São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Eu acredito em Ronaldos

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

N ão acredito em duendes. Nem na sinceridade da preocupação de Lula com Ronaldo, o Fenômeno.
Acho que o presidente da República está mais preocupado em faturar o possível sucesso do jogador na campanha pelo hexa, com vistas à sua campanha de reeleição. Não é o primeiro nem será o último político a fazer o mesmo, igualzinho aos outros como seu governo revela.
O Lula torcedor de futebol tem sido uma lástima, basta ver as alianças que fez com a CBF.
Mas acredito em Ronaldo. E até me assusto com o tom das críticas que tem recebido.
Que está jogando mal, fora de forma, com dificuldade até para uma simples matada de bola, é óbvio, e ele é o primeiro a saber.
Mas daí a duvidar de sua capacidade de recuperação vai enorme, incomensurável distância.
Porque a carreira de Ronaldo tem sido uma permanente volta por cima, como nenhum outro jogador de futebol de seu nível experimentou na história.
Ocioso enumerar por quê.
Mesmo assim, até hoje há quem diga que ele amarelou na final da Copa de 1998. Um absurdo.
Ele jogou, e muito bem, a Copa da França toda na base do sacrifício e pode ser acusado de tudo naquela desastrosa final, menos de ter amarelado.
Fosse pipoqueiro e não teria insistido tanto para disputá-la, talvez seu maior erro.
Já na Copa de 2002, fez o que fez, fenomenal.
Dois gols na final diante da Alemanha, oito em toda a Copa, artilheiro da competição, depois de ser apontado até por médicos como caso liquidado.
Acredito muito mais na possibilidade de que, mesmo inconscientemente, Ronaldo esteja se guardando para quando a Copa da Alemanha chegar.
Que os torcedores do Real Madrid reclamem é uma coisa, absolutamente compreensível.
Que os torcedores brasileiros peçam sua cabeça é demais.
Ronaldo irá para a Copa não como a estrela mais reluzente da companhia, posto que seu xará no diminutivo ganhou com todos os méritos e muito brilho.
E é também por isso que acredito ainda mais em Ronaldo.
Porque não será dele a responsabilidade maior, como em 1998 e em 2002, mas deste genial Ronaldinho Gaúcho.
E algo me diz que Ronaldo brilhará intensamente à sua sombra.
Pode até ser mais um desejo do que uma avaliação fria, mas pergunto: a trajetória de Ronaldo não permite acreditar em nova volta por cima?
Por que duvidar de quem já fez tanto e é ainda tão moço?
Que fique claro que não acho injustas as críticas e que as vejo com bons olhos, pelo que podem significar de estímulo para motivá-lo a calá-las.
Só estranho, repito, o tom, como se houvesse prazer em destruir um mito, algo assim como se faz com Guga, sem comparar os casos.
Acredito, enfim, que Ronaldo será fundamental para tentar ganhar uma Copa que se apresenta como quase impossível.

Jogar ou parar?

E discordo de Parreira, que pede ao Real Madrid que ponha Ronaldo para jogar. Porque ele não está em condições de ser titular e porque seu problema não é de falta de jogo, mas de falta de condicionamento físico. Precisa afinar (nutricionista nele!), treinar e refrescar a cabeça. Uma boa parada há de lhe fazer bem -e à seleção brasileira.

Cuidado!

O proprietário da Construtora WTorre Engenharia, com razão, afirmou ao diário esportivo "Lance!" que não quer o nome de sua empresa misturado ao da MSI no mais uma vez anunciado estádio do Corinthians. Mal sabe ele, no entanto, que o intermediário do clube alvinegro com quem negocia tem extensa ficha na Justiça. Basta consultá-la, pela internet.

E-mail: blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Técnico diz não suportar mais enfrentar Brasil
Próximo Texto: Xadrez: Modelo troca flashes por glória máxima no tabuleiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.