São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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AUTOMOBILISMO
Média de pontos é a mais baixa da história
Brasil avança para seu pior ano na Indy

FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

Seis pilotos brasileiros caminham para encerrar no dia 1º de novembro, no superoval de Fontana, a pior participação do país em sua história na Indy.
A temporada 98 vem sendo a mais improdutiva para os brasileiros em três de quatro critérios adotados para medir o desempenho ao longo dos anos: vitórias, poles e média de pontos por piloto.
Só não foi a mais fraca no total absoluto de pontos, em que supera apenas os campeonatos de 85 a 92, quando o Brasil contou com, no máximo, três pilotos.
Juntos, Gil de Ferran, Tony Kanaan, Mauricio Gugelmin, Christian Fittipaldi, André Ribeiro e Hélio de Castro Neves marcaram 273 pontos nas 17 provas já disputadas neste ano, média de 45,5 pontos por piloto. O índice é recorde negativo nos 14 anos de participação efetiva do país na categoria.
No ano passado, com um piloto a menos, o Brasil encerrou o campeonato, então com 17 provas, com 440 pontos, 61% a mais. A média ficou em 88 pontos por piloto.
Até agora, neste ano, os brasileiros não venceram -marca inédita- e não conseguiram nenhuma pole position, o que não acontecia desde o campeonato de 87.
Para que a média de pontos deixe de ser a pior da história, os brasileiros precisam somar 70 pontos nas duas últimas etapas, um quarto do que conseguiram no ano todo.
Na média, os brasileiros conseguiram até agora 2,6 pontos por prova. O que equivale a dizer que, a cada duas provas, o piloto brasileiro médio chegou em oitavo em uma e abandonou a outra.
A fraca campanha se reflete na queda de interesse do público brasileiros pelas corridas da Indy.
Em 95, quando passou a ser transmitida pelo SBT, a Indy conseguia, em média, 11 pontos de audiência no Ibope.
O pico naquele ano foi as 500 Milhas de Indianápolis, com Christian em segundo lugar, atrás de Jacques Villeneuve: 14 pontos.
Em 96, a vitória de Ribeiro na primeira edição da Rio 400, teve média de 17 pontos, pico de 22.
Neste ano, a audiência da Indy ficou na faixa dos 7 pontos.
Cada ponto no Ibope equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo.
A queda de audiência da Indy, que "invade" o horário de Gugu na sua acirrada disputa com Fausto Silva aos domingos, motivou a direção do SBT a romper o contrato com Emerson Fittipaldi e deixar de transmitir a categoria em 99.
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Rumores Outro reflexo da má fase dos brasileiros é o início dos boatos sobre seu futuro na Indy.
Nesta semana, a "Autosport", uma das mais bem conceituadas publicações de automobilismo no mundo, publicou reportagem afirmando que Ribeiro corre risco de demissão na Penske.
Contratado pela equipe no final do ano passado, o brasileiro conquistou 13 pontos nesta temporada, contra 72 de seu companheiro, o norte-americano Al Unser Jr.
O Brasil ocupa hoje o terceiro lugar na Copa das Nações, que apura, prova a prova, o melhor resultado do piloto de cada país.
Em primeiro, estão os Estados Unidos, com 269 pontos. Em segundo a Itália -leia-se Alessandro Zanardi-, com 250. O Brasil soma 179 pontos.
"Cometi alguns erros, o que é normal para um novato, mas meus resultados superaram minhas expectativas", afirmou Kanaan, brasileiro mais bem colocado no campeonato, em nono, e vencedor do título de "estreante do ano".
"Acho que acabou a água", disse Castro Neves, em alusão ao famoso comentário de Jackie Stewart atribuindo o sucesso dos pilotos brasileiros à água que eles bebem.
A Folha traz nesta página a opinião de todos os pilotos brasileiros sobre a temporada 98. O desânimo é unânime. E contrasta com a empolgação que tomava conta de parte desses pilotos anos atrás, quando a Indy aparecia como redenção e alternativa às dificuldades da F-1.



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