São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Time, que foi para Extrema à tarde, passa manhã perto do calor dos fãs

Corinthians leva "cobertor" para concentração em MG

EDUARDO ARRUDA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Corinthians está pronto." A afirmação, feita pelo técnico Carlos Alberto Parreira, se refere à parte técnica e tática do time que foi derrotado pelo Santos na primeira partida final do Brasileiro.
Mas, então, o que mais fazer para vencer o rival por dois gols de diferença e ficar com o título?
O frio time corintiano precisa do calor de seus fanáticos torcedores. Com a palavra, o próprio Parreira: "Nós temos de sentir essas emoções, a transferência de sentimentos que o torcedor tem", declarou o técnico corintiano.
Se a idéia é se apoiar no torcedor para tentar esfacelar a vantagem santista, Parreira, pouco afeito ao contato físico com a torcida, fez isso com propriedade ontem, antes do embarque da delegação para Extrema (MG), onde a equipe irá se preparar para a finalíssima.
No Parque São Jorge, ele parecia mais um político em campanha do que o treinador do Corinthians. Pacientemente, atendeu, um a um, os torcedores que o abordavam. No percurso entre o estacionamento e o restaurante do clube (pouco mais de 100 m), tirou fotos, distribuiu beijos e abraços, deu entrevistas.
E falou como torcedor.
"É até difícil descrever. É um sentimento muito forte. Ser corintiano não é status, não é um modo de vida, é uma religião", disse, em tom emocionado, abraçado a uma torcedora.
Enquanto Parreira fazia o corpo a corpo com a torcida, do lado de fora do clube, outros corintianos formavam uma enorme fila em volta das bilheterias do Parque São Jorge para comprar ingressos para a decisão de domingo.
Parreira ainda fez questão de enfatizar diante dos fãs que o rodeavam que é possível conquistar o terceiro título do ano. E usou para isso um chavão que acompanha o clube: "O time da virada".
"O Corinthians é assim mesmo, gosta de emoções fortes. Agora, o Santos é que é o favorito. Mas quando tudo indica o contrário, o Corinthians aparece. Não vou ficar divagando, agora é ganhar ou ganhar, mano."
Parreira lembrou de viradas históricas do time do Parque São Jorge. No cardápio motivacional do treinador, a principal delas foi o 2 a 1 sobre o próprio Santos nas semifinais do Paulista-2001.
"Aquele gol do Ricardinho, aos 47min do segundo tempo, foi muito marcante. Me lembro também do título de 1977. O Corinthians tem uma história de superação, e podemos fazer parte dela se vencermos por dois gols."
Ele também citou as semifinais do Brasileiro deste ano, contra o Fluminense, em que sua equipe venceu a partida decisiva por 3 a 2 após perder o jogo de ida por 1 a 0 e eliminou o rival carioca.
"Naquele jogo o Fluminense saiu na frente, e precisávamos fazer dois gols. Fizemos. O Santos é o favorito absoluto, mas temos uma chance de fazer história."
Não foi só o treinador que caiu nos braços da torcida corintiana ontem. Na onda de Parreira, os jogadores do clube também seguiram o receituário do chefe.
Nenhum deles reclamou dos incessantes pedidos de autógrafos, fotografias, beijos e abraços de uma acalorada torcida.
"Precisamos disso agora. Essa torcida jamais nos abandonou, e temos de jogar para ela no domingo", disse o zagueiro Fábio Luciano, um dos mais assediados ontem no Parque São Jorge.
O companheiro dele, Scheidt, que já foi alvo da ira da torcida, também estava se sentindo à vontade entre os corintianos que povoaram o clube ontem de manhã.
"É bom sentir esse calor humano antes de uma final. Precisamos disso. A torcida corintiana é maravilhosa. Agora vamos entrar totalmente concentrados."


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