São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2000

Próximo Texto | Índice

Encurralada, entidade vai duplicar troféu de melhor jogador do século
Fifa iguala Maradona a Pelé


Para evitar saia-justa, cerimônia hoje em Roma vai anunciar que desafeto argentino ganhou "prêmio da juventude" e que brasileiro levou "prêmio da família" do futebol


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Pelé, o mais ilustre jogador de futebol da história, e Maradona, o mais controvertido jogador de todos os tempos, serão nivelados hoje pela Fifa, a entidade que rege o mais popular dos esportes.
Os dois serão premiados como jogadores do século em evento de gala que acontecerá em Roma. Pelé confirmou presença no evento -chegou ontem à Itália-, e Maradona, quase um inimigo da Fifa, é esperado hoje.
O curioso é que Pelé venceu todas as votações promovidas por revistas especializadas e entidades independentes. O único prêmio dividido será o da Fifa. E justamente com Maradona, que seguidas vezes criticou a entidade que até agora lhe negou qualquer tipo de homenagem.
Maradona superou Pelé em uma eleição para melhor jogador do século que captou votos na Internet. A Folha publicou ontem os números da Fifa sobre a eleição -Maradona teve 53,6% dos votos, e Pelé ficou com 15,98%.
A entidade estipulou de início dar ao vencedor na Internet o título de melhor do século.
Porém, surpresa com o resultado, programou outra votação com os leitores da revista da Fifa -Pelé teve 60% dos votos, contra 13% de Maradona. Uma terceira consulta foi feita com membros da cúpula da Fifa, e Pelé, ligado à entidade, teria vencido.
A Fifa confirmou à Folha que haveria apenas um melhor do século. Depois, comunicou que a decisão ainda seria tomada pelo Comitê Executivo da entidade, que esteve reunido ontem.
Blatter, após a reunião de ontem, disse que Maradona ganhará um prêmio e Pelé ficará com outro. ""Maradona ganhou a eleição da juventude. Pelé, a eleição da família do futebol. No século 21, tentaremos eleger um apenas."
Alguns dirigentes da Fifa, especialmente os sul-americanos, como o paraguaio Nicolás Leoz e o argentino Julio Grondona, defenderam a premiação de mais de um atleta -seriam escolhidos os melhores por períodos para evitar o choque Pelé x Maradona.
A Fifa cogitou não dar prêmio algum a Maradona se ele não viajasse para a Itália. Agora, se o argentino não aparecer, admite premiá-lo por intermédio de um representante -seria o atacante Batistuta ou Julio Grondona, presidente da federação argentina.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, ligou para Maradona e tentou convencê-lo a comparecer.
""Sentirei muito se não puder te premiar pessoalmente. Esta é a ocasião ideal para você voltar com toda a honra", teria dito Blatter.


Próximo Texto: Para Pelé, Maradona ganha chance de redimir "erros"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.