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FUTEBOL
Time, que foi para Extrema à tarde, passa manhã perto do calor dos fãs
Corinthians leva "cobertor" para concentração em MG
EDUARDO ARRUDA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Corinthians está pronto." A
afirmação, feita pelo técnico Carlos Alberto Parreira, se refere à
parte técnica e tática do time que
foi derrotado pelo Santos na primeira partida final do Brasileiro.
Mas, então, o que mais fazer para vencer o rival por dois gols de
diferença e ficar com o título?
O frio time corintiano precisa
do calor de seus fanáticos torcedores. Com a palavra, o próprio
Parreira: "Nós temos de sentir essas emoções, a transferência de
sentimentos que o torcedor tem",
declarou o técnico corintiano.
Se a idéia é se apoiar no torcedor
para tentar esfacelar a vantagem
santista, Parreira, pouco afeito ao
contato físico com a torcida, fez
isso com propriedade ontem, antes do embarque da delegação para Extrema (MG), onde a equipe
irá se preparar para a finalíssima.
No Parque São Jorge, ele parecia
mais um político em campanha
do que o treinador do Corinthians. Pacientemente, atendeu,
um a um, os torcedores que o
abordavam. No percurso entre o
estacionamento e o restaurante
do clube (pouco mais de 100 m),
tirou fotos, distribuiu beijos e
abraços, deu entrevistas.
E falou como torcedor.
"É até difícil descrever. É um
sentimento muito forte. Ser corintiano não é status, não é um
modo de vida, é uma religião",
disse, em tom emocionado, abraçado a uma torcedora.
Enquanto Parreira fazia o corpo
a corpo com a torcida, do lado de
fora do clube, outros corintianos
formavam uma enorme fila em
volta das bilheterias do Parque
São Jorge para comprar ingressos
para a decisão de domingo.
Parreira ainda fez questão de
enfatizar diante dos fãs que o rodeavam que é possível conquistar
o terceiro título do ano. E usou
para isso um chavão que acompanha o clube: "O time da virada".
"O Corinthians é assim mesmo,
gosta de emoções fortes. Agora, o
Santos é que é o favorito. Mas
quando tudo indica o contrário, o
Corinthians aparece. Não vou ficar divagando, agora é ganhar ou
ganhar, mano."
Parreira lembrou de viradas históricas do time do Parque São Jorge. No cardápio motivacional do
treinador, a principal delas foi o 2
a 1 sobre o próprio Santos nas semifinais do Paulista-2001.
"Aquele gol do Ricardinho, aos
47min do segundo tempo, foi
muito marcante. Me lembro também do título de 1977. O Corinthians tem uma história de superação, e podemos fazer parte dela
se vencermos por dois gols."
Ele também citou as semifinais
do Brasileiro deste ano, contra o
Fluminense, em que sua equipe
venceu a partida decisiva por 3 a 2
após perder o jogo de ida por 1 a 0
e eliminou o rival carioca.
"Naquele jogo o Fluminense
saiu na frente, e precisávamos fazer dois gols. Fizemos. O Santos é
o favorito absoluto, mas temos
uma chance de fazer história."
Não foi só o treinador que caiu
nos braços da torcida corintiana
ontem. Na onda de Parreira, os jogadores do clube também seguiram o receituário do chefe.
Nenhum deles reclamou dos incessantes pedidos de autógrafos,
fotografias, beijos e abraços de
uma acalorada torcida.
"Precisamos disso agora. Essa
torcida jamais nos abandonou, e
temos de jogar para ela no domingo", disse o zagueiro Fábio Luciano, um dos mais assediados ontem no Parque São Jorge.
O companheiro dele, Scheidt,
que já foi alvo da ira da torcida,
também estava se sentindo à vontade entre os corintianos que povoaram o clube ontem de manhã.
"É bom sentir esse calor humano antes de uma final. Precisamos
disso. A torcida corintiana é maravilhosa. Agora vamos entrar totalmente concentrados."
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