São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Crise no país motiva seleção da Bolívia

Técnico diz que jogadores entraram em campo no Rio preocupados com a família e com vontade de dar alegria ao povo

Por não concordarem com a cobrança de impostos, uma das bandeiras do presidente Evo Morales, atletas de futebol já decretaram greve


DO ENVIADO AO RIO

A euforia pelo primeiro ponto somado fora de casa nestas eliminatórias não foi capaz de apagar o que acontecia em casa.
Momentos depois do empate de sua seleção contra o Brasil no Engenhão, no Rio, o técnico da Bolívia, Erwin Sanchez, falou à Folha sobre a caótica situação enfrentada por seu país.
"A situação é muito grave. Fecharam aeroportos. Não sabemos se isso pode afetar nossa viagem", falou o treinador, que contou que o sentimento de preocupação com a situação do país era comum a todos os jogadores antes da partida.
"Temos nossos familiares lá. É claro que estamos preocupados com o que acontece em nosso país", falou o treinador.
Sanchez reconheceu que o clima de quase guerra civil que abate a Bolívia serviu como impulso para sua equipe na partida contra o Brasil -o time acumulava antes quatro derrotas em quatro jogos como visitante nas eliminatórias para a Copa.
"Em um momento como esse, se você consegue levar alegria para o povo, é algo importante", afirmou o treinador, um dos melhores jogadores da história de seu país, tanto que tinha o apelido de Platini, em homenagem ao craque francês, atualmente cartola.
Ao final da partida contra o Brasil, os bolivianos comemoraram de forma emocionada, com todos os jogadores no centro do campo, e foram aplaudidos também pela torcida.
O calendário das eliminatórias acabou ajudando a evitar que a crise boliviana invadisse também o futebol das eliminatórias da Copa de 2010.
Antes da partida contra o Brasil, no sábado passado, a Bolívia também havia jogado fora de casa -contra o Equador, em Quito. Isso era justamente o que mandava a tabela. Se houvesse partidas marcadas para La Paz, os adversários sul-americanos poderiam reclamar da falta de segurança.
A seleção boliviana não foge da crise que assola o país do presidente Evo Morales. Por discordarem da cobrança de impostos, uma das bandeiras do presidente, os jogadores do país, incluindo aqueles que defendem a seleção, já decretaram uma greve e ameaçaram com outras uma semana antes do jogo contra os brasileiros.
O líder da associação dos atletas chegou a ser vice-ministro dos Esportes do governo Morales, mas saiu atirando contra o presidente por considerar que os projetos de sua pasta acabaram não recebendo atenção. (PAULO COBOS)



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