São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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FUTEBOL
Jogador conquistou são-paulinos comandando a equipe e ajudou a aumentar o interesse das mulheres pelo esporte
Aos 35 anos, Raí aposenta cérebro e corpo

DA REPORTAGEM LOCAL

Para os são-paulinos, Raí Souza Vieira de Oliveira, 35, fica na história do clube, após a aposentadoria anunciada ontem, como o ""cérebro" do premiado time do técnico Telê Santana.
Mas, para o público feminino, virou ídolo por algo mais concreto: seu corpo.
Sua empatia com as mulheres logo foi aproveitada pelo marketing. Ele foi garoto-propaganda de campanhas desde eletrodomésticos até chinelos.
Numa delas, ele aparecia em uma praia, tomando ducha só de calção -repetindo um cena várias vezes registrada nos vestiários após um treino ou jogo.
Ele pode ser apontado como um dos responsáveis pelo aumento do interesse feminino no futebol, que foi detectado por recente levantamento do Datafolha.
Ele também tem uma boa parcela de responsabilidade na ascensão são-paulina na virada dos anos 80 para os 90, que detonou um crescimento em sua torcida.
Raí chegou ao clube em 1987, vindo do Botafogo de Ribeirão Preto. Oito anos depois, se transferiu para o Paris Saint-Germain, da França. Nesse período, foi três vezes campeão paulista (1989, 1991 e 1992), uma vez brasileiro (1991), duas vezes da Libertadores da América (1992 e 1993) e uma do Mundial interclubes (1992).
Seu gol de falta, sobre o Barcelona, que determinou a vitória em Tóquio, ficou imortalizado no museu do clube com um superpôster. À época, o estádio são-paulino cantava o coro: ""Raí, Raí, o terror do Morumbi".
Ontem, ele anunciou sua decisão de deixar o futebol no mesmo clube que o lançou à fama. Seu retorno em 1998 foi triunfal de cara: ele chegou para a decisão do Paulista e marcou o gol do título sobre o Corinthians.
Mas logo viriam os problemas. O primeiro foi a vaia no Maracanã em 29 de abril de 1998, no amistoso contra a Argentina.
Raí tentava uma vaga na Copa de 1998 após ser um dos tetracampeões mundiais de 1994. O Brasil foi derrotado, e o meia teve de escutar o coro ""Raí, pede para sair".
Mas o principal percalço aconteceu três meses depois, quando, em uma disputa de bola com o cruzeirense Gottardo, se contundiu seriamente.
Ele teve que operar o joelho, ficou oito meses afastado do time, amargou a reserva no retorno a campo e teve sua condição de craque contestada quando errou dois pênaltis na semifinal do Brasileiro-1999. A torcida reclamava que seu desempenho em campo não acompanhava seu nível salarial -ganhava R$ 418 mil ao mês.
Nesse período também teve problemas familiares, com abalos em seu casamento e a gravidez de sua filha de 15 anos (o que lhe valeu o apelido de ""vovô Raí").
""Foram momentos difíceis dos quais eu saí engrandecido, consegui superar as dificuldades."
A carreira parecia caminhar para um fim decepcionante.
Em 2000, porém, ele voltou à boa forma técnica e física. Comprovaram isso a conquista do Paulista-2000 e a boa campanha na Copa do Brasil, em que foi vice. Agora, espera ser vencedor na Copa dos Campeões para fechar sua carreira com a última glória.
Nascido em uma família de classe média de Ribeirão Preto, e tendo como irmão o ídolo corintiano Sócrates, Raí era, e continua sendo, tratado pelos irmãos de ""pivete", por ser o caçula.
Revelado pelo Botafogo local, teve uma rápida passagem pela Ponte Preta (1986) e uma estadia de sucesso no Paris Saint-Germain (1993 a 1998), com títulos do Campeonato Francês, Copa da França e Recopa européia.
Fora de campo, já tentou a vida de empresário, mas desistiu. Manteve, em sociedade com irmãos, a empresa Raí Promoções, que organizou shows. Também tinha uma franquia da rede de CDs Planet Music.
Ele fechou os negócios e disse que só pretende retomar a vida empresarial mais para frente.
Outra iniciativa recente sua foi o projeto social ""Gol de Letra", em conjunto com o meia Leonardo, aplicado em bairros carentes de São Paulo e Niterói.


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