São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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EUA, com goleiro míope, festejam feito inédito

do enviado a Los Angeles

Foi a primeira vitória norte-americana sobre o Brasil em todos os tempos. Até então, as duas seleções haviam se enfrentado oito vezes: oito vitórias do Brasil.
A única vez que a seleção brasileira havia levado gols do adversário foi em 1930, no primeiro confronto entre os times (4 a 3 para o Brasil). Por tudo isso, a vitória na Copa Ouro foi comemorada como se fosse um título mundial.
""Essa vitória sobre o Brasil, as vitórias sobre a Argentina (3 a 0) na Copa América de 95 e sobre a Colômbia (2 a 1) no Mundial de 94 são os maiores feitos da história do futebol norte-americano e os momentos mais felizes da minha vida", disse o técnico dos EUA, Steve Sampson.
""Estou orgulhoso dos meus jogadores. O mérito é todo deles", acrescentou. Segundo Sampson, ""o dia especial será desfrutado por apenas 24 horas".
""Meus jogadores querem mais. Querem o título do torneio no domingo e uma boa participação na Copa do Mundo. Para isso, precisamos manter a confiança", disse.
O treinador norte-americano disse que o Brasil teve mais posse de bola, mais chances de gol, mas os EUA mereceram o resultado.
""Mostramos que é possível ganhar assim. Mas mais importante que o resultado é a maneira como jogamos, sem medo."
Goleiro míope
Os heróis da vitória foram o atacante Preki, iugoslavo naturalizado que já havia feito o gol da classificação contra a Costa Rica, e, principalmente, o goleiro Kasey Keller, que joga no Leicester, da Inglaterra.
""Keller foi demais. Será que ele precisa mesmo de óculos?", brincou Sampson. Com uma pequena miopia, o goleiro, fora de campo, usa óculos.
""Eu estava na minha noite, e o Romário não estava na dele", disse Keller, com simplicidade.
A alegria do goleiro só não foi completa porque ele perdeu a votação de melhor jogador do ano ontem, feita por 190 jornalistas, para o zagueiro Eddie Pope.
Keller rebateu a argumentação de que o Brasil perdeu porque estava desfalcado. ""Os EUA também jogaram com baixas, afinal, Claudio Reyna não estava em campo", afirmou o goleiro.
O meia Claudio Reyna, 24, joga no Wolffburg, da Alemanha, e não jogou na Copa Ouro porque estava contundido. Mas Reyna deve disputar a final da competição, no domingo, às 23h (em Brasília).
Reyna é o símbolo da renovação promovida pelo técnico Sampson, que colocou jogadores que disputaram a Copa de 1994, como o zagueiro Balboa, meia Tab Ramos e volante Dooley, na reserva e deu lugar a jogadores menos experientes entre os titulares.
Nessa lógica, o autor do gol de ontem, Preki, de 34 anos, é considerado apenas um ""talismã" e, segundo o técnico dos EUA, ainda não tem lugar garantido na Copa da França.
Preki joga no Kansas City Wizards pela MSL (Major Soccer League), a liga dos EUA. (AR)


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