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FUTEBOL
Jogador conquistou são-paulinos comandando a equipe e ajudou a aumentar o interesse das mulheres pelo esporte
Aos 35 anos, Raí aposenta cérebro e corpo
DA REPORTAGEM LOCAL
Para os são-paulinos, Raí Souza
Vieira de Oliveira, 35, fica na história do clube, após a aposentadoria anunciada ontem, como o ""cérebro" do premiado time do técnico Telê Santana.
Mas, para o público feminino,
virou ídolo por algo mais concreto: seu corpo.
Sua empatia com as mulheres
logo foi aproveitada pelo marketing. Ele foi garoto-propaganda
de campanhas desde eletrodomésticos até chinelos.
Numa delas, ele aparecia em
uma praia, tomando ducha só de
calção -repetindo um cena várias vezes registrada nos vestiários
após um treino ou jogo.
Ele pode ser apontado como um
dos responsáveis pelo aumento
do interesse feminino no futebol,
que foi detectado por recente levantamento do Datafolha.
Ele também tem uma boa parcela de responsabilidade na ascensão são-paulina na virada dos
anos 80 para os 90, que detonou
um crescimento em sua torcida.
Raí chegou ao clube em 1987,
vindo do Botafogo de Ribeirão
Preto. Oito anos depois, se transferiu para o Paris Saint-Germain,
da França. Nesse período, foi três
vezes campeão paulista (1989,
1991 e 1992), uma vez brasileiro
(1991), duas vezes da Libertadores
da América (1992 e 1993) e uma
do Mundial interclubes (1992).
Seu gol de falta, sobre o Barcelona, que determinou a vitória em
Tóquio, ficou imortalizado no
museu do clube com um superpôster. À época, o estádio são-paulino cantava o coro: ""Raí, Raí,
o terror do Morumbi".
Ontem, ele anunciou sua decisão de deixar o futebol no mesmo
clube que o lançou à fama. Seu retorno em 1998 foi triunfal de cara:
ele chegou para a decisão do Paulista e marcou o gol do título sobre
o Corinthians.
Mas logo viriam os problemas.
O primeiro foi a vaia no Maracanã
em 29 de abril de 1998, no amistoso contra a Argentina.
Raí tentava uma vaga na Copa
de 1998 após ser um dos tetracampeões mundiais de 1994. O Brasil
foi derrotado, e o meia teve de escutar o coro ""Raí, pede para sair".
Mas o principal percalço aconteceu três meses depois, quando,
em uma disputa de bola com o
cruzeirense Gottardo, se contundiu seriamente.
Ele teve que operar o joelho, ficou oito meses afastado do time,
amargou a reserva no retorno a
campo e teve sua condição de craque contestada quando errou
dois pênaltis na semifinal do Brasileiro-1999. A torcida reclamava
que seu desempenho em campo
não acompanhava seu nível salarial -ganhava R$ 418 mil ao mês.
Nesse período também teve
problemas familiares, com abalos
em seu casamento e a gravidez de
sua filha de 15 anos (o que lhe valeu o apelido de ""vovô Raí").
""Foram momentos difíceis dos
quais eu saí engrandecido, consegui superar as dificuldades."
A carreira parecia caminhar para um fim decepcionante.
Em 2000, porém, ele voltou à
boa forma técnica e física. Comprovaram isso a conquista do
Paulista-2000 e a boa campanha
na Copa do Brasil, em que foi vice.
Agora, espera ser vencedor na Copa dos Campeões para fechar sua
carreira com a última glória.
Nascido em uma família de classe média de Ribeirão Preto, e tendo como irmão o ídolo corintiano
Sócrates, Raí era, e continua sendo, tratado pelos irmãos de ""pivete", por ser o caçula.
Revelado pelo Botafogo local,
teve uma rápida passagem pela
Ponte Preta (1986) e uma estadia
de sucesso no Paris Saint-Germain (1993 a 1998), com títulos do
Campeonato Francês, Copa da
França e Recopa européia.
Fora de campo, já tentou a vida
de empresário, mas desistiu.
Manteve, em sociedade com irmãos, a empresa Raí Promoções,
que organizou shows. Também
tinha uma franquia da rede de
CDs Planet Music.
Ele fechou os negócios e disse
que só pretende retomar a vida
empresarial mais para frente.
Outra iniciativa recente sua foi o
projeto social ""Gol de Letra", em
conjunto com o meia Leonardo,
aplicado em bairros carentes de
São Paulo e Niterói.
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