São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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JUCA KFOURI

Votar no menos ruim


O Corinthians, clube mais popular de São Paulo, vai às eleições com três candidatos que não empolgam


FRANCO MONTORO , saudoso governador de São Paulo, dizia que, quando você não gosta de ninguém numa eleição, deve votar naquele que seja o menos ruim.
É exatamente como vejo a eleição presidencial no Corinthians, a primeira com os sócios, cerca de 10 mil, votando diretamente para presidente, o melhor passo dado pela atual gestão, embora, é claro, seja muito pouco sócio para expressar de fato a opinião da Fiel.
Muita gente tem estranhado que, neste espaço, um corintiano tenha apoiado com entusiasmo a candidatura de Luiz Gonzaga Belluzzo à presidência do Palmeiras e se cale diante da eleição alvinegra.
Pois o silêncio está quebrado antes da eleição neste sábado. Mas não há nenhum Belluzzo na eleição corintiana, infelizmente. Na verdade, aliás, tanto na chapa da situação quanto na mais cotada da oposição, há dois candidatos à vice-presidência mais palatáveis que os candidatos à presidência, caso de Manoel Cintra, na chapa de Andrés Sanchez, e de Roque Citadini, na de Paulo Garcia.
Porque Sanchez marcou sua gestão pela estupenda reforma do estatuto e pela obrigatória volta à Série A nacional, sem cumprir a maior parte das promessas que fez, sem honrar a transparência que apregoou, cercado de contraventores que passaram a ser seus porta-vozes e incapaz de conduzir o time de futebol à superação, que seria a conquista da Copa do Brasil.
A aventura Ronaldo é ainda uma enorme interrogação e a falta de patrocínio preocupa, embora possa ser anunciada, dizem, a qualquer momento, até como golpe eleitoral. Na oposição, uma das chapas, a de Osmar Stábile, é tão inexpressiva que parece de aluguel, para enfraquecer a que teria chance. Sim, registre-se que a situação é favorita disparada.
A chapa de Garcia prima por ser inodora, que não fede, o que é ótimo, mas também não cheira. Garcia, com quem tive, há 21 anos, séria divergência no campo de seu comportamento pessoal e que acabou com vitória minha na Justiça, sem dúvida amadureceu muito de lá para cá. E está repleto de boas intenções, além de ter, como Sanchez, um vice (com quem me dou bem) de respeito e muito mais enfronhado nas coisas do clube. Porque, enquanto Cintra respira o banco que preside, Citadini transpira corintianismo não é de hoje e teve, diferentemente de Sanchez, Cintra etc, a coragem e a clareza de se opor à MSI.
O leitor que não é bobo nem nada já percebeu qual seria a minha escolha caso eu fosse votar, coisa que posso fazer, por ser sócio remido benfeitor, por arte e graça dos tempos da "Democracia Corinthiana".
Só que não irei, porque, se Franco Montoro tinha razão, mais certo ainda está o regime que não obriga ninguém a votar, um alívio quando não há entusiasmo. Além de ajudar na independência crítica, algo que até o professor Belluzzo está cansado de saber, porque passou a ser alvo. Ele que ouviu de Lula um alerta, sobre o pantanoso mundo do futebol: "Cuidado, se distinga".
Que contemporiza. Por quê?

Kirrata
O Borussia Dortmund foi campeão mundial em 97, e não em 98.

blogdojuca@uol.com.br


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