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OLIMPÍADA
Marcelo Apovian, 25, é o único atleta do país nos Jogos de Inverno
Brasileiro desce montanha
a 100 km/h em Nagano
FERNANDA PAPA
da Reportagem Local
O esquiador Marcelo Apovian,
25, fará em pouco mais de um minuto e meio, na noite de hoje, o
que levou cerca de 16 anos para
conseguir: descer uma montanha
de neve, participando de uma
Olimpíada de Inverno.
Apesar de ser sua segunda experiência nesse tipo de competição,
o único representante do Brasil
nos Jogos Olímpicos de Nagano
conta nessa entrevista à Folha
porque sua participação nessa
competição é mais especial.
Ele disputa, a partir das 23h15
(10h15 de amanhã no Japão), a
prova de esqui a super-gigante.
Folha - O que espera da prova?
Marcelo Apovian - Não vai ser
uma prova das mais difíceis porque a pista de Hakuba (norte de
Nagano) é favorável. O grau de
desnivelamento não é tão grande,
apesar de as curvas serem fortes e
velozes. A velocidade deve chegar
a 100 km/h, no máximo.
Folha - Qual a sua expectativa de
colocação?
Apovian - Se eu ficar entre os 50
primeiros, numa prova que deve
ter uns 100 concorrentes, estarei
satisfeito. Não dá para querer
competir com austríacos, canadenses, italianos, suíços. Eles têm
o ano todo para treinar. Eu tenho,
no máximo, três meses por ano.
Folha - Qual é o significado de
estar na Olimpíada?
Apovian - É uma vitória, mais
importante do que da outra vez,
em Albertville-92, pois agora vim
depois de fazer o índice olímpico.
Folha - Qual o índice exigido para competir em Nagano?
Apovian - No esqui, funciona
assim: quanto menos pontos você
tiver, melhor. Então o primeiro do
mundo tem 0. O índice era 140
pontos, resultado que deveria ser
obtido em pelo menos duas competições oficiais. Fiz 124.
Folha - Qual é o seu nível no esqui para essa prova?
Apovian - Estou na média dos
sul-americanos, entre os dez melhores, só atrás de uns quatro chilenos e de uns quatro argentinos.
Folha - De quantas competições
você participa a cada ano?
Apovian - Fiz 20 e poucas em
97. O normal é disputar 40, 50.
Folha - Com que dinheiro e onde
você treina?
Apovian - Tenho um patrocínio
da Petrobrás e, às vezes, pago com
meu dinheiro, ou o meu pai ajuda.
Prefiro Cortina d'Ampezzo, na
Itália, e Valdisère, na França, mas
vou mais para os EUA. Viajo muito a convite das estações de esqui;
fica mais fácil assim.
Folha - Quanto você gasta?
Apovian -Gasto uns R$ 4.000
para 30 dias de treinos. Não sei
quanto custa para turistas.
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