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pan 2003
Santo Domingo aproxima Brasil do recorde de medalhas em Pans, faz festa de dirigentes, mas não ilude atletas
PÉ NA TÁBUA, PÉS NO CHÃO
ADALBERTO LEISTER FILHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os atletas brasileiros em Santo
Domingo vão bem, abrem frente
na disputa pelo terceiro lugar com
o Canadá e se aproximam de bater o recorde de medalhas do país
em Jogos Pan-Americanos, mas,
ao contrário dos cartolas, não se
iludem com isso.
Após a chuva de pódios em
Winnipeg e o resultado ruim em
Sydney, uma medalha no Caribe é
celebrada, mas com ressalvas.
"Os Jogos Pan-Americanos são
importantes para a confederação
de ginástica e para o COB. Para
nós, o que vale mesmo é o Mundial", afirmou a ginasta Daiane
dos Santos, que ganhou um bronze no torneio por equipes.
"Achei a prova fraca. Com esse
tempo, não vou chegar a lugar nenhum", disse Hudson de Souza
após ganhar a medalha de ouro
nos 5.000 m no atletismo.
Hudson, um meio-fundista improvisado em uma competição de
fundo, é a imagem do baixo nível
das provas do Pan, opinião não
compartilhada pelo presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. "É prematuro fazer qualquer avaliação, mas o
nível do Pan é alto. México, Venezuela e Argentina cresceram. E o
Canadá é fortíssimo", disse ele.
A realidade, porém, depõe contra o dirigente. Após o fim das
provas do atletismo, houve oito
quebras de marcas do Pan em 46
provas. Mas nenhuma delas em
competições nobres. Para ter uma
idéia, João do Pulo, morto em 99,
é absoluto no salto triplo. Seus
17,89 m obtidos há 28 anos não foram superados por Yoandry Betanzo, que saltou 63 centímetros a
menos para garantir o ouro.
A ginástica artística, que levou
dez medalhas, enfrentou rivais
enfraquecidos. Os EUA enviaram
uma equipe B para preservar seus
principais atletas para o Mundial.
"Em termos de mídia, o Pan é
mais importante. Mas o que vai
dar vaga na Olimpíada é o Mundial", diz Daniele Hypólito, que
desistiu da prova de solo do Pan.
O basquete masculino levou o bi
após bater times debilitados. "Os
EUA não vieram com uma equipe
forte, e a República Dominicana
não foi um grande adversário na
final. O Pan serviu como empurrão. Nosso objetivo é o Pré-Olímpico", afirma o técnico Lula.
O remo disputou boa parte das
regatas contra o número mínimo
de barcos. No oito com, o país foi
inscrito de última hora para haver
cinco embarcações na disputa.
A mesma situação foi vivida nos
saltos ornamentais, com as brasileiras disputando a plataforma
sincronizada só para a prova
acontecer -ficaram em último.
Até Cuba, que dá valor ao Pan,
abriu mão de alguns esportes. A
festa de ontem, pelo triunfo do
handebol masculino, poderia não
ter acontecido se os tricampeões
dos Jogos tivessem viajado. "Normalmente, Cuba é favorita. Mas
eles não vieram. Isso abriu caminho para a conquista do Brasil",
festejou o técnico Alberto Rigolo.
Apesar da moderação sobre a
importância do Pan, o Brasil caminha para superar a marca de
Winnipeg-99. Ontem, com o handebol e o judô, o país chegou ao
19º ouro. Faltam sete para que o
país passe o Pan anterior. Após a
jornada, o país somava 77 medalhas, 24 a menos do que obteve no
Canadá, diferença que, pelo andar
da carruagem, deve se evaporar.
Só em esportes coletivos o Brasil
está em cinco finais ou semifinais
-futebol e vôlei com os dois sexos e handebol feminino. A natação, que em Winnipeg deu sete
ouros ao país, começou ontem
com quatro pódios brasileiros.
A superação das metas brasileiras só não está mais próxima pelo
desempenho das mulheres, que
contam com a maior representação da história do país em Pans.
Diferentemente de Winnipeg,
em que a delegação feminina evoluiu de forma mais vigorosa, são
os homens que brilham agora.
Já são 13 ouros em provas masculinas, o equivalente a 81% das
premiações desse tipo no Pan-99.
Em Santo Domingo, as brasileiras
subiram ao lugar mais alto do pódio seis vezes, ou 67% das vezes
que isso aconteceu em Winnipeg.
As mulheres estão longe de alcançar a diversidade de 99, quando ganharam ouro em oito modalidades. Agora, levaram em quatro. Os homens têm ouro em sete
esportes -foram seis no Canadá.
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