São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

A Libertadores vem aí

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

D os seis clubes brasileiros que estão na Libertadores-2006, três são candidatos ao título, em maior ou menor grau.
Favorito mesmo só o São Paulo, por tudo e, principalmente, pela rapidez com que se recompôs.
É de longe o clube que melhor contrata e o time brasileiro mais temido pelos gramados da América, mesmo que não tenha nenhuma estrela assim dessas que jogam na seleção brasileira.
Time equilibrado, com jogadores inteligentes e respaldo da direção, o tetra é bem possível.
Depois do São Paulo, vem o Corinthians e seu trauma na competição, agravado pelos problemas internos vividos pela parceria com a MSI e pela ausência de uma defesa mais confiável, algo que poderá ser compensado caso Mascherano volte bem.
Do meio para a frente, o Corinthians é o melhor de todos -só que seus cartolas são dos piores, sobreviventes graças aos Excel, HMTF e MSI da vida, que eles chutam sem pudor.
E tem o Internacional, um pouco esquecido nestes tempos de campeonatos estaduais, mas que, ao que tudo indica, está trabalhando bem para buscar um título que também o traumatiza (o Grêmio é bi). Manteve o bom time do ano passado e, além disso, convive com a proximidade dos hermanos em suas fronteiras.
Palmeiras e Goiás parecem candidatos, no máximo, a fazer boa figura -e olhe lá.
Marcos, Gamarra, Juninho e Edmundo formam uma espinha dorsal interessante e experiente, mas faltam atacantes e peças de reposição ao instável Verdão paulista.
Já o Verdão goiano mexeu demais em sua base da última temporada e, embora tenha feito bem em contratar Vampeta, não pode sonhar com vôos muito altos.
Finalmente, o Paulista. Se passar da primeira fase, já terá feito muito, demais mesmo.
O futebol brasileiro tem boas chances de ganhar novamente a competição, apesar dos sinais de recuperação do River Plate, agora sob o comando de Daniel Passarela, e de que cada vez mais os mexicanos são candidatos.
A seleção do México, aliás, deve ser vista com atenção para a Copa da Alemanha.
Não só porque seu progresso recente é incontestável, como porque talvez seja a equipe que mais tempo dedicará à preparação para a Copa, esforço que, por outro lado, deve prejudicar as equipes que estão na Libertadores.
Ricos e bem organizados, os clubes mexicanos só não chiam porque sabem o quanto pode significar, em prestígio e pesos, um triunfo do país na Alemanha. E, por favor, não ria do colunista (deixe para fazê-lo na Copa).
Hoje é dia de reviver bons tempos no Maracanã, quando o futebol carioca era até melhor do que o paulista. Por mais que Botafogo e América, juntos, não formem um grande time, o clima de nostalgia justifica que os olhos se voltem para a decisão da Taça Guanabara.
Já no Morumbi, Corinthians e Santos farão um clássico desigual, culpa do Santos, que se desfez.

Guerreiro
Após 13 anos como editor de Esportes desta Folha, Melchiades Filho, também colunista de basquete, deixa o posto em busca de novas façanhas. Algo que não pode passar sem registro. Porque Melk abriu o caminho da cobertura sistemática dos bastidores do esporte na imprensa diária do país, sem medo de enfrentar a crítica dos acomodados e, também, dos promíscuos sempre de costas aos direitos dos leitores e obrigação dos jornalistas. Melk deixa uma lição indelével de bom jornalismo, além de deixar régua e compasso, exemplo raro daquilo que Brecht definiu como típico dos homens imprescindíveis. E que não comemorem os poderosos, porque não vem refresco por aí. Bons exemplos, às vezes, frutificam, e, aqui, é exatamente disso que se trata. A luta, caro leitor, continua. Como diz o Melk, pau!
e-mail: blogdojuca@uol.com.br

Texto Anterior: Azarão já organiza celebração
Próximo Texto: Tênis: Davis em BH sela paz entre cartolas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.