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China aposta em testes e juventude para ser a melhor
País, que busca em Pequim pela 1ª vez vencer a Olimpíada, intensifica controles e forja nova geração longe das drogas
Para agência antidoping, Jogos são chance de país mudar imagem arranhada por causa dos resultados suspeitos na década de 90
DA REPORTAGEM LOCAL
A China planeja lutar contra
o doping em duas frentes. Por
um lado, aceitando a intensificação dos controles nos Jogos
de Pequim. Por outro, apostando em uma nova geração, criada longe de métodos obscuros
de preparação, responsáveis
por polêmicas no passado.
Para Dick Pound, presidente
da Wada (Agência Mundial Antidoping), após tantos escândalos de doping respingarem no
país, poucos acreditarão no
aparecimento de novas máquinas de performance esportiva.
O dirigente defende que, com
o arsenal disponível pela ciência, não será possível forjar outra geração de fraudadores.
"Creio que os chineses entenderam que a Olimpíada será
a grande chance de mostrar
uma nova imagem ao mundo.
Não será bem recebido se, de
uma hora para outra, surgirem
atletas sobre-humanos."
Pound acredita que a descoberta de doping na Escola de
Atletismo de Anshan, responsável por revelar destaques das
pistas na década de 90, ligou o
sinal de alerta nas autoridades.
"É muito embaraçoso encontrar isso em um de seus principais centros de formação. Muitos atletas não tinham sequer
consciência ao que estavam
sendo submetidos", diz ele.
Para o mandatário da Wada,
essa fraude é comparável ao caso Balco, laboratório dos EUA
fornecedor de drogas a atletas e
criador do THG, esteróide anabólico desenvolvido especialmente para burlar exames.
Receoso, Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico
Internacional, confessou ser
incapaz de prever qual será o
legado de Pequim-08. Mas espera que o evento mostre que
houve transformações locais.
"Os Jogos mudam os países
nos quais ocorrem. Não tenho
idéia ainda do que irá acontecer
lá. É impossível saber. Espero
que haja influências positivas."
Além de vencer pela primeira
vez a Olimpíada -ficou em segundo lugar no quadro de medalhas em Atenas-04-, a China
quer mostrar capacidade de
promover uma disputa limpa.
Por isso, aprovou a decisão
da Wada de intensificar o número de testes em Pequim.
Haverá aumento de 25% nos
controles em relação a Atenas,
Olimpíada que teve recorde de
25 atletas flagrados e cinco medalhas cassadas. Estima-se que
serão feitas 4.000 análises de
sangue e urina. É aumento significativo, já que em Sydney, há
seis anos, houve 2.000 testes.
Como ocorreu nos Jogos na
Grécia, as amostras serão coletadas a partir da abertura da Vila Olímpica, dias antes do início
dos Jogos, até a conclusão das
provas. Também haverá mais
coletas fora de competição.
A outra aposta chinesa para
promover sua "faxina" esportiva é na renovação da equipe. A
delegação que compete nos Jogos Asiáticos, em Doha, no Qatar, possui média de 23,3 anos.
Segundo o Comitê Olímpico
Chinês, dos 647 atletas, 64%
disputam seu primeiro evento
internacional importante.
"Queremos revelar talentos e
fazer com que eles sejam rapidamente absorvidos por nossas
equipes principais. Esses atletas precisam sentir como é uma
competição desse nível para estarem prontos para ter um ótimo desempenho nos Jogos de
Pequim", declara Feng Janzhong, vice-presidente do comitê.0
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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