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FUTEBOL
A hora e a vez do São Paulo
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O São Paulo é o centro de
todas as atenções. Nesta
quarta-feira joga a semifinal do
Mundial de Clubes da Fifa, no Japão. E é aí que mora o perigo.
Todos esperamos o embate contra o Liverpool do extraordinário
meio-campista Gerrard, um time
que entre o Campeonato Inglês e
a Copa dos Campeões, até ontem,
tinha completado nove partidas
sem levar gol.
Mas São Paulo x Liverpool é jogo de cachorro grande e não será
nenhum exagero dizer que o tricolor é favorito, porque é melhor
que a equipe da terra dos Beatles.
Sim, o São Paulo tem o melhor
time do Brasil, o mais equilibrado
entre todos.
Com um belíssimo goleiro como
Rogério Ceni. Com dois ótimos laterais como Cicinho e Júnior. Como o excelente uruguaio Lugano
no meio da zaga. Com dois volantes que sabem marcar e jogar como os incansáveis Josué e Mineiro. Com dois atacantes capazes
como Grafite e Amoroso, que se
guardou para que este Carnaval
chegasse.
Falta um maestro, é verdade,
que Danilo às vezes consegue ser,
muitas vezes não consegue.
Tomara que esteja em fase de
conseguir, porque sabe.
Mas se falta o maestro no meio,
não falta um técnico sério no
banco, pouco chegado ao marketing, sóbrio e eficiente como é
Paulo Autuori.
E por que, então, o medo do jogo contra um adversário menos
badalado?
Porque é o jogo que se tem como
mera passagem, aquele de vitória
obrigatória, aquele que se não for
ultrapassado vira vexame.
E nós, latinos, morremos de medo do vexame. Com a própria seleção brasileira não é diferente.
Mil vezes pegar a Argentina pela
frente do que Honduras.
Pois o São Paulo terá de olhar
para o primeiro adversário como
se fosse um esquadrão. Não importa que Al terá pela frente, o
Ithiad ou o Alhi.
Sabem os corintianos como foi
difícil passar pelo Al-Nasser, no
primeiro Mundial da Fifa. E, aparentemente, também era galinha
morta. Não foi, como não será para o time do Morumbi. Ou até pode ser, depois do jogo acabado.
Antes, jamais.
Os egípcios do Al Ahly estão invictos há 55 jogos. Serão 56 se vencerem nesta manhã.
OK, contra quem, afinal? Mas
quem se desacostuma a perder
costuma vender caro uma derrota.
Já os árabes do Al-Ittihad, favoritos neste domingo, têm Pedrinho e Tcheco, jogadores que conhecem bem o São Paulo e que
certamente estarão catequizando
seus companheiros com a idéia de
que não é impossível vencer, contando até, talvez, com um certo
salto alto.
Por tudo isso, o jogo mais perigoso é o primeiro.
Campeões paulistas e tri da Libertadores, os são-paulinos têm
tudo para fechar o ano com chave
de ouro e fazer o clube se tornar o
primeiro brasileiro a ganhar também o tri mundial.
O que virá a calhar não só para
sua torcida, mas, também, para o
próprio futebol brasileiro às vésperas da campanha pelo hexacampeonato na Alemanha.
E precisava?
Presidente da Câmara dos Deputados e ex-presidente da CPI da
CBF/Nike, Aldo Rebelo (PC do B-SP) chamou a atenção, por sua
simples presença, na festa dos campeões da CBF. Aplaudiu e foi
aplaudido, mais aplaudiu que foi aplaudido. De quebra, avalizou a
gestão de Ricardo Teixeira a quem tanto combateu, a ponto de escrever um livro denunciando suas mazelas. Livro que foi proibido de
circular por iniciativa de Teixeira, que ainda processou a editora, Casa Amarela, a mesma que edita a revista "Caros Amigos". O que ganhou Rebelo ao avalizar o cartola cinco anos depois de tê-lo feito passar os piores momentos de sua vida? Voto, certamente, não foi, ao
contrário. Apenas, somou mais uma decepção aos que acreditaram
que o futuro seria diferente. Mas Lula não recebeu Kia Joorabchian
no Palácio do Planalto?
@ - blogdojuca@uol.com.br
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