São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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RODRIGO BUENO

Top Cat


Punir o Brasil com suspensão de Copa por ter usado "gato" é algo tão absurdo quanto não cassar o título com tal fraude


O MANDA-CHUVA ainda não falou nada sobre o mais novo escândalo de ""gato" em um Mundial da Fifa. Desde terça-feira, espero uma resposta oficial da máxima entidade do futebol, mesmo que por e-mail do departamento de comunicações, sobre o caso Carlos Alberto. Talvez Joseph Blatter, presidente da Fifa, não tenha nada novo para falar, mesmo sendo essa uma fraude recorde nas competições da entidade (cinco anos) e que ajudou na conquista de um título (além de ter premiado um adulto como um dos melhores do torneio para teens).
Seria meio impensável imaginar Ricardo Teixeira, presidente da CBF e membro do Comitê Executivo da Fifa, abrindo mão da conquista do Mundial sub-20 (?) de 2003 em um gesto de honradez e fair play. O país do futebol, com tantas taças, muitas delas na interminável administração Teixeira, não perderia muito em sua galeria de troféus, mas ganharia bastante em respeito e ""limpeza", termo da moda em reuniões da Fifa.
Como não falo com o máximo dirigente brasileiro (ele costuma atender só os ""chapas" e os jornalistas que eventualmente se aliam a ele em busca de furos), liguei para Angel Maria Villar Llona, presidente da federação espanhola e um dos vice-presidentes da Fifa. Como a seleção dele foi vice-campeã no Mundial júnior em que Carlos Alberto Júnior (?) atuou com documentos adulterados, quem sabe ele não tentasse tomar uma providência a respeito?
""Não tenho nada para declarar", foi sua curta e grossa resposta. Pensei então em ligar para Julio Grondona, presidente da federação argentina e vice-presidente sênior da Fifa. Como a Argentina foi eliminada pelo Brasil na semifinal (mesmo com o ex-badalado Mascherano) e é a grande rival do nosso país em número de taças nas categorias de base, quem sabe ele não quisesse melar essa maculada conquista?
""O que tenho para falar sobre isso é o silêncio", foi seu simples recado. Antes mesmo de o amigo e autor do mais barulhento furo deste Brasileiro, Sérgio Rangel, me contar as frases de Urs Linsi, secretário-geral da Fifa, sobre o caso, já percebia que o tapete da entidade que rege o futebol ganharia mais sujeira. Linsi, que está no Rio (mais do lado de Teixeira impossível), enterrou nas areias de Copacabana qualquer chance de punição ao Brasil, que usou comprovadamente pelo menos seis ""gatos" em torneios oficiais relevantes (já dá para formar uma boa equipe como a de Bacana, Batatinha, Chuchu, Espeto, Gênio e, claro, Manda-Chuva).
Se não há participação dolosa da federação no uso dos ""gatos" (o que deve ser verdade), o número de casos mostra a incapacidade de controlar a situação. E há muito ""gato" famoso ainda na moita no país. O que fizeram com o México na década de 80 talvez tenha sido exagero (suspensão só de torneios de base me parecia punição mais adequada), mas o Brasil não pode, no mínimo, ser o campeão júnior de 2003.

RICARDO TEIXEIRA
O dirigente brasileiro, que comanda a Comissão de Arbitragem da Fifa com o ""chapa" espanhol Angel Maria Villar Llona, fez duas grandes coisas pelo futebol brasileiro: o Brasileiro de pontos corridos (bacana) e a Copa do Brasil (um mata-mata que só não é um chuchu porque exclui muitos times da disputa, inclusive os da Libertadores).

JULIO GRONDONA
Outro ""chapa" de Teixeira, o argentino vê neste ano escândalos em seu campeonato nacional mais ou menos como o seu parceiro da CBF viu no ""contaminado" Brasileiro de 2005. Teremos jogo anulado e repetido lá no Argentino?

LUIZ ZVEITER
Se o ex-presidente do STJD saiu da toca para a temporada de caça aos ""gatos", sete vidas para ele.

rbueno@folhasp.com.br


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