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Custo dos Jogos aumenta quase 800%
Pensando na candidatura olímpica do Rio, representantes dos governos defendem aumento de gastos
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A um mês e um dia para o seu
início, o Pan custa aos cofres
públicos pelo menos 793,72% a
mais do que estava previsto em
2002. Segundo dados oficiais
dos três financiadores governamentais (federal, estadual e
municipal), a conta pública dos
Jogos é de R$ 3,7 bilhões.
Quando o Rio conquistou o
direito de sediar o Pan há cinco
anos, os governos registraram
que gastariam R$ 414 milhões.
O documento enviado oficialmente aos dirigentes da
Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) é assinado
também pelo COB (Comitê
Olímpico Brasileiro).
A conta poderá crescer ainda
mais até a abertura dos Jogos,
no dia 13 de julho no Maracanã.
O principal pagador é o governo federal, que gastou R$ 1,8
bilhão. Pelo orçamento inicial,
a União iria desembolsar nem
8% disso -R$ 140 milhões.
O governo federal ainda foi
obrigado a emprestar dinheiro
para os outros dois parceiros.
Pelo projeto inicial, a Prefeitura do Rio gastaria R$ 242 milhões, e o governo estadual arcaria com "só" R$ 32 milhões.
Para ajustar os valores de
2002 divulgados em dólar, foi
feita a conversão para real pela
cotação da época e a atualização pelo IPC-Brasil, da Fundação Getúlio Vargas.
A fórmula mascara algumas
despesas com importações que
deveriam ter diminuído, mas
cresceram em virtude do fortalecimento da moeda nacional.
Na época, a previsão do custo
governamental era de 72% (ou
US$ 128,6 milhões). O restante
seria arrecadado da receita com
ingressos, patrocínio, mídia e
licenciamento de produtos.
Fora o estouro das contas,
nenhuma das arenas que abrigarão os Jogos está pronta.
Apesar disso, os governos federal, estadual e municipal defendem o custo dos Jogos.
O prefeito Cesar Maia atribui
o aumento da conta do Pan à
""mudança no projeto". ""Uma
coisa é a planilha para a candidatura. Outra é o que a cidade
vitoriosa deseja fazer. Em nosso caso, construímos equipamentos para a Olimpíada-2016
[o Rio é candidato]", disse. A
prefeitura contabiliza gastar
cerca de R$ 1,4 bilhão no Pan.
Ricardo Leyser, secretário-executivo do governo federal
para os Jogos, também ressalta
a importância de se pensar em
futuras candidaturas da cidade.
""O Brasil e o Rio estão ganhando uma boa infra-estrutura esportiva, um sistema de segurança avançado e know-how
para realizar futuras competições internacionais. Portanto,
não há por que o governo federal se arrepender dos investimentos", afirmou Leyser.
Apesar de o Ministério do Esporte ter informado a Folha
em março que gastaria R$ 1,5
bilhão no Pan, o secretário disse que "não houve novo aumento no orçamento".
O Co-Rio (o comitê organizador do Pan) seguiu a mesma linha de justificativas. Na sua
resposta, diz que ""não se pode
comparar o orçamento do projeto de candidatura com o atual
orçamento por serem projetos
distintos", referindo-se ao padrão olímpico do evento.
Procurado, o secretário estadual de Esporte, Eduardo Paes,
não foi localizado para comentar o valor da conta do RJ.
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