Equipes do grupo do Brasil inauguram hoje rivalidade que continuará nas eliminatórias para 2010

Australianos não vão mais disputar vaga pela Oceania, como ocorreu até esta Copa; insinuação de que seu time é violento irrita Hiddink

DO ENVIADO A ÖHRINGEN
E DO ENVIADO A KAISERSLAUTERN

O duelo já seria fundamental para as pretensões das duas equipes na Copa. Mas o confronto entre Austrália e Japão, hoje, em Kaiserslautern, tem também outra marca que o torna especial: trata-se do primeiro estágio de uma rivalidade que cresce no futebol.
Tudo porque os australianos passaram a integrar a Confederação Asiática: jogarão a Copa da Ásia e as eliminatórias do próximo Mundial contra a seleção hoje chefiada por Zico.
Para os japoneses, a chegada dos australianos no continente pode significar mais um rival duro na região rumo ao Mundial de 2010. "Tínhamos Japão, Coréia do Sul, Arábia Saudita e Irã [todos na Copa] como seleções de mesmo nível. Agora chegam a Austrália e a China em evolução. Todos vão disputar quatro vagas mais a repescagem no continente. Vai ficar certamente bem mais difícil se classificar para a Copa", analisa Go Yoshimuta, diretor da Nippon Television.
Se no futuro a previsão é de disputa apertada, no presente o clima não é mais ameno. Guus Hiddink, técnico australiano, reclamou ontem de um artigo publicado no jornal da Federação Japonesa de Futebol.
O texto criticava o estilo de jogo dos australianos e afirmava que os atletas são violentos. "Fiquei muito irritado por essas insinuações. As declarações foram feitas para influenciar o árbitro, e isso sim é jogar sujo."
Os australianos, aliás, foram os que pleitearam a mudança de continente e se mostram eufóricos com o que vem pela frente. "Alguns diziam que era fácil chegar à Copa nas eliminatórias da Oceania, mas tínhamos um mata-mata no final com um time forte [da América do Sul]. Um jogo ruim, como o que fizemos contra o Uruguai nas eliminatórias para 2002 [3 a 0 Uruguai], e tudo está perdido. Agora temos como nos recuperar de uma eventual partida ruim", afirma Stuart Hodge, assessor da seleção australiana.
Charles Dempsey, presidente honorário da Confederação da Oceania, disse à Folha antes da Copa que a saída da Austrália da região vai fortalecer os demais países do continente. "Eles ficavam à sombra da Austrália, que os intimidava."
Já Zico disse que o Japão está preparado para o duelo -o primeiro do grupo do Brasil.
"Eles podem vir para o jogo com uma formação ofensiva ou defensiva, não importa. Nós estamos prontos e sabemos o quão importante e decisivo esse duelo é para a nossa vida na Copa", afirma o brasileiro.
No histórico do confronto, a Austrália leva vantagem de uma vitória sobre o Japão. (RODRIGO BUENO E GUILHERME ROSEGUINI)