São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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"Tem que cassar o título", diz o técnico da Espanha

Vice-campeão mundial sub-20 em 2003 sem "gato", Ufarte diz que foi roubado

Ex-craque de Flamengo e Corinthians, treinador fala com orgulho de sua ligação com o Brasil, mas quer rigor no caso de Carlos Alberto

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os torcedores mais antigos de Flamengo e Corinthians devem se lembrar de Ufarte, o ""Espanhol" que atuou pelos dois clubes mais populares do Brasil no início dos anos 60.
Ele nasceu em Pontevedra, na Galícia, mas veio garoto ao ""país do futebol" aprender o esporte. Aprendeu tanto que virou craque em sua terra natal, virou jogador e técnico de seleção. Comanda as categorias de base da ""Fúria" e é hoje o braço direito de Luis Aragonés, treinador do time principal.
Ufarte, 65, foi vítima do Brasil na final do Mundial sub-20 de 2003, torneio em que o ""gato" Carlos Alberto atuou com 25 anos. Apesar da nacionalidade brasileira, Ufarte pede justiça. Quer que a Fifa casse o título brasileiro e proclame a Espanha, para ele ""roubada" na final, campeã daquele ano.

 

FOLHA - Você tem acompanhado o caso do Carlos Alberto, ""gato" brasileiro no Mundial sub-20 de 2003?
JOSÉ UFARTE
- Tenho acompanhado pelos jornais. Muitos aqui na Espanha estão falando.

FOLHA - Você perdeu o título para o Brasil. Acha que a Fifa deveria cassar essa conquista brasileira?
UFARTE
- Creio que o título deveria ser tirado do campeão e dado ao vice, no caso a Espanha. Jogar com 25 anos um torneio sub-20 é muita vantagem. Mas, sinceramente, acho difícil que isso possa acontecer. A menos que fique provado que a federação brasileira [CBF] teve algum envolvimento no caso, algum conhecimento dele.

FOLHA - Você tinha suspeitas de que o Brasil tivesse ""gato"? Dá para perceber algo apenas observando?
UFARTE
- Não tinha suspeitas, mas quem convive com o jogador, como o técnico da própria seleção, deveria perceber. São cinco anos de diferença, afinal.

FOLHA - O Carlos Alberto não jogou na final por estar suspenso.
UFARTE
- É verdade, mas o jogo teve uma arbitragem muito ruim. O árbitro expulsou um jogador nosso [Melli] com quatro minutos de jogo. Foi uma expulsão injusta, pois um cartão amarelo era suficiente no lance. Depois, ainda resistimos e fizemos um gol legítimo, anulado. O Brasil tinha grandes jogadores que atuam na Espanha, como Daniel Alves e Adriano, mas também tínhamos grande time [Iniesta, Juanfran, Gabi...]. A Espanha está sempre disputando títulos na base.

FOLHA - Conte um pouco de sua ligação com o Brasil.
UFARTE
- Adoro o Brasil, o Brasil mora no meu coração. Tenho muito orgulho de ter jogado no Brasil, de ter aprendido tudo que sei no futebol no Brasil, de ter sido revelado por um clube como o Flamengo. O Brasil é um país maravilhoso.

FOLHA - Mas e os ""gatos"? Na sua época de jogador aqui já havia isso?
UFARTE
- Algumas vezes ouvíamos casos de ""gatos" nos campeonatos no Brasil. Aqui na Espanha, nunca tivemos casos assim. Não temos esse problema. Nem usam essa palavra ""gato".

FOLHA - Você atuou no Brasil em uma época de grandes craques...
UFARTE
- Joguei com grandes nomes, como Gérson e Carlos Alberto Torres. Pela seleção carioca, jogamos contra a seleção paulista e ganhamos de 2 a 0. O Garrincha não pôde jogar. Para mim, Pelé e Garrincha foram os melhores de todos os tempos

FOLHA - Como é seu trabalho na federação espanhola?
UFARTE
- Estou há oito anos treinando equipes de base, mas há quatro anos sou o segundo técnico da seleção principal. Temos ganho muitos títulos na Europa nas categorias de base.


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