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Brasil remendado faz hoje contra o México sua estréia na Copa América
Seleção enfrenta o terror, com a obrigação de ganhar
Sem medalhões, sem treinos, sem líder e sem tranquilidade,
equipe de Scolari procura redenção em um torneio sem caráter
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FÁBIO VICTOR
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CALI
Bicampeã da Copa América e
principal candidata a mais um título, a seleção brasileira começa
hoje a lutar contra os seus problemas e o seu medo para conseguir
justificar o favoritismo.
Comandado pela primeira vez
por Luiz Felipe Scolari em um torneio oficial com mata-mata, o
Brasil enfrenta o México no estádio Pascual Guerrero, em Cali, às
21h45 (horário de Brasília).
Será a segunda partida de Scolari à frente da seleção.
Na estréia, o time perdeu por 1 a
0 para o Uruguai, em Montevidéu, pelas eliminatórias da Copa
do Mundo de 2002.
A seleção que vai a campo hoje é
um espelho da Copa América colombiana, a 40ª da história: desfalcada, improvisada e assombrada pelo terror dos guerrilheiros
que dominam o país.
Poucas seleções levaram à Colômbia seus principais jogadores.
Depois de ter sido adiada por causa do terrorismo e ressuscitada
por pressões dos patrocinadores,
a Copa América tomou anteontem outro duro golpe: a Argentina
oficializou sua saída da competição e foi substituída por Honduras. O Canadá já havia desistido,
sendo trocado pela Costa Rica.
Paraguai, Colômbia e Uruguai,
teoricamente os times mais fortes
ao lado do Brasil, terão na Copa
América elencos tão ou mais remendados que o de Scolari.
Nesse cenário, a seleção, em que
pese a ausência de muitos titulares e a "deserção" do volante
Mauro Silva no dia do embarque
à Colômbia, tem um grupo melhor do que a média do torneio e a
responsabilidade de ser a bicampeã da Copa América.
""Nós iremos para ganhar. Pensamos em vencer a Copa América
e organizar o grupo para o jogo
com o Paraguai", disse Scolari.
Em 1997, o time nacional conquistou o título na Bolívia, sob o
comando de Zagallo. Em 99, no
Paraguai, venceu a seleção de
Wanderley Luxemburgo.
Para chegar ao inédito tricampeonato, porém, o Brasil precisa
passar por cima do recorrente
problema do desentrosamento e
do seu medo. Os jogadores, que
viajaram para a Colômbia apavorados com a possibilidade de
atentados e sequestros, ainda se
ressentem da "deserção" de Mauro Silva, escolhido por Scolari para ser o líder da seleção.
Ele desistiu de ir à Colômbia no
aeroporto de Cumbica. Alegou
que sua decisão foi um protesto
político pela realização da Copa
América num país tão inseguro.
A seleção praticamente não se
preparou para o torneio. Em Cali,
anteontem e ontem, Scolari fez
trabalhos táticos com os atletas.
Os trabalhos, segundo o técnico,
não levaram em conta o jogo com
o México, mas o esquema que ele
considera ideal para o torneio.
Ciente dos problemas, o técnico
descartou o favoritismo da seleção e alertou para a importância
do jogo de hoje. Os dois primeiros
de cada um dos três grupos e mais
os dois melhores terceiros colocados vão às quartas-de-final.
Os outros rivais do Brasil no
Grupo B serão Peru, no domingo,
e Paraguai, na quarta-feira.
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