São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2007

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Corinthians será alvo de 2 inquéritos

Ministério Público Federal vai requisitar à PF investigação sobre suborno a fiscal e pagamentos de atletas fora do país

Dirigentes do clube, réus em processo por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, podem agora ser acusados de novos crimes

Fernando Santos/Folha Imagem
O volante Rafael Fefo, que não está inscrito na Copa Sul-Americana mas treinou como titular


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal vai requisitar à Polícia Federal a instauração de inquérito criminal para investigar a negociação de um suborno a fiscal da Receita Federal por dirigentes corintianos e também a suspeita de pagamento de atletas do clube fora do país.
Os dois casos constam nas interceptações telefônicas feitas pela PF durante a investigação da parceria do clube com a MSI.
Os procuradores da República entendem que esses casos, que não entraram no processo criminal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, aberto na 6ª Vara Criminal Federal, merecem investigação à parte e devem se transformar em duas novas denúncias.
O primeiro mostra negociações entre o presidente corintiano Alberto Dualib, o vice Nesi Curi e o ex-controlador financeiro Marcos Roberto Fernandes para viabilizar o pagamento de R$ 150 mil ao auditor da Receita Federal Manoel Reinaldo Manzano Martins.
Os diálogos foram travados entre janeiro e março deste ano. No dia 13 de março, segundo as transcrições, Dualib pergunta a Marcos se "não faltam R$ 75 mil", e Fernandes "se corrige e diz que sim", pois Dualib "fechou em R$ 150 mil". Fernandes diz que primeiro "deu R$ 25 mil, depois levou R$ 50 mil e faltavam R$ 75 mil". O controlador diz que "ele [Manzano] está louco atrás de dinheiro e fica ligando."
Em várias conversas com os corintianos, Manzano mostra estar aparentemente negociando para uma terceira pessoa, que identifica como "menino".
Segundo relatório da PF, "os diálogos são bastante explícitos e não deixam dúvidas de que, após fiscalização da Receita nas contas do Corinthians, o fiscal Manoel Manzano ao invés de lavrar a autuação solicita vantagem indevida e é atendido".
A superintendência da Receita Federal disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que tomou ciência do caso e que está investigando todos os aspectos fiscais e funcionais.
Segundo a Folha apurou, Manzano não fazia parte da equipe de fiscais designados para fiscalizar o Corinthians. Até maio deste ano, ele foi assistente do gabinete na Secretaria da Receita. Este cargo não permite que ele faça autuações em clubes. Atualmente, Manzano está no DEAIN (Delegacia de Assuntos Internacionais).
A Folha não localizou Manzano nem Fernandes para comentar o assunto. O advogado de Dualib e Curi, José Luiz Toloza Costa, informou que não discutiu o caso com os dois.
"Eu os defendo apenas no processo da 6ª Vara Criminal Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha."
Além do caso de suborno, a Procuradoria investiga suposto crime de evasão de divisas e sonegação fiscal. Diálogo entre Cilson Fischer e Paulo Angioni, da MSI, fala sobre transferência de dinheiro do Bradesco (em Nova York) para o Itaú (Nova York), o que irá atrasar pagamento dos direitos de imagem dos atletas. Angioni pergunta que dinheiro é esse e Fischer diz que é do meia Ricardinho (US$ 1,2 milhão).
Fischer não foi localizados. Angioni disse em depoimento à Justiça que suas atividades se concentravam na gerência de futebol. Segundo a PF, aparentemente alguns jogadores recebiam parte do salário no Brasil e outra, maior, no exterior. Ricardinho nega que tenha recebido em bancos fora do país.


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