São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2000


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Gustavo Kuerten muda visual, mas mantém fama de garoto "família" e bem-humorado
As várias caras de um bom cara

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos dias, Gustavo Kuerten mostrou um lado pouco conhecido: em nome da concentração, recusou dar autógrafos ou tirar fotos e saiu de quadra tapando o rosto com sua raquete. É como se ele, aproveitando a presença em Roland Garros, tivesse incorporado um ar parisiense.
Durante toda sua carreira, porém, ele vem cultivando a imagem de bom menino -primeira impressão que ficou de seu sucesso repentino em 1997.
Os marketeiros logo se aproveitaram disso, afinal, um ""good boy" tem melhor e mais durável aceitação de público que o chamado ""bad boy".
O carisma de Kuerten foi conseguido com três ingredientes: sucesso na quadra, drama na família e irreverência na atitude.
A morte do pai (teve um ataque cardíaco quando atuava como juiz de tênis) e a deficiência do irmão mais novo, Guilherme, deram tons dramáticos a sua carreira e foram muito explorados, principalmente, por canais de TV.
O clima familiar, porém, foi garantido pela presença frequente da mãe, Alice, nas competições. Ela aparece revelando que o filho adora morango com chantilly, conversando com as candidatas à nora ou fugindo das tribunas, de tensão, quando o filho joga.
Por outro lado, Kuerten se mostra, na maioria do tempo, bem-humorado. Em entrevistas, adora soltar gracejos. Quando questionado sobre ser o número 1 do tênis, respondeu: ""Continuo calçando o mesmo número 44". Quando o convidaram para desfilar em um caminhão do Corpo de Bombeiros no retorno a Florianópolis após Roland Garros-97, disparou: ""Só vai subir se a gente for apagar um incêndio".
Os apelidos também ajudaram na popularização. ""Guga" foi o que mais pegou entre os fãs, mas entre os amigos é tratado de ""Abutre" e ""Caverna".
Kuerten também adora chamar os outros por apelido. Assim, o russo Ievguêni Kafelnikov virou ""Kafelino", o austríaco Thomas Muster, ""Mustarda", o norte-americano Michael Chang, ""Changai", e o espanhol Sergi Brugera, ""Brugol".
Seus visuais foram tão ecléticos quanto seu gosto musical, o que fica simpático para seus seguidores. Ele surgiu com o cabelo comprido e bandana. Depois, cortou, clareou, prendeu em um coque e, finalmente, voltou ao estilo de 1997. Míope, ensaiou usar óculos.
Em termos musicais, é fã de reggae e de seu maior astro, o jamaicano Bob Marley. Mas gosta também de escutar coisas tão distantes quanto punk, axé music e pop de Fábio Júnior ou Roupa Nova.
Quando o assunto é política, Kuerten permanece ""em cima do muro". Ele evita ser associado a algum político ou partido. Um episódio ilustra bem essa postura.
Na volta a Florianópolis após vencer Roland Garros-97, Kuerten ficou temeroso que sua imagem ficasse relacionada com o então governador catarinense, Paulo Afonso Vieira (PMDB), que estava ameaçado de impeachment. ""Se ele ficar me abraçando muito, entra no meio", instruiu seu staff.


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