São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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SUL-AMERICANO

Teste positivo tira ouro da meio-fundista Eliane Pereira nos 1.500 m

País tem recorde e doping em Jogos

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil encerrou ontem sua participação nos Jogos Sul-Americanos com mais medalhas de ouro na ginástica, boxe, taekwondo, tênis, tênis de mesa e futsal. Com isso, a delegação conseguiu a melhor campanha de um país na história da competição.
A equipe brasileira conquistou 146 medalhas de ouro, superando a Argentina que, nos Jogos de Rosario-1982, havia subido 114 vezes ao degrau mais alto do pódio.
No total de conquistas, o Brasil também foi superior todos os países na história dos Jogos. O time brasileiro ganhou 329 medalhas, superando a Argentina, que obteve 272 na competição de 1982.
A vitória brasileira é explicada, em parte, pelo inchaço da delegação, que teve 429 atletas -a Argentina, o segundo maior time, viajou com 298 competidores.
Por outro lado, na campanha de 1982, a Argentina havia conquistado 38,9% das medalhas em disputa. Mesmo com mais medalhas, o Brasil obteve 28,5% das conquistas dos Jogos-2002.
A diferença é que os Jogos-1982 distribuíram 699 medalhas, bem menos do que a edição deste ano, que concedeu 1.153 medalhas.
Em alguns esportes, como judô, atletismo e natação, o domínio brasileiro foi absoluto. No judô, o país ficou com 14 das 18 medalhas de ouro em disputa. Na natação, o Brasil obteve 21 dos 30 ouros.
A campanha vitoriosa do país foi parcialmente manchada ontem, com a divulgação do primeiro caso de doping dos Jogos.
A meio-fundista Eliane Cardoso Luanda Pereira, 19, que havia vencido os 1.500 m, teve exame positivo para estanozolol (esteróide anabólico), substância que aumenta a massa muscular.
O médico Júlio César Alves, que acompanha a atleta desde março, enviou à Comissão Antidoping dos Jogos Sul-Americanos uma lista de cinco suplementos nutricionais receitados a Pereira.
Segundo o médico, "o pré-hormônio androstene [uma das substâncias da lista" pode ser convertido em estanozolol".
A atleta perdeu a medalha e foi suspensa preventivamente. A chilena Eliana Vasquez, que havia ficado em segundo, herdou o ouro.
Agora, o caso da meio-fundista será julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
O médico, que confessou ter receitado uma substância proibida para a competidora, também pode receber algum tipo de punição.
"O caso nos surpreendeu por causa de o próprio médico ter confessado que levou a atleta ao doping. Vamos abrir uma sindicância para ele expor suas razões", afirmou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Até anteontem, a Comissão Antidoping dos Jogos havia realizado 178 controles na competição.


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