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LEGISLAÇÃO
Governo e deputados ligados a clubes divergem sobre o texto
Racha adia a votação da MP79 no Congresso
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na pauta da Câmara ontem, a
votação da medida provisória 79
foi transferida para hoje devido,
principalmente, a divergências
dentro do próprio governo e com
deputados ligados a clubes. Alguns pontos da MP não alcançaram um consenso ontem, e uma
nova reunião nesta manhã entre
os representantes dos partidos foi
agendada para esse fim.
Como o prazo para que fosse
votada venceu ontem, a MP79 já
está trancando a pauta da Câmara. Aprovada, irá ao Senado.
Ontem à tarde, o deputado federal Gervásio Silva (PFL-SC), relator da MP79, apresentou aos
congressistas uma versão do projeto de conversão, não definitiva,
à que a Folha teve acesso. Entre os
pontos que desagradaram a alguns deputados da base governista estava o artigo que equipara o
desporto ao patrimônio cultural
brasileiro e que diz que, como tal,
ele faz jus aos benefícios fiscais
previstos na Lei Rouanet (1991).
A lei permite que empresas e
pessoas físicas abatam de seu Imposto de Renda de 30% a 80% dos
valores destinados a doações e patrocínios de projetos culturais
aprovados por uma comissão.
Esses deputados entendem que
o esporte deve se beneficiar por
uma lei específica, amplamente
debatida, e não por uma emenda
em uma medida provisória.
Porém a adição de tal artigo havia sido uma sugestão, principalmente, do Ministério do Esporte,
cujo titular, Agnelo Queiroz, tem
defendido, desde antes de assumir, a necessidade de uma lei de
benefício fiscal para o esporte.
Outro ponto de divergência diz
respeito às transferências de jogadores e ao ressarcimento dos custos do atleta amador. Clubes e deputados a eles ligados estariam
pressionando o relator para tentar ampliar seus benefícios.
O governo deseja acertar com
os representantes dos partidos essa questão para que não surjam
emendas a respeito no plenário.
A intenção é entregar o projeto
praticamente pronto. No máximo
dois ou três assuntos poderiam
ser submetidos à votação, em separado, na Câmara.
Em última instância, questões
polêmicas serão retiradas em
acordo que adiará a discussão para o Estatuto do Desporto, projeto
de lei mais amplo que deve entrar
na pauta do Congresso ainda neste semestre e que deve nortear a
atuação do governo na área.
Outros partidos
Ontem, o PFL, legenda do relator, não apresentou restrições em
relação ao projeto de conversão.
Também de oposição ao governo,
o PSDB teria concordado com o
adiamento por duas razões.
Primeiro, porque teria desagradado ao partido a retirada de artigos do texto original da MP que
induziam os clubes a se tornarem
empresas e os sujeitavam a dispostos do novo Código Civil.
No projeto, os clubes, mesmo
que não sejam empresas, se sujeitam às normas destas para fins de
fiscalização, de ordens tributária e
previdenciária, entre outras.
Depois, porque o partido quis
ganhar tempo, pois decidiu que
só tomará uma posição a partir do
projeto final do relator, que só ficaria pronto no fim da tarde de
ontem. Essa "demora", aliás, também foi utilizada pelo governo
para justificar o adiamento.
Procurado pela reportagem, o
relator Gervásio Silva não respondeu ontem aos recados deixados
em seu gabinete em Brasília.
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