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AUTOMOBILISMO
Em 2004, corrida será a última do calendário da F-1, a uma semana do 2º turno de eleição em São Paulo
GP Brasil muda e pode virar "festa política"
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONZA
O GP Brasil de 2004 será diferente. Na data, na importância
para o campeonato, no peso para
a vida econômica de São Paulo.
Mais do que tudo isso, estará
carregado de conotação política.
A FIA, entidade máxima do automobilismo, anunciou ontem,
em Monza, pista que recebe hoje
os primeiros treinos para o GP da
Itália, o calendário da F-1 de 2004.
Pela primeira vez em seus 32 anos
na categoria, o Brasil vai fechar a
temporada, em 24 de outubro.
A corrida sempre foi no primeiro quadrimestre. A mudança foi
bem recebida pela Prefeitura de
São Paulo. Coincidência ou não, a
corrida ocorre entre o primeiro e
o segundo turnos das eleições
municipais, se o pleito precisar de
duas etapas. Seria então um acontecimento político. O GP do PT.
"Vai ser uma festa política. Um
belo palco para a Marta, que abrirá a possibilidade para que o
evento cresça", disse à Folha Tamas Rohonyi, promotor do GP.
Ele revelou que voltará a convidar Lula para entregar o troféu ao
vencedor -neste ano, o presidente não pôde comparecer e foi
substituído pela prefeita.
Virtual candidata à reeleição em
2004, Marta Suplicy teria, em Interlagos, uma boa vitrine a uma
semana do segundo turno, que,
caso aconteça, será no dia 31 -o
primeiro turno é em 3 de outubro.
"A visibilidade pode ser positiva
ou negativa, caso ocorra algum
problema. Mas, nos últimos anos,
não tivemos grandes incidentes",
diz Júlio César Portela Lima, diretor do autódromo de Interlagos.
Pela legislação eleitoral, a prefeita não pode inaugurar obra até
três meses antes da eleição. E, de
acordo com a Constituição, não
pode fazer publicidade que implique promoção pessoal. Caso algum partido se sinta prejudicado,
poderá entrar com representação
no Tribunal Regional Eleitoral.
O pedido pela mudança de data
foi feito pela própria prefeita e pela secretária municipal de Esporte, Nádia Campeão. Elas jantaram
com Bernie Ecclestone, homem
que comanda comercialmente a
F-1, às vésperas do último GP Brasil, em abril. "Elas disseram para o
senhor Ecclestone que é sempre
muito difícil organizar a corrida
no começo do ano, e ele prometeu
que ia pensar", afirmou Rohonyi.
Procurada pela Folha para comentar o assunto, Nádia Campeão não foi localizada ontem.
Oficialmente, foram três os motivos para o pedido da prefeitura.
Primeiro, escapar da concorrência de Carnaval, Dia das Mães
e Páscoa. Depois, fugir das "chuvas de março", que transformaram a prova deste ano num caos.
O terceiro motivo é ganhar tempo para as reformas no autódromo. A verba para a prova é liberada em janeiro e, por causa disso,
as obras em Interlagos só são finalizadas dias antes do GP.
Pelo lado promocional, Rohonyi acredita que a mudança será
benéfica. "Se o campeonato for
disputado como neste ano, podemos esperar um aumento de 20%
no dinheiro que vai circular na cidade nos dias do evento", disse.
Não será a primeira vez que um
prefeito pode usar a F-1 para fazer
política. Em 1990, Luiza Erundina
trouxe a prova de volta a São Paulo e buscou capitalizar com isso.
Paulo Maluf e Celso Pitta utilizaram o GP para aparecer. Mas
nunca tiveram uma chance como
a que Marta terá no ano que vem.
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