São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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OLIMPÍADA
Marcelo Apovian, 25, é o único atleta do país nos Jogos de Inverno
Brasileiro desce montanha a 100 km/h em Nagano

FERNANDA PAPA
da Reportagem Local

O esquiador Marcelo Apovian, 25, fará em pouco mais de um minuto e meio, na noite de hoje, o que levou cerca de 16 anos para conseguir: descer uma montanha de neve, participando de uma Olimpíada de Inverno.
Apesar de ser sua segunda experiência nesse tipo de competição, o único representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Nagano conta nessa entrevista à Folha porque sua participação nessa competição é mais especial.
Ele disputa, a partir das 23h15 (10h15 de amanhã no Japão), a prova de esqui a super-gigante.

Folha - O que espera da prova?
Marcelo Apovian -
Não vai ser uma prova das mais difíceis porque a pista de Hakuba (norte de Nagano) é favorável. O grau de desnivelamento não é tão grande, apesar de as curvas serem fortes e velozes. A velocidade deve chegar a 100 km/h, no máximo.
Folha - Qual a sua expectativa de colocação?
Apovian -
Se eu ficar entre os 50 primeiros, numa prova que deve ter uns 100 concorrentes, estarei satisfeito. Não dá para querer competir com austríacos, canadenses, italianos, suíços. Eles têm o ano todo para treinar. Eu tenho, no máximo, três meses por ano.
Folha - Qual é o significado de estar na Olimpíada?
Apovian -
É uma vitória, mais importante do que da outra vez, em Albertville-92, pois agora vim depois de fazer o índice olímpico.
Folha - Qual o índice exigido para competir em Nagano?
Apovian -
No esqui, funciona assim: quanto menos pontos você tiver, melhor. Então o primeiro do mundo tem 0. O índice era 140 pontos, resultado que deveria ser obtido em pelo menos duas competições oficiais. Fiz 124.
Folha - Qual é o seu nível no esqui para essa prova?
Apovian -
Estou na média dos sul-americanos, entre os dez melhores, só atrás de uns quatro chilenos e de uns quatro argentinos.
Folha - De quantas competições você participa a cada ano?
Apovian -
Fiz 20 e poucas em 97. O normal é disputar 40, 50.
Folha - Com que dinheiro e onde você treina?
Apovian -
Tenho um patrocínio da Petrobrás e, às vezes, pago com meu dinheiro, ou o meu pai ajuda. Prefiro Cortina d'Ampezzo, na Itália, e Valdisère, na França, mas vou mais para os EUA. Viajo muito a convite das estações de esqui; fica mais fácil assim.
Folha - Quanto você gasta?
Apovian -
Gasto uns R$ 4.000 para 30 dias de treinos. Não sei quanto custa para turistas.



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