São Paulo, quinta-feira, 12 de julho de 2001

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Brasil remendado faz hoje contra o México sua estréia na Copa América

Seleção enfrenta o terror, com a obrigação de ganhar


Sem medalhões, sem treinos, sem líder e sem tranquilidade, equipe de Scolari procura redenção em um torneio sem caráter


FÁBIO VICTOR
SÉRGIO RANGEL


ENVIADOS ESPECIAIS A CALI

Bicampeã da Copa América e principal candidata a mais um título, a seleção brasileira começa hoje a lutar contra os seus problemas e o seu medo para conseguir justificar o favoritismo.
Comandado pela primeira vez por Luiz Felipe Scolari em um torneio oficial com mata-mata, o Brasil enfrenta o México no estádio Pascual Guerrero, em Cali, às 21h45 (horário de Brasília).
Será a segunda partida de Scolari à frente da seleção.
Na estréia, o time perdeu por 1 a 0 para o Uruguai, em Montevidéu, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002.
A seleção que vai a campo hoje é um espelho da Copa América colombiana, a 40ª da história: desfalcada, improvisada e assombrada pelo terror dos guerrilheiros que dominam o país.
Poucas seleções levaram à Colômbia seus principais jogadores. Depois de ter sido adiada por causa do terrorismo e ressuscitada por pressões dos patrocinadores, a Copa América tomou anteontem outro duro golpe: a Argentina oficializou sua saída da competição e foi substituída por Honduras. O Canadá já havia desistido, sendo trocado pela Costa Rica.
Paraguai, Colômbia e Uruguai, teoricamente os times mais fortes ao lado do Brasil, terão na Copa América elencos tão ou mais remendados que o de Scolari.
Nesse cenário, a seleção, em que pese a ausência de muitos titulares e a "deserção" do volante Mauro Silva no dia do embarque à Colômbia, tem um grupo melhor do que a média do torneio e a responsabilidade de ser a bicampeã da Copa América.
""Nós iremos para ganhar. Pensamos em vencer a Copa América e organizar o grupo para o jogo com o Paraguai", disse Scolari.
Em 1997, o time nacional conquistou o título na Bolívia, sob o comando de Zagallo. Em 99, no Paraguai, venceu a seleção de Wanderley Luxemburgo.
Para chegar ao inédito tricampeonato, porém, o Brasil precisa passar por cima do recorrente problema do desentrosamento e do seu medo. Os jogadores, que viajaram para a Colômbia apavorados com a possibilidade de atentados e sequestros, ainda se ressentem da "deserção" de Mauro Silva, escolhido por Scolari para ser o líder da seleção.
Ele desistiu de ir à Colômbia no aeroporto de Cumbica. Alegou que sua decisão foi um protesto político pela realização da Copa América num país tão inseguro.
A seleção praticamente não se preparou para o torneio. Em Cali, anteontem e ontem, Scolari fez trabalhos táticos com os atletas. Os trabalhos, segundo o técnico, não levaram em conta o jogo com o México, mas o esquema que ele considera ideal para o torneio.
Ciente dos problemas, o técnico descartou o favoritismo da seleção e alertou para a importância do jogo de hoje. Os dois primeiros de cada um dos três grupos e mais os dois melhores terceiros colocados vão às quartas-de-final.
Os outros rivais do Brasil no Grupo B serão Peru, no domingo, e Paraguai, na quarta-feira.



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