|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATLETISMO
Sem passar por reunião de comitê, federação recorre à Corte de Arbitragem do Esporte contra absolvição de atleta
Iaaf queima etapa para punir Maurren
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão sobre o caso de doping de Maurren Maggi, 27, virou
um imbróglio jurídico. A Iaaf, entidade que comanda o atletismo,
não manteve o resultado do julgamento no Brasil, que absolveu a
saltadora, e quer punir a atleta
com dois anos de suspensão.
O problema é que a decisão sobre o caso partiu da Comissão
Antidoping da Iaaf, responsável
por emitir um parecer técnico.
Pelas normas da entidade, essa
recomendação teria que ser discutida na próxima reunião do Comitê Executivo da federação, que
será nos dias 27 e 28, em Atenas.
Caso a decisão seja confirmada
nesse encontro, o recurso é enviado à CAS (Corte de Arbitragem
do Esporte), em Lausanne, na
Suíça, última instância de julgamento. Não é esse o procedimento adotado em relação à brasileira.
"A Comissão Antidoping decidiu não aceitar a absolvição do
julgamento feito no Brasil. O caso
irá direto para a CAS. Não será
discutido na reunião do Comitê
Executivo", disse à Folha István
Gyulai, secretário-geral da Iaaf,
quando questionado sobre o caso.
A iniciativa da federação pegou
de surpresa até o presidente da
Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo.
"Ainda não consegui falar com
ninguém. Amanhã [hoje], tentarei novo contato, mas o caso será
discutido no Comitê Executivo."
Pelas novas regras da Iaaf, a Comissão Antidoping tem autonomia para pedir recurso à CAS sem
necessidade de submeter sua decisão ao Comitê Executivo.
Porém esse regulamento só entrou em vigor neste mês e não poderia ser aplicado ao caso de
Maurren, flagrada no antidoping
para clostebol, um esteróide anabólico, em junho do ano passado.
"Há um princípio jurídico universal que diz que uma nova lei só
pode ser aplicada para beneficiar
o réu, não para prejudicá-lo", reclama Luciano Hostins, que defendeu a saltadora no julgamento
do TJD da CBAt, há dois meses.
Maurren, que treina em Montecarlo, alega que o clostebol encontrado em sua urina apareceu por
causa da contaminação pelo creme Novaderm, utilizado logo
após uma sessão de depilação.
A substância é um esteróide
anabólico, grupo de substâncias
que aumenta a força muscular.
"A Maurren me telefonou ontem [anteontem] para pedir que
eu continue na sua defesa. Ela falou que quer competir em Atenas
[em agosto]", contou o advogado.
Caso a Iaaf mantenha sua decisão, a defesa da brasileira tem até
a possibilidade de anular a infração por doping. Hostins pode entrar com recurso alegando que a
federação internacional não seguiu o procedimento adequado.
Se o pedido for aceito, o caso
voltaria à Iaaf para apreciação do
Comitê Executivo. "Mas aí a entidade perderia o prazo legal de recorrer da absolvição, que é de dois
meses", diz Thomaz Mattos de
Paiva, diretor jurídico da CBAt.
Hostins, por enquanto, lamenta
a iniciativa da federação de atletismo, mas admite que pode seguir a
estratégia sugerida por Paiva.
"Toda a defesa da atleta foi feita
com base no regulamento antigo.
Teríamos que mudar tudo. O que
faremos agora é questão de estratégia. Se o procedimento for errado, é uma possibilidade [pedir para que a documentação retorne à
Iaaf]", afirmou o advogado.
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Tênis: Oposição volta à Justiça para afastar Nastás Índice
|