flamengo, sem Adriano, seu melhor jogador, ficou no empate com o Vitória, em Salvador, assim como o Grêmio, de Victor, empatou com o Furacão, em Curitiba.
Dos times que cederam jogadores para a seleção, só o Inter, do volante Sandro, venceu (o Timbu) na rodada que passou, mas, ainda em casa, ficou no 1 a 1 com o Furacão, na rodada que começou ontem. Superação mesmo só a do Mengo, no Rio, que virou (2 a 1) sobre um irreconhecível São Paulo.
É claro que Miranda, Victor e Sandro têm pesos diferentes para seus times se comparados com os Diegos de Palmeiras e Galo e o Imperador do Mengo.
É claro, também, que o problema não é de Dunga, é da CBF e seu calendário burro que não interrompe a temporada quando joga a seleção, na contramão do mundo.
E é claro, ainda, que a subserviência dos clubes é a maior culpada. Porque não se pode mesmo pedir a dispensa ou a não convocação de jogadores para a seleção brasileira, ainda mais quando a seleção é, por exemplo, a razão da volta de um Adriano, ou o objetivo de vida de um Diego Souza.
Mas os clubes poderiam exigir a paralisação do campeonato ou um novo calendário, adequado ao mundial, coisa que Ricardo Teixeira pensava fazer já para 2010, mas desistiu, segundo ele mesmo confidenciou a cartolas, por não querer problemas com o comando da Globo Esportes.
Globo Esportes que trabalha nos bastidores para impor a volta do mata-mata no Brasileirão. E trabalha a bancada da bola, no Congresso Nacional, para retirar do Estatuto do Torcedor o artigo que exige que ao menos um campeonato por ano tenha sua tabela conhecida do começo ao fim, algo impossível quando se adota o mata-mata.
E é por conflitos de interesses como esses, os do jogo e os da TV, que vemos aberrações como na última rodada e nesta, iniciada ontem e que continua amanhã.
A ausência de Adriano pode ter custado uma vaga na Libertadores ao Flamengo, que cala.
A de Diego Souza pode custar mais, pode custar, 15 anos depois do tetra, o pentacampeonato do Palmeiras, que também cala.
O torcedor, que fica sem entender nada, tende a culpar Dunga, a falar em conspiração contra seu clube, e não percebe até que a maior parte dos cartolas vibra quando um Ganso é convocado, mesmo que para a seleção sub-20, porque é posto na vitrine e se torna candidato a virar dólares ou euros.
Dunga que, neste aspecto, ao contrário, até vem conseguindo restabelecer um certo vínculo da seleção com o torcedor brasileiro, é inocente, por mais que o jogo na altitude desumana de La Paz valha menos que um dólar furado.
Um dias nossos clubes se convencerão de que não são prioridade da CBF, que só pensa na seleção e, agora, na Copa-2014. Aí, quem sabe, fundarão sua Liga. Elementar.

blogdojuca@uol.com.br


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