São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2010

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Ansioso, Schumacher reencontra seu habitat

"Não vejo a hora de sentar no carro", diz piloto, na volta ao paddock, no Bahrein

Aos 41 anos e 3 temporadas após deixar a F-1, alemão retorna à categoria pela Mercedes e ressalta o atual equilíbrio entre equipes

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SAKHIR

A um desavisado, a camiseta lembrava: "fastest" (o mais rápido). Tênis branco, calça jeans, cinto com fivela grande e o indefectível boné, Michael Schumacher caminhava tranquilamente pelo paddock barenita mascando seu chiclete.
O bom humor e o sorriso no rosto não deixavam dúvida. O maior campeão da história da F-1 está de volta a seu habitat.
Três anos após deixar a categoria, encontra cenário muito distinto. Novas equipes, novas regras, nova geração de rivais. Mas o heptacampeão se mostra tranquilo com o fato de hoje, com os treinos do GP do Bahrein, prova que abre o Mundial, começar a encarar o maior desafio da brilhante carreira.
Aos 41 anos, numa equipe de ponta, quer provar, também a si mesmo, que ainda é capaz de destruir recordes, como se acostumou a fazer nas 16 temporadas em que esteve na F-1.
"Não acho que este vá ser, necessariamente, o ano mais difícil que já tive", afirmou o alemão em seu primeiro evento oficial no Bahrein, uma entrevista em uma concessionária Mercedes na qual chegou com quase uma hora de atraso.
"Agora o cenário está diferente, há mais pilotos com chances de lutar por vitórias, mas, no fim, será sempre você contra um cara", afirmou, pausadamente, tom quase professoral. "O ponto principal é ter em mente que não vamos sair ganhando logo de cara e que o resultado que realmente nos interessa é o do fim do ano."
A tranquilidade a longo prazo vira ansiedade quando o assunto é a curto prazo. "Sinto como se fosse um menino de 12 anos", falou, antes de dizer que a diferença para sua outra estreia é que, em 1991, via os adversários, como Ayrton Senna e Alain Prost, como inatingíveis.
"Não imaginava poder lutar com eles e minha expectativa nunca foi a de conquistar tudo o que conquistei. Mas, com o tempo, percebi que eles eram só seres humanos com talentos excepcionais e hoje sei que ninguém é imbatível. Portanto, não há motivo para alguém achar que não pode me vencer", disse. "Não vejo a hora de sentar no carro e fazer o que sei."
O desejo de voltar a competir é tanto que foi motivo de piada de Felipe Massa na entrevista dada ao lado do alemão e dos campeões Fernando Alonso, Jenson Button e Lewis Hamilton. "Olha só como ele está ansioso. Veio até de macacão dar entrevista", brincou o ex-companheiro de Schumacher na Ferrari em 2006, que, como os outros, usava camiseta.
Mesmo ainda sendo uma incógnita, a volta do alemão virou tema obrigatório na F-1. De Alonso ao estreante Karun Chandhok, último piloto confirmado no grid de 2010, todos têm um pitaco a dar sobre o reinício de Schumacher.
A imprensa alemã, sempre numerosa, ganhou mais representantes para seguir o piloto da Mercedes. O que ele come, com quem fala, o que veste. Tudo é assunto em seu país.
No paddock, é uma espécie de popstar. Onde quer que vá, há sempre um batalhão atrás.
"Sim, senti muita falta disso", respondeu, irônico, ao ser questionado sobre o tratamento de celebridade e as perguntas sobre a vida fora das pistas. "Quer saber de verdade do que senti falta nesses anos? De ver as luzes se apagarem no grid."


NA TV - Treino livre do GP do Bahrein
Sportv, ao vivo, às 8h




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