São Paulo, domingo, 12 de setembro de 2010

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TOSTÃO

Olhar de crítico


O basquete, como o futebol, é esporte técnico, tático, de passes, dribles e incertezas


NAS DUAS ÚLTIMAS semanas, vi muito e aprendi algumas coisas sobre o basquete.
O mais difícil é saber se foi falta ou não, quando os gigantes sobem no garrafão. Deve ser mais fácil para o árbitro de futebol marcar faltas e pênaltis. Mesmo assim, eles erram demais. Os árbitros de futebol conhecem as regras, são honestos, mas não entendem de futebol.
Depois do futebol, o basquete é o esporte de que mais gosto. É um jogo também técnico, tático, de passes, dribles, contra-ataques, marcação por pressão e lances surpreendentes, embora aconteçam muito menos zebras do que no futebol.
Já o vôlei é essencialmente técnico e muito mais previsível.
O sonho dos treinadores é transformar o futebol em um jogo igual ao basquete, onde todos recuam, marcam e chegam ao ataque. Isso, às vezes, já acontece. Apenas o centroavante fica mais à frente, mas ele tem também de marcar a saída de bola dos zagueiros. Um ótimo time precisa, em uma mesma partida, saber fazer tudo isso e também marcar por pressão, para tomar a bola mais perto do outro gol.
Os treinadores de basquete e de vôlei são muito mais decisivos do que os de futebol. Eles atuam a todo instante, com orientações durante a partida e nos pedidos de tempo.
O basquete é um jogo ainda mais tático do que o futebol. No entanto, treinadores de futebol, na média, são mais valorizados e badalados.
Volto ao basquete. Gosto e aprendo com os comentários de Wlamir Marques, da ESPN Brasil, o melhor jogador brasileiro de basquete que já vi atuar. Suas análises de lances são claras, precisas e didáticas. No futebol, Júnior é o que melhor analisa as jogadas. Wlamir é também independente, elogia e critica, sem constrangimentos.
Isso não significa que todos os ex-atletas, mesmo os que foram craques, sejam bons comentaristas.
Da mesma forma, há excelentes comentaristas que nunca foram atletas. É preciso ainda separar o analista de jogo do jornalista. Algumas vezes, os dois se juntam em um só.
Ex-atletas precisam ser avaliados em suas atuais atividades pelo que fazem e não apenas pelo que fizeram.
Não se deve confundir ótimos comentaristas que foram atletas, como Wlamir Marques, com ex-jogadores que não têm preparo para o novo cargo, com os que são excessivamente condescendentes, com os que acham que tudo era melhor em outras épocas nem com os que não descolam seu passado do presente, o ex-atleta famoso do atual cidadão.


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