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Crise no país motiva seleção da Bolívia
Técnico diz que jogadores entraram em campo no Rio preocupados com a família e com vontade de dar alegria ao povo
Por não concordarem com a cobrança de impostos, uma das bandeiras do presidente Evo Morales, atletas de futebol já decretaram greve
DO ENVIADO AO RIO
A euforia pelo primeiro ponto somado fora de casa nestas
eliminatórias não foi capaz de
apagar o que acontecia em casa.
Momentos depois do empate
de sua seleção contra o Brasil
no Engenhão, no Rio, o técnico
da Bolívia, Erwin Sanchez, falou à Folha sobre a caótica situação enfrentada por seu país.
"A situação é muito grave.
Fecharam aeroportos. Não sabemos se isso pode afetar nossa
viagem", falou o treinador, que
contou que o sentimento de
preocupação com a situação do
país era comum a todos os jogadores antes da partida.
"Temos nossos familiares lá.
É claro que estamos preocupados com o que acontece em
nosso país", falou o treinador.
Sanchez reconheceu que o
clima de quase guerra civil que
abate a Bolívia serviu como impulso para sua equipe na partida contra o Brasil -o time acumulava antes quatro derrotas
em quatro jogos como visitante
nas eliminatórias para a Copa.
"Em um momento como esse, se você consegue levar alegria para o povo, é algo importante", afirmou o treinador, um
dos melhores jogadores da história de seu país, tanto que tinha o apelido de Platini, em homenagem ao craque francês,
atualmente cartola.
Ao final da partida contra o
Brasil, os bolivianos comemoraram de forma emocionada,
com todos os jogadores no centro do campo, e foram aplaudidos também pela torcida.
O calendário das eliminatórias acabou ajudando a evitar
que a crise boliviana invadisse
também o futebol das eliminatórias da Copa de 2010.
Antes da partida contra o
Brasil, no sábado passado, a
Bolívia também havia jogado
fora de casa -contra o Equador, em Quito. Isso era justamente o que mandava a tabela.
Se houvesse partidas marcadas
para La Paz, os adversários sul-americanos poderiam reclamar da falta de segurança.
A seleção boliviana não foge
da crise que assola o país do
presidente Evo Morales. Por
discordarem da cobrança de
impostos, uma das bandeiras
do presidente, os jogadores do
país, incluindo aqueles que defendem a seleção, já decretaram uma greve e ameaçaram
com outras uma semana antes
do jogo contra os brasileiros.
O líder da associação dos
atletas chegou a ser vice-ministro dos Esportes do governo
Morales, mas saiu atirando
contra o presidente por considerar que os projetos de sua
pasta acabaram não recebendo
atenção.
(PAULO COBOS)
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