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Gustavo Kuerten muda visual, mas mantém fama de garoto "família" e bem-humorado
As várias caras de um bom cara
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos dias, Gustavo
Kuerten mostrou um lado pouco
conhecido: em nome da concentração, recusou dar autógrafos ou
tirar fotos e saiu de quadra tapando o rosto com sua raquete. É como se ele, aproveitando a presença em Roland Garros, tivesse incorporado um ar parisiense.
Durante toda sua carreira, porém, ele vem cultivando a imagem de bom menino -primeira
impressão que ficou de seu sucesso repentino em 1997.
Os marketeiros logo se aproveitaram disso, afinal, um ""good
boy" tem melhor e mais durável
aceitação de público que o chamado ""bad boy".
O carisma de Kuerten foi conseguido com três ingredientes: sucesso na quadra, drama na família
e irreverência na atitude.
A morte do pai (teve um ataque
cardíaco quando atuava como
juiz de tênis) e a deficiência do irmão mais novo, Guilherme, deram tons dramáticos a sua carreira e foram muito explorados,
principalmente, por canais de TV.
O clima familiar, porém, foi garantido pela presença frequente
da mãe, Alice, nas competições.
Ela aparece revelando que o filho
adora morango com chantilly,
conversando com as candidatas à
nora ou fugindo das tribunas, de
tensão, quando o filho joga.
Por outro lado, Kuerten se mostra, na maioria do tempo, bem-humorado. Em entrevistas, adora
soltar gracejos. Quando questionado sobre ser o número 1 do tênis, respondeu: ""Continuo calçando o mesmo número 44".
Quando o convidaram para desfilar em um caminhão do Corpo de
Bombeiros no retorno a Florianópolis após Roland Garros-97, disparou: ""Só vai subir se a gente for
apagar um incêndio".
Os apelidos também ajudaram
na popularização. ""Guga" foi o
que mais pegou entre os fãs, mas
entre os amigos é tratado de
""Abutre" e ""Caverna".
Kuerten também adora chamar
os outros por apelido. Assim, o
russo Ievguêni Kafelnikov virou
""Kafelino", o austríaco Thomas
Muster, ""Mustarda", o norte-americano Michael Chang,
""Changai", e o espanhol Sergi
Brugera, ""Brugol".
Seus visuais foram tão ecléticos
quanto seu gosto musical, o que
fica simpático para seus seguidores. Ele surgiu com o cabelo comprido e bandana. Depois, cortou,
clareou, prendeu em um coque e,
finalmente, voltou ao estilo de
1997. Míope, ensaiou usar óculos.
Em termos musicais, é fã de reggae e de seu maior astro, o jamaicano Bob Marley. Mas gosta também de escutar coisas tão distantes quanto punk, axé music e pop
de Fábio Júnior ou Roupa Nova.
Quando o assunto é política,
Kuerten permanece ""em cima do
muro". Ele evita ser associado a
algum político ou partido. Um
episódio ilustra bem essa postura.
Na volta a Florianópolis após
vencer Roland Garros-97, Kuerten ficou temeroso que sua imagem ficasse relacionada com o então governador catarinense, Paulo Afonso Vieira (PMDB), que estava ameaçado de impeachment.
""Se ele ficar me abraçando muito,
entra no meio", instruiu seu staff.
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