Técnico corintiano enterra tática defensiva, prioriza os atacantes e corre riscos com elenco frágil no Brasileiro

Formação "ousada", com 3 atacantes, que será repetida contra o Goiás, hoje, ganhou somente quatro dos nove pontos que disputou

DOS ENVIADOS A GOIÂNIA

Se fechar na retranca, jogar na base de contra-ataques e rezar para conseguir pontuar em todos os jogos que restam. Essa costuma ser a receita tradicional dos times que lutam para não serem rebaixados. Mas não é a fórmula que Nelsinho Baptista tem usado no Corinthians amedrontado pela possibilidade de uma inédita ida à Série B.
Para cumprir a missão que lhe foi incumbida, tirar o time da zona da degola, o técnico tem adotado tática muito mais ousada do que a habitualmente utilizada por times em situação semelhante à corintiana.
Para tentar deixar as últimas posições, ele tem seguido e vai manter hoje em Goiânia, contra o Goiás, um esquema ofensivo, com ataque agressivo em detrimento de uma defesa mais bem protegida.
Um 3-4-3 em que o forte é a velocidade é a arma de Nelsinho contra o rebaixamento. A velocidade de Lulinha e Dentinho, atuando praticamente como pontas, e a colocação de Finazzi, pivô e finalizador do time, são a base da tática, adotada já há três rodadas. Dois alas mais ofensivos do que marcadores, Gustavo Nery pela esquerda e Iran pela direita, ainda chegam para tentar cruzamentos da intermediária, em busca do camisa 9, e chutes de longa distância.
"Estamos em um momento em que não podemos ficar esperando. Temos de nos arriscar", explicou o técnico do Corinthians, que tem pregado que, o mais importante para o time é, pelo menos, marcar um ponto em cada partida.
Mas, para que o ataque fosse reforçado, o meio-campo precisou ficar desguarnecido, tanto para a marcação como para a armação. Na parte defensiva, o meio corintiano se vira com Moradei, o principal protetor da zaga, e Carlos Alberto.
Nelsinho, no entanto, não enxerga grandes perigos contra seu esquema defensivo por causa disso. "Estamos jogando ofensivamente, mas com segurança. Não estamos saindo desesperadamente."
Na hora da armação ofensiva, o time, sem meias que conduzam a bola pela faixa central do campo, recorre até ao chutão da zaga, em busca de Finazzi ou da velocidade de Lulinha e Dentinho.
O estilo atirado da equipe de Nelsinho, no entanto, não tem justificado o risco. Dos nove pontos que disputou depois que adotou os três atacantes, o Corinthians ficou com quatro.
Apesar disso, Finazzi, um dos maiores beneficiados pelo esquema, é entusiasta da tática mais ofensiva. "Insistiu-se muito com um esquema mais defensivo. Empatamos muito", disse o artilheiro do time no Nacional, com 12 gols.0 (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)