São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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JUCA KFOURI

Um, dois, três, o Corinthians é...

Do clássico do Morumbi ao direito do torcedor, passando pela escolha da roupa e do rumo no jornalismo hoje

TABU NÃO existe em futebol.
Pelo menos no sentido de escrita, de rotina, como se usa... rotineiramente.
Tabu é algo sagrado. Ou proibido. Escrita, sim, existe, e é o que acontece há quatro anos entre São Paulo e Corinthians.
E que, no caso, tem explicação óbvia: o São Paulo tem sido superior ao adversário, como foi ontem, claramente. E é melhor porque tem bem mais qualidade, coletiva e individualmente.
O lance do segundo gol fala por si mesmo: Marquinhos no mano a mano com Aloísio é covardia.
O primeiro também foi exemplar.
A bola era defensável, mas o goleiro alvinegro é o Marcelo, não o Rogério, que fez o segundo gol no pênalti cometido por Marquinhos em Aloísio e certamente evitaria o de Lenílson, em chute cruzado, mas fraco.
E olhe que o Corinthians não fazia feio até sofrer o primeiro gol. Só que o São Paulo compete com muito mais competência, eis a diferença que desequilibra. E faz bonito.
O tabu que desafia o Parque São Jorge é de outra ordem, da contaminação pelo dinheiro sem origem conhecida, como se tivesse praticado um incesto e pagasse caro por isso.
Já a escrita tem três cores e três gols, como no último de Leandro, descontado depois por Wilson, com garra, mas inutilmente.

Etiqueta
Então, ficamos assim: não é de bom tom ir de smoking a um jogo de futebol. Nem de terno e gravata a um baile de Carnaval.
Pega mal ir de macacão e agasalho esportivo a um enterro e pega pior ainda freqüentar uma igreja de camisa estampada. Que é permitida em bailes de Carnaval, assim como à beira da praia. E smokings em bailes de formatura. E ternos até em jogos de futebol, assim como macacões e agasalhos esportivos.
É tudo uma questão pura e simples de adequação. E, principalmente, de discrição. E ser discreto é sempre elegante.
Ética
Já o cinismo parece não conhecer limites nestes tempos em que até ex-miss Brasil faz trabalho de conclusão de curso, em escola de jornalismo, para defender a indefensável idéia de que jornalista pode ser garoto-propaganda.
E passa de ano!

Cidadania
Quatro torcedores do eixo Rio-São Paulo já ganharam quatro ações contra a CBF por terem se sentido fraudados pela anulação de jogos do Brasileiro de 2005.
Ganharam na Justiça causas que foram avaliadas de R$ 2.000 a R$ 12 mil. Coisa de R$ 20 mil, as quatro somadas. Os juízes não têm titubeado sobre de quem é a responsabilidade pela organização do campeonato e têm se valido ou do Estatuto do Torcedor ou do Código de Proteção ao Consumidor.
A CBF até poderia argumentar que também foi vítima e que não há como prevenir que um árbitro cometa deslizes éticos. Poderia, em tese, mas não no caso de Edílson Pereira de Carvalho. Porque ele já havia sido flagrado ao falsificar seu diploma de segundo grau para apitar em São Paulo.
Nem por isso foi eliminado do quadro de árbitros da CBF. Pior: ainda foi indicado pela entidade para o quadro da Fifa. Que, como se sabe, tem na vice-presidência da Comissão de Arbitragem o presidente da CBF.
É imperdoável.
Quem tiver como provar que gastou dinheiro em quaisquer dos 11 jogos anulados pode ainda acionar a CBF -ou nos tribunais de pequenas causas, que prescindem de advogados, ou por meio de um.


blogdojuca@uol.com.br

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