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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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Com vitórias da meio-pesado Edinanci Silva e do pesado Mário Sabino, esporte já detém 4 ouros em Santo Domingo

Desacreditados igualam judô ao atletismo

Sérgio Moraes/Reuters
A judoca Edinanci Silva tenta imobilizar a cubana Yurisel Laborde na luta em que conquistou sua primeira medalha de ouro em Pans


DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

Após um dia de conquistas das famílias de judocas, o Brasil voltou ao topo do pódio ontem com dois azarões, atletas que chegaram ao Pan desacreditados.
Edinanci Silva superou um histórico recente de cirurgias e maus resultados para vencer na categoria meio-pesado (até 78 kg).
Mário Sabino derrotou na final dos pesados (até 100 kg) o atual vice-campeão olímpico, o canadense Nicholas Gill, adversário que o vencera em fevereiro.
A um dia do fim das provas, que terminam hoje, o judô já tem nove medalhas -quatro de ouro, uma de prata e quatro de bronze. Junto com o atletismo, é a modalidade que mais ouros rendeu ao país neste Pan. A campanha supera a de Winnipeg-99 (um ouro, três pratas e seis bronzes).
Anteontem, o leve Luiz Camilo, irmão de Tiago Camilo, prata em Sydney-2000, e o meio-médio Flávio Canto, irmão do ex-judoca Pedro, já haviam triunfado.
Edinanci e Sabino tiveram que lutar só três vezes até o ouro. Na final, a judoca de 26 anos venceu a cubana Yurisel Laborde com um yuko a sete segundos do fim.
"A medalha vai mudar a minha vida, principalmente no lado pessoal, que não andava muito legal", disse a judoca, que desenhou um coração no ar ao vencer a luta. "Foi para as minhas quatro sobrinhas. Fiz o coração para elas, que são quem mais me dão força."
Revelação do judô nos anos 90, ela disputou sua primeira Olimpíada, em Atlanta-96, com apenas 19 anos, e foi bronze no Mundial de Paris, no ano seguinte.
Em seu Pan de estréia, em Winnipeg-99, ganhou a medalha de bronze, a última conquista antes de uma série de percalços.
Em 2000, apontada como favorita, não ganhou medalha na Olimpíada de Sydney. Na volta ao Brasil, sofreu uma artroscopia no joelho esquerdo. Um ano mais tarde, machucou-se no Mundial da Alemanha e rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo: foi de novo operada.
Para Sabino, 30, a vitória sobre o vice-olímpico foi o incentivo necessário para o Mundial de Osaka, em setembro. "Quero o ouro. Sabia que era difícil, mas todos são de carne e osso." Em fevereiro, ele perdera para o rival em etapa do circuito europeu na Hungria.
Os dois empataram ontem no tempo normal e foram para um desempate, no qual o que pontuasse primeiro levaria o ouro.
"Estou sentindo muitas dores, mas numa decisão de ouro não tem dedo quebrado. Tem de ter raça, muita vontade de vencer. Vou levar a medalha para o quartel, em Bauru, onde vamos fazer uma grande festa", disse Sabino, policial militar desde 1999.

Terceira medalha
O Brasil conquistou ainda ontem a medalha de bronze na categoria até 90 kg com Carlos Honorato. O atleta, vice-campeão olímpico em Sydney-2000, superou o argentino Diego Rossati. O resultado, porém, não o deixou satisfeito. "Fiquei abaixo do que eu poderia render no Pan. O mais difícil nessa final foi superar o aspecto psicológico da minha derrota na fase de classificação."
Hoje, os judocas Priscila Marques (mais de 78 kg) e Daniel Hernandes (mais de 100 kg) fazem hoje suas primeiras lutas. Em Winnipeg-99, Priscila foi bronze, e Hernandes obteve uma prata. (EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


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