São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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BOXE

Floyd Patterson, que usou disfarce após derrota, viu Tyson tirar-lhe recorde

Primeiro pesado a dar volta por cima morre nos EUA

Associated Press
Patterson se afasta após nocautear Johansson em 1960, quando recuperou o título dos pesados


EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Detentor de diversas marcas importantes na história dos pesados, morreu ontem aos 71 anos, em sua casa em Nova York, um dos mais psicologicamente complexos campeões da categoria, o americano Floyd Patterson.
Frágil emocionalmente, apesar das suas conquistas, Patterson usou barba postiça, após uma derrota, como disfarce para evitar o constrangimento de enfrentar a reação do público ao sair à rua.
Aos 21 anos, ele foi coroado o mais jovem campeão dos pesados da história ao derrotar o veterano ex-campeão dos meio-pesados Archie Moore. Em 1986, viu seu recorde ser derrubado por "Iron" Mike Tyson, então com 20 anos e, assim como ele, discípulo do rígido manager Cus Damato.
Porém, para superar sua marca, Tyson conquistou apenas uma fração do título mundial, o cinturão do Conselho Mundial de Boxe. À época de Patterson, havia apenas um cinturão em jogo, o que tornava a tarefa mais difícil.
Pequeno para a categoria máxima -pesava 86 kg para suas lutas e hoje seria considerado um peso-cruzador-, Patterson obteve também o feito de ser o primeiro peso-pesado a recuperar o título mundial ao bater em 1960 seu ex-carrasco, o sueco Ingemar "Martelo de Thor" Johannson.
Mas as imagens mais famosas de Patterson foram os dois violentos nocautes sofridos no primeiro assalto diante de Sonny Liston, ex-presidiário com fama de "mau" que lhe arrebatou o título mundial. Perdeu em 62 e 63.
Foi desobedecendo os conselhos de Damato que Patterson enfrentou seus próprios medos, seguiu a vontade popular e encarou Liston. Por isso, Damato deixou o pupilo -ele sabia que não seria páreo e não quis assistir à derrota.
Até então protegido ao extremo sob a batuta do guru, Patterson chegou a defender o título contra um pugilista que fazia sua estréia profissional. Foi em agosto de 57, contra o campeão olímpico Pete Rademacher, que pôs Patterson na lona no segundo assalto. Pagou sua ousadia ao sofrer seis quedas e ter a derrota decretada no sexto assalto, de 15 previstos.
Após se aposentar com um cartel de 55 vitórias (40 nocautes), 8 derrotas e 1 empate, Patterson -que sofrera a primeira derrota profissional para o ex-campeão dos meio-pesados Joey Maxin- passou a dar aulas de boxe e adotou o aluno e futuro campeão Tracy Harris Patterson.
Nos anos 90, assumiu a presidência da Comissão Atlética do Estado de Nova York. Sua gestão teve fim melancólico: acusado de ser portador do Mal de Alzheimer, em um teste surpresa Patterson confessou não se lembrar do nome de sua secretária e como havia ganho o título dos pesados.
Após ficar comprovado que era vítima da doença, foi afastado do cargo. Nos últimos anos, passou a sofrer de câncer na próstata.


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