São Paulo, quarta, 12 de agosto de 1998

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TÊNIS

Chega de saudade

THALES DE MENEZES

Fãs de tênis, pelo menos os que têm idade para isso, costumam ser nostálgicos. Grandes duelos das décadas passadas (Borg x McEnroe, Lendl x Becker, Ashe x Nastase...) fazem brilhar novamente os olhos de quem esteve lá para ver.
No último domingo, o australiano Patrick Rafter e o holandês Richard Krajicek fizeram a final do Torneio de Toronto, no Canadá. Mesmo bastante incomodado com uma bolha no pé, Rafter venceu por 7/6 e 6/4.
Mais do que o resultado, justo e previsível, é importante destacar as condições da partida.
Primeiro, os participantes. Dois tenistas altos e fortes, com saques poderosos (principalmente o holandês) e mentalidade agressiva. Pensam em matar o ponto pela via mais rápida. Na cabeça de cada um, fechar o game com quatro aces é o ideal.
Quanto ao desenvolvimento do jogo, foi bem disputado, com um lance ou outro criativo (quase sempre de Rafter, que tem muito mais recursos técnicos do que o rival).
Não vai entrar para a galeria dos confrontos antológicos do tênis, mas serve como exemplo perfeito do que pode ser o padrão dos grandes jogos do esporte na virada do século.
Hoje, a graça de uma partida não está mais na jogada sensacional, no golpe imprevisível que surpreende o adversário e o público. Tudo bem, às vezes ainda dá para ver algum desses, mas já ganhou status de um "brinde" para a torcida.
O espectador vê golpes óbvios, mas executados com eficiência suficiente para impedir a resposta do rival. Esse é o ponto.
Antes, o fã dizia coisas como "Uau! Como é que o cara pensou numa jogada dessas?". Hoje, o comentário mudou para "Uau! Como é que o cara executou uma jogada dessas?".
Os saudosistas podem chiar, mas o componente de desafio ainda está aí. Viva Rafter, Ríos e os ídolos da molecada. É um festival de pancadas, mas é o melhor tênis que existe por aí.

Por inércia
E Marcelo Ríos voltou ao topo mesmo sem jogar na semana passada. Andre Agassi parou Pete Sampras num jogaço em Toronto, na última sexta. Sampras perdeu um caminhão de pontos e, junto, o primeiro lugar no ranking da ATP. Do jeito que está a coisa entre os "top ten", quem acabar faturando o US Open tem boas chances de terminar a temporada no topo da tabela.

Sem comando
Na mesma semana da retomada do primeiro posto do ranking, Ríos anuncia que dispensou o técnico Larry Stefanski. Não foi a primeira briga. Orientador do garoto chileno desde os tempos de juvenil, Stefanski não suportou o humor instável de "Chino". Convencido pelo pai do tenista, voltou a treiná-lo tempos depois, sendo em boa parte responsável pela ascensão de Ríos. Agora, novo rompimento, não explicado. Realmente, treinar jogador latino é fogo.



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