São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

A hora e a vez do São Paulo

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O São Paulo é o centro de todas as atenções. Nesta quarta-feira joga a semifinal do Mundial de Clubes da Fifa, no Japão. E é aí que mora o perigo.
Todos esperamos o embate contra o Liverpool do extraordinário meio-campista Gerrard, um time que entre o Campeonato Inglês e a Copa dos Campeões, até ontem, tinha completado nove partidas sem levar gol.
Mas São Paulo x Liverpool é jogo de cachorro grande e não será nenhum exagero dizer que o tricolor é favorito, porque é melhor que a equipe da terra dos Beatles.
Sim, o São Paulo tem o melhor time do Brasil, o mais equilibrado entre todos.
Com um belíssimo goleiro como Rogério Ceni. Com dois ótimos laterais como Cicinho e Júnior. Como o excelente uruguaio Lugano no meio da zaga. Com dois volantes que sabem marcar e jogar como os incansáveis Josué e Mineiro. Com dois atacantes capazes como Grafite e Amoroso, que se guardou para que este Carnaval chegasse.
Falta um maestro, é verdade, que Danilo às vezes consegue ser, muitas vezes não consegue.
Tomara que esteja em fase de conseguir, porque sabe.
Mas se falta o maestro no meio, não falta um técnico sério no banco, pouco chegado ao marketing, sóbrio e eficiente como é Paulo Autuori.
E por que, então, o medo do jogo contra um adversário menos badalado?
Porque é o jogo que se tem como mera passagem, aquele de vitória obrigatória, aquele que se não for ultrapassado vira vexame.
E nós, latinos, morremos de medo do vexame. Com a própria seleção brasileira não é diferente. Mil vezes pegar a Argentina pela frente do que Honduras.
Pois o São Paulo terá de olhar para o primeiro adversário como se fosse um esquadrão. Não importa que Al terá pela frente, o Ithiad ou o Alhi.
Sabem os corintianos como foi difícil passar pelo Al-Nasser, no primeiro Mundial da Fifa. E, aparentemente, também era galinha morta. Não foi, como não será para o time do Morumbi. Ou até pode ser, depois do jogo acabado. Antes, jamais.
Os egípcios do Al Ahly estão invictos há 55 jogos. Serão 56 se vencerem nesta manhã.
OK, contra quem, afinal? Mas quem se desacostuma a perder costuma vender caro uma derrota.
Já os árabes do Al-Ittihad, favoritos neste domingo, têm Pedrinho e Tcheco, jogadores que conhecem bem o São Paulo e que certamente estarão catequizando seus companheiros com a idéia de que não é impossível vencer, contando até, talvez, com um certo salto alto.
Por tudo isso, o jogo mais perigoso é o primeiro.
Campeões paulistas e tri da Libertadores, os são-paulinos têm tudo para fechar o ano com chave de ouro e fazer o clube se tornar o primeiro brasileiro a ganhar também o tri mundial.
O que virá a calhar não só para sua torcida, mas, também, para o próprio futebol brasileiro às vésperas da campanha pelo hexacampeonato na Alemanha.

E precisava?
Presidente da Câmara dos Deputados e ex-presidente da CPI da CBF/Nike, Aldo Rebelo (PC do B-SP) chamou a atenção, por sua simples presença, na festa dos campeões da CBF. Aplaudiu e foi aplaudido, mais aplaudiu que foi aplaudido. De quebra, avalizou a gestão de Ricardo Teixeira a quem tanto combateu, a ponto de escrever um livro denunciando suas mazelas. Livro que foi proibido de circular por iniciativa de Teixeira, que ainda processou a editora, Casa Amarela, a mesma que edita a revista "Caros Amigos". O que ganhou Rebelo ao avalizar o cartola cinco anos depois de tê-lo feito passar os piores momentos de sua vida? Voto, certamente, não foi, ao contrário. Apenas, somou mais uma decepção aos que acreditaram que o futuro seria diferente. Mas Lula não recebeu Kia Joorabchian no Palácio do Planalto?


@ - blogdojuca@uol.com.br

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