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FUTEBOL
A voz do leitor
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
No final da coluna que publiquei na última quarta-feira, substituindo o insubstituível Tostão, pedi a opinião dos leitores sobre o controvertido tema
da qualidade do jogador brasileiro no futebol atual.
Pensei que talvez fosse um assunto batido, mas me enganei.
Recebi dezenas de mensagens, expressando as mais diversas opiniões. Seria impossível resumir
todas elas, e mais ainda tentar
chegar a uma conclusão.
Mas há consenso a respeito de
pontos específicos, sobretudo se
deixarmos de lado os raros casos
de torcedores locais que ainda
consideram o jogador brasileiro
acima de qualquer comparação
com os demais.
De modo geral, os problemas
detectados são os seguintes:
1) os jogadores profissionais
brasileiros, em sua maioria, têm
uma grande resistência em enfrentar suas eventuais deficiências técnicas. Com raríssimas exceções, existe muito pouco empenho no aperfeiçoamento técnico
individual;
2) outro ponto falho dos futebolistas brasileiros é sua falta de
consciência tática. Em decorrência, posicionam-se mal, movimentam-se pouco e não dão a
atenção devida à movimentação
dos companheiros e adversários
em campo.
3) faltam-nos hoje meio-campistas capazes de organizar o jogo
e ditar seu ritmo. Mesmo os mais
talentosos, como Alex, Djalminha
e Rivaldo, pecam pela falta de
mobilidade e de iniciativa.
4) valoriza-se demais, no Brasil,
o atacante, em detrimento dos zagueiros. Com isso, formamos poucos zagueiros realmente bons, que
saibam se colocar, tenham domínio técnico, bom passe e habilidade para sair jogando.
As causas apontadas para esses
problemas são inúmeras e, na
verdade, complementares. Vão
desde a irresponsabilidade de setores da mídia, que contribuem
para adular nossos atletas profissionais, estimulando sua indolência, até a violência impune, que
inibe a formação de jogadores ousados e criativos, sobretudo no
meio-de-campo.
Mas a principal causa das deficiências do futebolista brasileiro,
a julgar pela opinião dos leitores
(com a qual concordo), é a formação falha que ele recebe nas chamadas categorias de base e nos
primeiros anos de sua atividade
profissional.
Ainda são raros, no Brasil, os
profissionais qualificados para
trabalhar na formação e treinamento de jovens atletas. Normalmente essas categorias são entregues a funcionários desmotivados
e sem formação adequada.
O mau exemplo vem, como
sempre, de cima. Recentemente,
as categorias de base da seleção
brasileira foram colocadas nas
mãos do filho do coordenador
Antonio Lopes, por puro nepotismo. Ou seja, não se dá ao assunto
a importância devida.
Mas o próprio atleta profissional ainda pode e deve se aperfeiçoar. O engenheiro Ernesto Watanabe, meu amigo de longa data, lembra que o grande Falcão,
ainda nos tempos de Internacional, agradeceu publicamente a
Rubens Minelli por tê-lo feito treinar especificamente cabeceios e a
jogar com a perna esquerda. Acho
que valeu a pena.
Outra coisa importante que foi
lembrada por vários leitores: o
atleta brasileiro não é estimulado
a raciocinar taticamente, a "pensar o jogo".
Aliás, é estimulado a não pensar em nada -e isso é o mais grave de tudo.
Namoro antigo 1
Parece que Marcelinho está
negociando com a diretoria
uma possível volta ao Parque
São Jorge. Por que não? Seu
inimigo Luxemburgo já está
no parque rival. Ricardinho,
outro desafeto, deve ser vendido ou emprestado. Resta
acertar o dinheiro e saber o
que Parreira pensa. A torcida,
tenho certeza, receberia o
atleta de braços abertos. Passadas as rusgas, ficou apenas
a lembrança das alegrias. Como nos velhos namoros.
Namoro antigo 2
No Parque Antarctica, quem
parece prestes a voltar é o
meia Alex, se o Parma deixar.
É outro que deve ser bem recebido pela torcida palmeirense, cansada de ver o time
jogar uma bola quadrada,
principalmente depois da saída de Pedrinho (por contusão). Para o jogador, seria a
chance, talvez a última, de
mostrar que ainda pode ajudar o Brasil na Copa.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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