FABIO GRIJÓ
DA SUCURSAL DO RIO

A estrela do programa de Suzana Jimenez na TV argentina nos últimos dias foi uma unanimidade no país vizinho. Luciana Aymar, 29, apontada como a "Maradona" do hóquei sobre grama, não sai nas ruas sem dar autógrafos e posar para fotos. Na TV, ela encarou uma prova de circo, num exemplo de como virou celebridade. Líder das Leonas, apelido que nasceu em Sydney-00 para ressaltar a garra do time, ela chega ao último Pan da carreira. Seguirá na seleção só para tentar o ouro olímpico, em Pequim-08. "É um luxo integrar o time. Fizemos o hóquei ser o terceiro esporte na Argentina. Entre as mulheres, é o que preferem praticar", diz Aymar.
O fenômeno começou em 2000, quando as argentinas levaram a prata olímpica, em Sydney. Em 2002, elas faturaram o título mundial. Hoje, ostentam o bronze de Atenas-2004 e do Mundial-2006. O time reúne beldades que se dividem entre treinos e páginas de revistas. "Elas despertam a atenção no país", diz a chefe da equipe, Alejandra Palma. Em janeiro, o país abrigou o Champions Trophy, com os seis melhores times do mundo. A Argentina foi vice -média de público de 7.000 por jogo.
"Busco me divertir. Não fico pensando que sou uma das melhores", diz Aymar, escolhida três vezes a número 1 do mundo. Sobre comparações com Maradona, concorda. "É meu ídolo, o melhor do mundo. Temos semelhanças. O hóquei é, como o futebol, um jogo de contato. E jogo ofensivamente, como ele", diz a canhota Aymar, a porta-bandeira argentina, amanhã, na festa de abertura. As Leonas estréiam no domingo, diante do Brasil, que não tem tradição no esporte. Ontem, após o primeiro treino no Rio, Aymar posou para fotos com sete voluntários.
Mesmo badaladas, as jogadoras da seleção recebem R$ 700 por mês do governo argentino. Completam a renda trabalhando. A capitã Magdalena Aicega, por exemplo, é nutricionista. Após Pequim, pilares do time, como Aymar e Aicega, 33, irão se despedir.